28 de maio de 2020

ABSURDAMENTE PESADO

Gaúchos apostam no peso e melodias marcantes em primeiro full

Por João Messias Jr.

Human Decay
Divulgação
Não é novidade pra ninguém que o sul do país é uma das referências quando se fala no death metal. Krisiun, Rebaellium, Nephast, Horror Chamber e tantas outras representam o estilo com maestria, e arrisco dizer que colocam muitos nomes gringos com maior fama no bolso.

E é justamente da terra dos Pampas que vem mais um nome que deve encabeçar a lista de quem curte metal extremo: Dismembration, que já havia chamado a atenção com o EP Tribute to the Dead, de 2018.

Marcos Palma (vocal), Bodão Arte Nula (guitarra), Diego Souza (baixo) e Lucas Furquim (bateria) fazem um death metal diferenciado, usando elementos do thrash, doom e groove, fazendo um som bem solto e cativante. Pois desde os riffs, as levadas de bateria e as linhas vocais grudam na cabeça de forma quase imediata e isso acaba conquistando o ouvinte, como foram em outros tempos, período em que as bandas se preocupavam em fazer boas canções, não em exibir técnica absurda.

Essa impressão vem logo no início do trampo com Dolls Maker, uma levada mais lenta e cadenciada com riffs hipnóticos e linha vocal marcante. O mesmo vai para a seguinte, The Beast Já The Messenger of Death é mais thrash metal.

Demonic Sadist é aquela que te chama pra briga, graças ao seu clima lento, pesado e desesperador, Kill Or Be Killed possui um groove e levadas industriais que só enriqueceram a canção. The Nightmare Repeats coroa esse belo álbum. Como disse linhas acima e repito:  esses caras tiveram a preocupação de que cada som GRUDASSE na cuca do ouvinte, o que nos faz imaginar como deve ser um show do quarteto.

O carinho com os detalhes foi até para o projeto gráfico, pois o tom vermelho da capa faz dela um diferencial para as suas irmãs de estilo. Além da qualidade da gravação, que é primorosa e nos faz ouvir todos os instrumentos de forma clara e concisa!

Detalhes que fazem de Human Decay  essencial na discografia de um deathbanger.

22 de maio de 2020

EQUILIBRANDO AGRESSIVIDADE E MELODIA

Novo trabalho buscou combinar elementos agressivos e melódicos

Por João Messias Jr.

Oblivion Shall Burn
Divulgação
Depois da boa repercussão do debut, Towards Desolation (2017), a one man band capitaneada por Rhodz Costa (Heritage, Infected), aparece com o segundo álbum, Oblivion Shall Reign.  E ao colocarmos o disquinho pra rolar, notamos um salto evolutivo no trabalho. A proposta de unir death e thrash metal foi mantida, mas aqui o que era agressivo ganhou mais agressividade, só que combinado a bem vindas melodias, tornando o trabalho mais atraente musicalmente.

Contando com a participação do seu ex-companheiro de Heritage e Infected, Henrique Perestrelo nos solos, temos músicas bem feitas e bem sacadas como Grotesque Retribution e a sensacional O Violador de Sepulturas, que são um belo cartão de visitas do disquinho.

Mas não fica só nisso. Comedores de Carne Humana Podre é daquelas perfeitas para bater cabeça, enquanto My Morbid Thoughts com seu início melódico, que ganha um clima mais arrastado e assustador, coroa esse ótimo álbum

Outros aspectos positivos ficam para os vocais, que ganharam mais variedade em relação ao debut e mais uma vez a capa sensacional feita por Marcio Aranha, além do trabalho gráfico, que parece que foi feito para ser um vinil, desde as músicas separadas por lados na contra capa, de chamar a atenção.

Aí eu me pergunto: quando que a rapaziada vai sacar que são nas bandas underground que estão os verdadeiros tesouros da música pesada?

19 de maio de 2020

SEM ABRIR MÃO DA PEGADA

Trio do ABC paulista mantém sentimento old school em seu brutal death metal






Por João Messias Jr.


Inhumane Terror Cult
Divulgação
É natural com o passar dos anos, os estilos musicais recebam toques de refinamento e técnica, algo que, bem dosado, faz com que trabalhos sejam reconhecidos pela galera que não é simpatizante de determinadas vertentes musicais. Veja por exemplo o death metal, a evolução que o estilo teve. Desde os primórdios com Possessed e Master, passando pelos tempos atuais com Krisiun, Obskura e Death, fazendo com que o estilo não seja chamado de barulho.

Até agora disse o lado bom da coisa, pois se por um lado as bandas fizeram trabalhos melhores, há o lance em que tudo ficou bonitinho demais, muito bem executado milimetricamente e isso acabou deixando a maldade do estilo de lado, com álbuns perfeitos, mas sem alma alguma.

Felizmente temos a galera do Chaoslace, que mostra como manter a essência do estilo sem ser tosco ou clichê. Leandro Nunes (vocal/guitarra), Giovanni Fregnani (baixo, substituido por Rafael Montana) e Diogo Rodrigues fazem um mix da escola antiga e mais atual do death metal, mas com pegada, atitude e paixão, elementos que valem mais do que técnicas conquistadas em conservatórios de música, fazendo música feita pra bangear.

Alguns exemplos ficam por conta de Elimination e Anti-Religious Victory, que sintetizam bem a mistura praticada pelo trio. Outro exemplo fica para a brutal e trabalhada Curses Behind the Diabolic Shadows, essa é das antigas, e agora ganhou uma nova roupagem sem perder a aura dos primeiros dias.

Assim como o Necromesis, o Chaoslace é uma das bandas que me fizeram voltar a ativa cobrindo shows e eventos voltados ao underground. Nesses tempos de pandemia, lembro quando via os caras nos rolês e dizia: "Olha os Chaoslace aí".
Inhumane Terror Cult

17 de maio de 2020

AQUELE SENTIMENTO QUE BATE NO PEITO

Potiguares resgatam a proposta do metal feito no Brasil na década de 1980

Por João Messias Jr.

Heavy Metal Réu
Divulgação
Olha como são as coisas, assim como nos primeiros tempos do metal aqui em São Paulo, onde tudo era feito na base do romantismo e fita crepe, o Nordeste foi por muito tempo lembrado pela carência de bandas fodásticas e locais com estrutura.

Isso me fez lembrar a década de  a época das fitinhas, onde acabei conhecendo muitas bandas legais como Mercy Killing, Insanity, Blackness, Headhunter DC e Mystifier, todas hoje cultuadíssimas pelo mundo, deixando um legado vitorioso.

Só que a cena nordestina não só melhorou, mas se equipara aos grandes centros de metal no país, com festivais renomados mundialmente (Abril Pro Rock) e (claro), bandas de extremo respeito. Esses dias citei a Sinal de Ataque, da Paraíba e hoje temos mais uma banda que tem tudo para ser cultuada pelos bangers do país: o Comando Etílico.

Com quase duas décadas de estrada, o quarteto formado por Hervall Padilha (vocal), Lucas Praxedes (guitarra), David Praxedes (baixo) e Kleber Barbosa) pensou em todos os detalhes para fazer um álbum matador: olhem para a arte da capa, feita pelo vocalista, que assim como a do debut que leva o nome do grupo, de 2010, é daquelas que merece uma moldura na parede.

O trabalho de áudio/mix/master é digno de elogios, pois a gravação cristalina não tirou o peso e a pegada da banda, que "apenas" tratou de mandar ver nos sons. Ai é só por o pescoço pra chacoalhar em sons como Jonny Letal, a viciante Maldição, a épica Atlantida e a vibrante faixa que nomeia o disquinho. Mas dá pra ouvir o material todo numa boa e apresentar batendo no peito aquele sentimento de orgulho para os amigos!

Se eu tivesse ouvido esse álbum em 2019, com certeza estaria na minha lista de melhores do ano! Um puta disco de uma rapaziada que sabe das coisas. E se forem torcedores do ABC, ganharam mais um ponto comigo (risos)!

8 de maio de 2020

(R) EVOLUÇÃO GRIND

Duo brasileiro apresenta EP recheado de técnica, coesão e qualidade sonora 

Por João Messias Jr.

Quem que viveu intensamente a música extrema no final da década de 1980 em sã consciência poderia imaginar a evolução do grindcore, estilo que tem como um de seus álbuns mais emblemáticos, o clássico Scum, do Napalm Death, que apresentava músicas cruas, curtas, minimalistas, carentes de acordes, mas mesmo assim, fenomenais. 

Passados trinta e três anos desse trabalho, o estilo (assim como os estilos extremos em geral), evoluiu assombrosamente. Embora mantendo as características básicas como os vocais extremamente guturais e músicas curtas, o grind hoje apresenta técnica e coesão, que aliada a brutalidade peculiar, além de gerar bandas e músicas sensacionais, agrega a galera de outros estilos. 

Mas isso é assunto para outro dia, pois o assunto de hoje é a excelência de trampo apresentado pelo duo Goat Necropsy, que recentemente lançou seu primeiro EP, chamado Bloody and Fresh. Formado pelos experientes Vic Ferreira (vocal/bateria) e W. Johann (guitarra/baixo), os caras fazem um som que, embora tenha os quatro pés no grind, flerta livremente por outros estilos musicais, como o thrash e o death metal, fazendo deste trabalho uma obra prima, que não deve nada aos consagrados, NasumAborted e o já citado Napalm Death. 

Chopping Orgasms, faixa que abre o trabalho, dá a deixa do que escutaremos até o fim do EP, guitarras transitando entre o thrash/death/grind e vocais indo do gutural ao extremo, permeado por coesão e criatividade, o que bate aquela gana de ouvir mais e mais. 

A faixa seguinte, The Collector, apresenta andamentos lentos e bem quebrados, beirando o sludge. Já Anal Vomit se caracteriza pela velocidade e climas caóticos, enquanto Devoured by the Hounds, é bem trabalhada, sintetizando a evolução desse estilo, que hoje passa das três décadas de vida. 

Agora é aguardar os próximos passos do duo, que deixou uma excelente impressão nessa estreia! 

4 de maio de 2020

O MOMENTO É DELES

Suecos mantém o nível de qualidade em Aeromantic

Por João Messias Jr.

Aeromantic
Divulgação
Seguramente os suecos do The Night Flight Orchestra podem ser considerados como a maior revelação musical dos últimos anos. Apesar de não ser novidade o classic rock estar em evidência novamente, a verdade é que Bjorn Strid (vocal), David Andersson (guitarra, teclado), Sharlee D'Angelo (baixo), Jonas Kaalsback (bateria), Sebastian Forlund (guitarra, teclado, percussão), Anna Brygard e Anna Mia Bonde (backing vocals) fazem um som que embora entre nesse nicho, possuem uma sonoridade ÚNICA, que aos poucos foi sendo moldada e atingindo seu ápice  em Amber Galactic (2017).

Mais uma vez, esse novo álbum dos caras foi cercado de expectativa, ainda mais depois dos belos vídeos/singles para Divynyls, Transmission e Taurus. Aí entrou a questão: o que demais essa rapaziada vai mostrar.

Apesar de começar de forma "normal" com Servants in the Air, o trabalho vai crescendo, atingindo aquele ponto de excelência em The Boys Last Summer, que é daqueles sons que fazem todos dançarem. Para aqueles que não sacaram a do grupo: eles juntam no mesmo pacote classic rock, disco music, polvilhado por doses de AOR e progressivo, mix mortal e irrestível.

Outros pontos de destaque ficam por conta da maravilhosa Curves, cujo refrão e levada de piano te ganham logo de cara, a faixa título (candidata a hino nos shows), Carmencita Seven (daquelas que você esquece que é um banger e vai dançar) e a alto astral Sister Mercurial.

Bem gravado, produzido e com um acabamento gráfico que faz jus ao grupo, Aeromantic seguramente estará na lista de melhores do ano de muita gente, que com certeza conta os dias para o tão aguardado show dos caras aqui!

Afinal, como disse lá nas primeiras linhas, o momento é deles!

PASSANDO A MENSAGEM

Com influências diversas, quarteto catarinense explora em suas letras a insatisfação contra o governo e corrupção Por João Messias Jr. As pr...