7 de abril de 2014

GENOCÍDIO: UMA APRESENTAÇÃO MARCADA PELA MELANCOLIA E AGRESSIVIDADE

Quarteto retorna ao ABC paulista promovendo seu novo álbum In Love With Hatred após anos sem se apresentar na região

Texto e fotos: João Messias Jr.

Genocídio
João Messias Jr.
Engraçado como são as coisas, assim como o Vulcano, fiquei praticamente 20 anos sem poder vê-los ao vivo e depois desse tabu quebrado consegui assistir a banda mais uma vez num curto espaço de tempo. E assim como no ícone do metal santista, o mesmo ocorreu com o Genocídio, com mais uma (feliz) coincidência, com a banda no ápice de sua musicalidade e criatividade, que podemos ouvir no seu novo trabalho, o álbum In Love With Hatred, lançado em 2013.

O local da apresentação foi o Lollapalooza, que há pouco tempo abriu “pra valer”o espaço para música autoral e nesta noite foi o palco deste ícone da música pesada nacional, que já possui quase três décadas de luta na cena.

Midnightmare
João Messias Jr.
Antes da banda principal, o evento contou com as bandas locais Falange e Midnightmare. E foi a última que deu o pontapé inicial aos shows, ás 19h30. Com 13 anos de estrada, Simone (baixo e voz), Kedley Moraes (guitarra) e Quércia (bateria, também Arthanus) fazem a promoção de seu primeiro CD, Death Is the Only Salvation, lançado no mês passado, que como o nome sugere, mescla o death, thrash com algo do doom metal. Do citado trabalho a banda mandou Chaos, dona de passagens thrash melodiosas, a faixa-título, que nos remete ao death metal praticado na Flórida e vocais que se fundem em limpos/berrados e a direta Final Conflict. Vamos torcer para que os caras continuem produzindo sons e expandindo sua música para todos os cantos.

Falange
João Messias Jr.
A segunda banda da noite foi o Falange. Adeptos do thrash oitentista, mas sem cair nos clichês do estilo. 
Dona de bons riffs (que privilegiam o peso ao invés da velocidade) e vocais que caem para o crossover (alguém gritou Kurt Brecht?) é a ideia que a trupe formada por Luciano Piagentini (voz), Ivan (guitarra), Marcelo (baixo e backing vocal) e Paulo (bateria) mandaram um set energético, com destaque para Fuck Your Play (80 na veia), Fogueira, Humano Débil Mental (que aponta uma vertente mais trabalhada) e a crossover Madness, que encerrou a curta apresentação, que teve menos de meia hora.


Genocídio
João Messias Jr.
Já eram 21h30  quando teve início o grande momento da noite. Murillo Leite (guitarra e voz), Rafael Orsi (guitarra e backing vocals), Wanderley Perna (baixo) e João Gobo (bateria), com uma bandeira da cidade de Santo André, iniciaram seu set com Kill Brazil, do In Love With Hatred. Vale dizer que o atual trabalho não deve nada aos mais antigos e consegue figurar entre os melhores já lançados pela banda, principalmente pelo talento dos novos integrantes e o equilíbrio do clima soturno e das melodias. Mas ficava a pergunta: e as músicas antigas?

Bem, Cloister, do Posthumous colocou um ponto final nas dúvidas e eventuais desconfianças, pois mandaram muito bem, assim como Numbness Sunshine, de Hoctaedron. A faixa-título e Passion and Pride, do novo disco mostrou que apesar dos clássicos, o presente momento vivido pelo Genocídio tem tudo para angariar fãs e fazer história, graças ao climas melancólicos (quase doom). Come to the Sabbath (Mercyful Fate) foi outro momento mágico, que emocionou o pessoal que estava na frente do palco. Eu queria que o mestre King Diamond tivesse a oportunidade de ouvir essa versão.The Clan, do álbum de mesmo nome e Up Roar apontavam que o show estava no fim, que infelizmente se teve seu final com a clássica The Grave, do seu primeiro EP.

Uma ótima noite, que além das apresentações acima de qualquer suspeita, foi legal para rever os amigos, mas infelizmente com um público decepcionante. Eu não sei o que se passa na cabeça do dito headbanger. Não são todos, mas que em sua maioria prefere se esconder em nicknames e reclamar que a cena é uma merda, que a mesma é infestada por falsos, mas que em nenhum instante faz nada para reverter a situação. Uma pena (para eles) e mais um momento de felicidade e conquista para aqueles que fazem algo de verdade por aquilo que acredita.

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