30 de abril de 2020

CONTÁGIO DO BEM

Veteranos retornam com pacote completo: shows memoráveis e um belo CD

Por João Messias Jr.

Contágio
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Esquecerei por muitas coisas nessa vida, mas o dia 14/3/2020 ficará marcado na minha vida (e na de muitos também) como o último rolê antes da pandemia, cuja saidera foi um show da banda Virus. Após quase sessenta dias de reclusão aos eventos, pois continuo trabalhando normalmente, era justo e merecido que o grupo formado atualmente por Flavio Ferb (vocal), Fernando Piu e Renato RT (guitarras), Guilherme Boschi (baixo)e Lucio del Ciello (bateria) mereciam uma menção aqui: afinal se o último rolê que fiz foi de uma banda chamada Virus...

... Para aqueles que não conhecem a história da banda, o Virus foi um grupo que surgiu na década de 1980, tendo participado da antológica coletânea SP Metal, ressurgindo muitos anos depois com muitos shows e um novo capitulo em sua carreira com o seu merecido debut, curiosamente chamado Contágio.

Sabiamente, o quinteto soube trazer o espirito oitentista para os tempos atuais, sem aquele ranço oitentista, mostrando personalidade, evolução, além de evidenciar veteranos com pique de iniciantes. 

Basta pegar pra ouvir músicas como Sacrificio e Matthew Hopkins, ambas voltadas para o metal tradicional e cheias de energia. Outro destaque fica por conta de Sinos Negros, que possui uma levada épica que casou bem com a pancadaria do som.

Mas (sempre tem né), os ápices desse belo trabalho ficam por conta de Povo do Céu e Metal Pesado, que além de ser mesclada ao hard e ao heavy/rock, possuem aquela levada pra cantar junto, em especial a última, que nem podemos chamar apenas de música, mas um hino para todos nós que de certa forma, lutamos para manter essa vibe viva nos nossos corações.

Junto as ótimas canções, temos um acabamento gráfico de primeira (que encarte fantástico), com fotos no estilo dos discos lançados pela Woodstock aqui nos anos 80, com imagens do presente e passado.

Agora é torcer para que essa situação melhore e possamos celebrar vendo nossas bandas favoritas numa celebração que todos possam vibrar e se esgoelar: nos palcos!



28 de abril de 2020

O MÚSICO CRISTÃO E NÃO CRISTÃO EM ÉPOCA DE PANDEMIA

Entrevistamos músicos de opiniões contrárias a respeito de religião com o propósito de entender este momento de reflexão que estamos vivendo e como eles enxergam tudo isso.
Como os dois são músicos, o cenário é o mesmo. Não há eventos em lugares públicos, porém ambos continuam produzindo em seus estúdios e tomando as medidas estabelecidas pela OMS.
Percebemos que a natureza é maravilhosa e que o homem é o grande responsável por deixa la doente.
Por Renata Pen
Tony Dolan
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O nosso primeiro convidado foi Tony Dolan da banda de Black Metal Venon Inc., em suas músicas ele aborda assuntos como morte, luxuria e satanismo. 
A pergunta feita aos dois convidados foi:
Percebemos que a natureza e o meio ambiente ficaram bem melhores sem a presença do homem nestes dias de quarentena. É Deus nos enviando uma mensagem?
Tony Dolan: Eu acredito que isso é algo positivo, redução da poluição, a agua está mais limpa e clara, a camada de ozônio menos afetada e a vida selvagem se recuperando.
Eu não acredito em Deus, então não tenho nada pra falar sobre isso.
O segundo convidado é o cantor PG. O cantor teve seu amor revelado logo na infância juntamente com o futebol.
Na adolescência ele enfrentou alguns problemas familiares em relação ao álcool que o fez se desviar para caminhos tortuosos.
Em 92 a música entrou em sua vida, pelo convite do seu primo para trabalhar na loja de disco dele em SP. Foi então que ele fez a união da música com Deus. Ao ir em um show de rock com seu primo conheceu a palavra através do rok and roll. E hoje ele desempenha papéis que no início nem se passava na mente.
PG
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PG: Eu não acredito que Deus esteja enviando uma mensagem porque ele é a própria mensagem, então o tempo todo ele está falando com a gente. O que nós precisamos aprender é ouvir a voz dele. A Bíblia fala no salmo 150, que é o que eu creio pois sou cristão e tenho essa liberdade pra falar sobre isso, então lá no salmo, verso 6 fala que “todo ser que respira, louve ao Senhor” e não é todo ser humano e sim todo ser que na terra habita. Sendo assim, tudo que fizermos, se temos entendimento que ele existe e que ele é o grande orquestrador e fundador de todo o universo, antes e sempre será. Cada mensagem que vemos é a mão de Deus na natureza, é muito nítido hoje a gente vê um céu muito mais estrelado, um céu muito mais limpo e um ar mais puro, mas isso não é uma mensagem de Deus porque ele já havia falado para a gente cuidar daquilo que temos, cuidar da natureza, das nossas vidas através da terra, então o ser humano entendeu que a gente não precisa de uma pandemia, um desespero e um caos no mundo pra gente cuidar do mundo. Até mesmo porque a gente tá cuidando dele de uma forma obrigatória. Eu quero ver é depois, a gente pode continuar a ver um céu cheio de estrelas e continuar a ter um ar mais puro se a gente se reorganizar e ter uma vida mais verdadeira, mais simples e mais autentica. É assim que eu vejo!


"Sou uma pessoa muito criativa e estou sempre em busca de pautas e desafios. O mundo da música é onde me encontro e me idenfifico com o todo. Espero poder escrever esta história juntamente com as pessoas que me envolvo nesta tribo de headbangers." Renata Pen

26 de abril de 2020

NA PARTE DE CIMA DA CURVA

Após discos duvidosos, canadenses lançam seu melhor trabalho em anos

Por João Messias Jr.

Ballistic, Sadistic
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Ah, o Annihilator, banda de talento que só não conseguiu mais por um simples motivo: a irregularidade entre seus trabalhos. Só para citar alguns momentos: o a mudança de direcionamento em Set the World on Fire (1993), o estranho Remains (1997) e a saída do então vocalista Dave Padden.

Seja lá quais forem os motivos, a verdade é que o Annihilator nunca conseguiu um lugar ao lado de bandas como Testament, Exodus e Death Angel. Porém, como dizem que todos temos uma segunda chance na vida, o quarteto liderado pelo incansável guitarrista Jeff Waters ganha uma nova chance de brilhar com Ballistic, Sadistic.

Lançado em janeiro de 2020, lançado inclusive em território nacional pela Hellion, Jeff e seus asseclas fizeram uma espécie de coletânea musical, agregando elementos do thrash/speed/heavy, com uma caída rock and roll, que somada ao talento de Waters (indiscutivelmente um dos melhores do estilo), fizeram um disco feito pra bater cabeça e obviamente ter orgulho de tê-lo na coleção.

Os primeiros singles, Armed to the Teeth e Psycho Ward(ambas com uma delicionsa caída rock and roll), animam pra caramba, as temos muito mais aqui. A energética Dressed Up For Evil é um exemplo, assim como a pesadíssima Riot e a veloz Out With the Garbage são algumas amostras do poder bélico desse disco, que embora não faça frente ao clássico Never, Neverland (1990), passa na frente de muita coisa que a banda lançou nos anos 2000.

Outro aspecto positivo é a interpretação segura de Waters nos vocais, embora em alguns momentos ele lembre o nosso Silvano Aguilera (Woslom), mas as vozes caem como uma luva no som da banda.

Enfim, tudo funcionando em harmonia, embalado por uma excelente produção, um ótimo projeto gráfico, tudo bem centrado para um álbum que merece brilhar.

Sinceramente, espero que Ballistic, Sadistic seja um recomeço para os caras, que engrenem uma série de álbuns consistentes, pois, apesar das pisadas na bola, o Annihilator (e Waters) fazem por merecer uma sorte melhor, pois o que temos de banda sem sal hoje que possui mais visibilidade que os caras...

Veja o vídeo de Armed to the Teeth: 

24 de abril de 2020

PAIXÃO, DEVOÇÃO E QUALIDADE

Tributo ao metal nacional oitentista que ganha os ouvintes feito com amor e devoção é a receita do trio

Por João Messias Jr.

É o seguinte: não importa o estilo musical que a banda adote, se não houver paixão, o grupo pode pensar em fazer outra coisa, pois sem esse elemento, o investimento será perdido e com certeza serão uma gota nesse oceano chamado rock and roll.

Justamente quando estava pensando nisso, o brother Fernando Cabral (Under Metal Produções) me passou essa banda, que soube divinamente unir o melhor dos dois mundos: tocar com paixão e de forma bem concisa e gravada.

Leo Felipe (vocal/guitarra), Victor Laudelino (baixo/bateria) e Almir Sousa (guitarra) fazem uma mescla de metal tradicional e speed, que soa irresistível aos olhos e ouvidos. Só por terem citados bandas como Metalmania, Comando Etílico e Azul Limão na faixa título merecem elogios.

Só que temos muito mais aqui. Ceifador é dona de uma veia hard irresistível, enquanto Contra Ataque tem agudos sensacionais, que faz o ouvinte se esgoelar junto. Fora que, em todo o disquinho, a vontade de bangear e fazer "air guitar" é imensa.

Ainda não se convenceu? Ouça Dias de Sangue e tente ficar com os braços parados. Sem tempo para respiro, Correndo nas Veias (Heavy Metal) possui uma linha de voz pra lá de grudenta que te faz procurar um encarte que no momento você não tem. A única ressalva fica para um instrumental desnecessário que rola após o último som, a estonteante Guerreiros do Heavy Metal. Com sons tão uniformes e poderosos, poderiam ter deixado esse "outro" de fora.

Mas falando do que temos de bom aqui, aliado às excelentes canções, temos uma produção soberba, cujo som foi captado pelo próprio grupo e mixado e masterizado por Mad Ferreira. E cá entre nós, que capa foda, que além de citar bandas renomadas de nossa cena, mostra da melhor forma possível a entrada do então garoto no mundo headbanger.

Junto com o Eye in Hell (Vulcano) é o melhor álbum nacional lançado até agora...e estamos em abril ainda. Pelo que vejo teremos mais uma vez aquele processo "saudável" de fazer as listinhas de melhores do ano. Ainda bem!

16 de abril de 2020

QUANDO TE PERGUNTAREM DA COLÔMBIA...

Quinteto explora diversas vertentes do metal em álbum de estreia

Por João Messias Jr.

Primal Sinner
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Chega a ser chato dizer, mas as bandas de metal mais atuais, embora tenham a tecnologia e o respaldo de apresentar discos em excelência no sentido gravaçãp/produção/execução, pecam gravemente na falta de criatividade ou nos excessos de técnica e virtuosismo.

E, apesar desse panorama nada favorável, algumas vezes somos surpreendidos por uma galera que, ao mesmo tempo que apresenta sangue nos olhos na música, a preenche com muita beleza e sentimento, como é o caso do quinteto Primal Sinner.

Oriundo da improvável Colômbia (cite sem consultar o google bandas relevantes de lá), Dio López (vocal), Fabián Tejada e Jhon Tejada (guitarras), Freddie Zambrano (baixo) e Freddie Olave transitam pelo power metal, tradicional e prog, fazendo de Dying Like the Sun in the West, um álbum agradável de ouvir.

Parte disso se deve aos músicos pra lá de competentes, que unem técnica e um bom gosto pra lá de apurado, fazendo canções excelentes. Red Horn Calls é recheada de referências hard rock, enquanto The Stage is Waiting é daquelas canções feitas para os shows, pois é energia pura. Rage for Freedom tem um início meio prog, mas se destaca pelo ótimo trabalho de guitarras e vocais carregados de malícia. 

Let Rock be Heard agradará os fãs de Stratovarius e Helloween enquanto Opus One, com seus solos velozes e climas progressivos,  coroa esse belo trabalho de estreia dos caras.

E a galera não se preocupou apenas com o "recheio" do disco, pois para a a "embalagem" não foram medidos esforços. A produção é assinada por Jens Borgren (Sepultura, Angra), a masterização foi feita por Bob Katz e a arte pelo polonês Igor Morski, mostra, ou melhor, evidencia que a galera não está pra brincadeira.

Agora sim, quando perguntarem ao amigo headbanger sobre o metal na Colômbia, pode-se responder com gosto (e letras garrafais): PRIMAL SINNER, que apesar do nome, nada tem a ver com as consagradas Primal Fear e Sinner.

7 de abril de 2020

MODERNOS E CRIATIVOS

Duo paulista lança modernidade ao metal tradicional em seu primeiro álbum

Por João Messias Jr.

Scream¹
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A vida é feita de mudanças. Isso me fez lembrar meus primeiros anos curtindo metal, mais precisamente em 1992, época em que o Iron Maiden lançava o álbum Fear of the Dark, que descambou numa tour que passou por vários países do globo terrestre, inclusive o Brasil. Também foi marcado como o último trabalho com Bruce Dickinson no posto de vocalista, que voltaria anos depois, mas isso é outra história.

O caso é que após deixar a Donzela de Ferro, o cantor trilhou diversos caminhos, até voltar para o som que o consagrou, o metal tradicional, só que de uma forma moderna, revigorada e até inédita, como pudemos ouvir e nos deliciar em Accident of a Birth (1997) e A Chemical Wedding (1998). 

Exatamente essa sensação é sentida ao ouvirmos Scream!, primeiro trabalho do duo formado por Welbe (vocal) e Raphael Gazal (demais instrumentos) são caras experientes e com vivência no metal e por mais que esperássemos algo de qualidade, fomos surpreendidos.

Sem abrir mão do metal tradicional que marcou suas carreiras, o álbum possui uma timbragem moderna, pesada, sem perder a essência e a elegância que consagrou formações como Maiden, Saxon e Judas Priest, fazendo desse álbum, uma audição obrigatória aos fãs do estilo.

Não vou citar as faixas pois o trabalho possui uniformidade e uma ótima qualidade sonora, além de uma capa muito bem sacada, onde se percebe que a rapaziada não ficou parada no tempo. 

A única coisa que deveriam repensar seria o nome. Não que não combine com a sonoridade/conceito, apenas pelo fato de termos muitas bandas com o mesmo nome.

E como eu disse na resenha anterior...que tal prestar atenção em quantas bandas legais temos no Brasil nesses tempos de quarentena?
https://www.youtube.com/watch?v=VH5hBZCpUsg

5 de abril de 2020

A DEVASTAÇÃO CONTINUA....MAIS IMPIEDOSA

Novo ataque de banda brasiliense mantém as raízes, porém mais aprimoradas e extremas

Por João Messias Jr.

Sick and Insane
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Esse post é recomendado para os fãs de thrash metal, em especial fãs de DRI, Nuclear Assault, Kreator e Sodom. Essa molecada do MOFO mostra que ouviram seus vinis e CDs até furarem e danificarem seus aparelhos. 

É importante dizer que Emiliano Gomes (vocal), Arthur Colonna e Rodrigo "Shakal" (guitarras), Pedro Dinis (baixo) e João Paulo "Mancha" (bateria) serem devotos das bandas citadas, não fazem aquele mais do mesmo, e acrescentam  aquele ingrediente essencial que diferencial as bandas comuns das excelentes: personalidade.

Em comparação ao primeiro EP, resenhado aqui no blog, a banda está bem mais trabalhada, sem esquecer da agressividade que marcou a sua sonoridade, ou seja, o que era bom ficou ainda melhor.

Ouça Let them Fall e a faixa que nomeia o álbum para que sintam a evolução dos caras, que mesclam no mesmo balaio energia, agressividade e coesão, uma mistura mortífera, que alegrará em cheio a turma que aprecia colete, calça apertada e tênis branco.

Mas o trampo não se resume a esses sons. Frank possui uma levada pra lá de contagiante, enquanto Purgatory é mais cadenciada e vocais mais guturais, porém um final arrebatador, que tem tudo para arrebentar pescoços.

Além do som, que possui uma ótima qualidade de gravação, possui uma capa de respeito, feita por Ricardo Bancalero (Venomous), que soube conectar o clima oitentista do grupo a algo mais contemporâneo.

Aliás, fica o recado: ao invés de causar em tempos de quarentena, que tal dar uma passeada pelas plataformas de música e sacar quantas bandas legais temos?

A ESPERANÇA VIVE

Gauchos mostram uma faceta mais pesada em novo trabalho

Por João Messias Jr.

Pieces of Tomorrow
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São seis anos de estrada, shows pela região sul do país, São Paulo e Argentina. O mais legal disso tudo é que não estamos falando de uma banda que faz metal extremo ou progressivo, mas sim uma formação que aposta no melodic rock, vertente pra lá de estabilizada na Europa e que de uns anos pra cá possui fãs pra lá de devotos no Brasil.

No quarto trabalho do grupo, que hoje conta com Rod Marenna (vocal), Alex Reck (guitarra), Bife (baixo), Artur Schavinsky (bateria) e Luks Diesel (teclado), percebemos sutis diferenças em relação aos trabalhos anteriores, que quem observar a capa, com tons mais escuros decifrará o enigma.

Apostando numa sonoridade mais pesada e densa, sem perder a qualidade dos arranjos e o clima grudento, o quinteto escreve mais um capítulo vitorioso em sua ainda curta história, pois o material é consistente e de potencial gigantesco, não apenas para fãs do estilo, mas de outras vertentes.

Um exemplo fica para a balada Break My Heart Again, que é puro hard rock, com vocalizações e climas pra lá de dramáticos (reforçado pelos pianos), além de uma sonoridade mais densa e encorpada. Já Getting Higher é daquelas músicas irresistíveis. É aquele som que você fica acompanhando (com ou sem as letras) até chegar o refrão para bradá-lo o mais alto possível. Junto ao clima "vamos juntos", é possível perceber climas de bandas como Godsmack e Stone Sour, que aqui foram pra lá de bem pensados.

Já a faixa que nomeia o trabalho, vem numa linha totalmente europeia, em especial formações como HEAT, WET e Eclipse, só que com uma linha mais encorpada e menos afetada que as bandas citadas, o que coroa este excelente trabalho, que nos faz ter orgulho do nosso país em termos de estilo. Afinal, estamos repletos de bandas maravilhosas dos mais variados estilos.

E, parafraseando um som músicas do quinteto montando uma frase: acreditar sempre nos nossos sonhos e na força do nosso coração, fazendo algo bom e sólido. Como esse EP, onde repito: que é de deixar orgulhoso o fã de música!

PASSANDO A MENSAGEM

Com influências diversas, quarteto catarinense explora em suas letras a insatisfação contra o governo e corrupção Por João Messias Jr. As pr...