Quarteto
retorna ao ABC paulista promovendo seu novo álbum In Love With Hatred após anos
sem se apresentar na região
Texto
e fotos: João Messias Jr.
Genocídio João Messias Jr. |
Engraçado
como são as coisas, assim como o Vulcano, fiquei praticamente 20 anos sem poder
vê-los ao vivo e depois desse tabu quebrado consegui assistir a banda mais uma vez
num curto espaço de tempo. E assim como no ícone do metal santista, o mesmo
ocorreu com o Genocídio, com mais uma (feliz) coincidência, com a banda no
ápice de sua musicalidade e criatividade, que podemos ouvir no seu novo
trabalho, o álbum In Love With Hatred, lançado em 2013.
O
local da apresentação foi o Lollapalooza, que há pouco tempo abriu “pra valer”o
espaço para música autoral e nesta noite foi o palco deste ícone da música
pesada nacional, que já possui quase três décadas de luta na cena.
Midnightmare João Messias Jr. |
Antes
da banda principal, o evento contou com as bandas locais Falange e
Midnightmare. E foi a última que deu o pontapé inicial aos shows, ás 19h30. Com
13 anos de estrada, Simone (baixo e voz), Kedley Moraes (guitarra) e Quércia
(bateria, também Arthanus) fazem a promoção de seu primeiro CD, Death Is the
Only Salvation, lançado no mês passado, que como o nome sugere, mescla o death,
thrash com algo do doom metal. Do citado trabalho a banda mandou Chaos, dona de
passagens thrash melodiosas, a faixa-título, que nos remete ao death metal
praticado na Flórida e vocais que se fundem em limpos/berrados e a direta Final
Conflict. Vamos torcer para que os caras continuem produzindo sons e expandindo
sua música para todos os cantos.
Falange João Messias Jr. |
A
segunda banda da noite foi o Falange. Adeptos do thrash oitentista, mas sem
cair nos clichês do estilo.
Dona de bons riffs (que privilegiam o peso ao invés da velocidade) e vocais que caem para o crossover
(alguém gritou Kurt Brecht?) é a ideia que a trupe formada por Luciano
Piagentini (voz), Ivan (guitarra), Marcelo (baixo e backing vocal) e Paulo
(bateria) mandaram um set energético, com destaque para Fuck Your Play (80 na veia),
Fogueira, Humano Débil Mental (que aponta uma vertente mais trabalhada) e a crossover Madness, que encerrou a curta
apresentação, que teve menos de meia hora.
Genocídio João Messias Jr. |
Já
eram 21h30 quando teve início o grande momento da noite. Murillo Leite
(guitarra e voz), Rafael Orsi (guitarra e backing vocals), Wanderley Perna
(baixo) e João Gobo (bateria), com uma bandeira da cidade de Santo André, iniciaram seu set com Kill Brazil, do In Love
With Hatred. Vale dizer que o atual trabalho não deve nada aos mais antigos e
consegue figurar entre os melhores já lançados pela banda, principalmente pelo
talento dos novos integrantes e o equilíbrio do clima soturno e das melodias.
Mas ficava a pergunta: e as músicas antigas?
Bem,
Cloister, do Posthumous colocou um ponto final nas dúvidas e eventuais
desconfianças, pois mandaram muito bem, assim como Numbness Sunshine, de
Hoctaedron. A faixa-título e Passion and Pride, do novo disco mostrou que
apesar dos clássicos, o presente momento vivido pelo Genocídio tem tudo para
angariar fãs e fazer história, graças ao climas melancólicos (quase doom). Come
to the Sabbath (Mercyful Fate) foi outro momento mágico, que emocionou o
pessoal que estava na frente do palco. Eu queria que o mestre King Diamond
tivesse a oportunidade de ouvir essa versão.The Clan, do álbum de mesmo nome e
Up Roar apontavam que o show estava no fim, que infelizmente se teve seu final
com a clássica The Grave, do seu primeiro EP.
Uma
ótima noite, que além das apresentações acima de qualquer suspeita, foi legal
para rever os amigos, mas infelizmente com um público decepcionante. Eu não sei
o que se passa na cabeça do dito headbanger. Não são todos, mas que em sua
maioria prefere se esconder em nicknames e reclamar que a cena é uma merda, que
a mesma é infestada por falsos, mas que em nenhum instante faz nada para
reverter a situação. Uma pena (para eles) e mais um momento de felicidade e
conquista para aqueles que fazem algo de verdade por aquilo que acredita.
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