Sem dúvida o Deventter é uma das bandas mais legais que surgiram nestes tempos, pois através do seu debut álbum, The 7th Dimension, deu uma nova cara a cena Prog Rock/Metal, unindo belas melodias a passagens intrincadas e influências mais contemporâneas, sem cair no jogo da repetição e da monotonia.
O seu mais recente trabalho, o conceitual Lead... On não apenas realça estas características, como mostra uma grande evolução da sua música que atualmente está enaltecida por uma grande carga emocional, como podemos ouvir em All Rights Removed.
Nesta entrevista, respondida pelos membros André Marengo, Felipe Schaffer e Leonardo Milani eles nos falam da origem do nome da banda, influências, entre outras coisas mais. Confiram a entrevista!
New Horizons Zine: Olá amigos! Vou iniciar a entrevista perguntando qual a origem do nome Deventter e o por que dar este nome a banda?
André Marengo: A escolha do nome Deventter surgiu através de uma lista de possíveis nomes para a banda. Na época, o Hugo Bertolaccini (tecladista da banda) estava à procura de um nome forte e com apelo sonoro. Após relacionar diversos nomes, escolheu Deventter. A título de curiosidade, Deventer (com um “t”) é uma cidade da Holanda, que inclusive foi palco de batalhas na 2ª Guerra Mundial.
New Horizons Zine: Apesar de estarem inseridos no nicho do Metal Progressivo, vocês possuem uma pegada mais rock que metal, onde eu percebi influências de bandas como Keane e Radiohead. O que vocês acham destas bandas e até que ponto elas servem de referência ao Deventter?
Leonardo Milani: Nós nos acostumamos ao título de Metal Progressivo, e creio que isso foi resultado das influências que a banda tinha na produção do primeiro álbum. Quando estávamos produzindo o Lead... On, percebemos que estávamos nos distanciando desse nicho, e chegamos a pensar em alguns outros rótulos para classificar nossa música. Mas percebemos que isso não era exatamente nosso problema, e resolvemos deixar para que a mídia especializada cuide disso.
Confesso que esses dois grupos provavelmente não foram bandas que definiram nosso pensamento musical. Eu pessoalmente gosto de Radiohead e um pouco de Keane, mas não o suficiente para que eu possa citar como uma influência. Por outro lado, com certeza que o nosso vocalista (Felipe Schaffer) é o que mais teve influência dessas duas bandas, o que é perceptível em algumas linhas de voz.
New Horizons Zine: Vocês possuem dois álbuns, no qual perguntarei algumas coisas, começando do debut The 7th Dimension, que foi destaque em várias publicações por apresentar novas características a já saturada cena do metal progressivo. Como foi desenvolver esta sonoridade para este primeiro trabalho?
André Marengo: Esta sonoridade se deve a fase em que estávamos na época de sua composição. Não tínhamos pretensão maior do que fazer um álbum sincero e de qualidade, sem limitações de estilos ou fórmulas prontas. E colocamos toda nossa energia para tal. As influências em comum, e as diferentes de cada membro da banda somaram-se para que o resultado fosse, pelo menos, algo diferente do usual. As composições surgiam naturalmente, e foram refinadas até o lançamento do The 7th Dimension.
New Horizons Zine: Outra coisa que chama a atenção, foi a produção e gravação, que por soar mais orgânica, enalteceu ainda mais o lado "rock" nos remetendo a bandas como Beatles, sendo enaltecido pela divisão das faixas em forma de "suítes". Me respondam: The 7th Dimension é um álbum conceitual e a sonoridade da gravação fora proposital?
Felipe Schaffer: Sim, o The 7th Dimension é um álbum conceitual que remete a toda uma situação que a banda passava na época. Tudo nesse disco foi gravado de uma maneira quase que “inocente” e muito verdadeira de nossa parte. O resultado é esse que todos podem conferir. Portanto, se observarmos por este ângulo, eu diria que a sonoridade do álbum foi sim proposital. Foi tudo aquilo que a gente precisava na época.
New Horizons Zine: E graças a estas particularidades, vocês participaram do festival Roça And Roll, que é organizado pelo pessoal do Tuatha de Danann e foram "open act" do Dream Theater num dos shows que a banda fez por aqui. O que vocês acharam destes shows e se ocorreram hostórias curiosas nestes espetáculos.
Felipe Schaffer: Esses shows foram frutos de toda a correria que a gente tinha feito desde então. Foram experiências únicas, maravilhosas e indescritíveis! De certa forma, serviram também como combustível pra que a banda não perdesse o pique.
New Horizons Zine: Com este até então grande momento que a banda, vocês se sentiram pressionados a fazer um novo trabalho?
Leonardo Milani: Realmente estamos muito empolgados com a repercussão do Lead... On, mas por enquanto pretendemos nos focar em trabalhar com as composições do que já temos em mãos, apresentando-as em shows e divulgando nossa obra, em termos gerais.
É fato, uma hora ou outra nós iremos fazer novos álbuns, mas se eventualmente sentirmos alguma pressão, ela terá origem dos nossos próprios objetivos, e não de fontes externas.
New Horizons Zine: E este novo trabalho, que atende pelo nome de Lead On, que ao mesmo tempo que mostra a sonoridade da banda intacta, vê uma banda aliando mais peso e melodia, deixando a sua música ainda mais marcante e pessoal. Vocês acham que os vários shows de divulgação e por terem gravado um CD anterior ajudaram a moldar a sonoridade do novo trabalho?
Leonardo Milani: Apesar de não ter participado da composição e gravação do primeiro álbum, posso afirmar com segurança que ele, e os diversos shows que fizemos com suas músicas, sem dúvida nos deram a experiência e a maturidade sem as quais jamais conseguiríamos criar algo como o Lead... On. Realmente tivemos um ótimo começo.
Sem contar, é claro, que o Lead... On é a continuação do The 7th Dimension, e todo mundo tem que começar de algum lugar!
New Horizons Zine: A faixa All Rights Removed é para mim a melhor faixa do trabalho, pois é uma bela balada que alia vocais melódicos e uma sonoridade quase pop que daria um belo vídeo. Existe a possibilidade de ser feita um clipe de promoção de alguma faixa de Lead On, em especial a já citada All Rights Removed?
André Marengo: Existe a possibilidade de se fazer um clipe, mas não sabemos para qual música ainda. A All Rights Removed seria uma ótima idéia, pois retrata, em linhas gerais, sobre como o mundo se tornou tão violento, sobre as pessoas que já não sabem mais a real motivação das guerras, ou por quem estão lutando, e continuam matando umas as outras, seja em guerras, ou por omissão e comodismo. Partindo do princípio de que somos todos irmãos, quando se mata alguém, você está matando seu próprio irmão. Além dessa música, outras dariam ótimos clipes, como a “Lead...Off”, faixa final do disco, a “6000”, “Down to the Apex”, etc.
New Horizons Zine: Ainda falando de Lead On, os vocais de Felipe Schäffer estão mais emotivos e cativantes. Quais os cuidados que você teve ao gravar este trabalho e qual a sua identificação com o conceito de Lead On para interpretar as canções?
Felipe Schaffer: Acredito que todo o conceito do Lead... On esteja impregnado em cada membro do Deventter. A banda sempre acaba canalizando toda essa energia na maneira que a gente toca, e isso é algo que eu realmente tento dar muita ênfase no meu trabalho vocal. Não só na hora de gravar e interpretar, mas na maneira em como foram compostas as letras e as melodias. Eu sinceramente não sou o tipo de vocal tão técnico e acabo dando preferência para a dramaticidade da obra. Portanto, eu tentei enxugar muitos elementos, e simplificar alguns aspectos para poder pesar mais a interpretação, dando um aspecto mais vivo, orgânico e até visceral para as músicas. Vejo como o discurso de cada um de nós nesse nosso trabalho.
New Horizons Zine: Vocês, juntamente com as bandas UGanga, Hellish War, Apocalypse e Banda do Sol fazem parte do cast da Som do Darma, que é comandada pelo grande batalhador do underground Eliton Tomasi. Como funciona esta parceria e o que ela representa para o Deventter hoje?
André Marengo: Essa parceria nos representa um laço de amizade, que se consolidou após nos conhecermos, visto que, não só alguns gostos musicais eram semelhantes, mas também a postura que adotamos, focada mais na arte e na cultura, do que na indústria maçante que está aí e que continua empurrando e enfiando sucessos, que duram no máximo 4 meses, em nossas cabeças. Essa parceria rendeu bons frutos e irá colher melhores ainda. A Som do Darma vem demonstrando um trabalho exemplar.
New Horizons Zine: No myspace de vocês temos além das músicas dos dois trabalhos da banda, tem uma belíssima versão para Eleanor Rigby dos Beatles. Há planos de lançarem esta música em algum trabalho da banda, visto que a versão ficou tão pessoal?
Leonardo Milani: Essa música é muito especial para nós. Inclusive foi a primeira música que gravei com o Deventter. O público em geral gosta muito – que foi o motivo de termos decidido gravá-la – e abriu várias portas na nossa carreira.
Nós já pensamos em utilizá-la como eventual faixa bônus de algum eventual lançamento, mas como os nossos trabalhos são essencialmente conceituais, fica bastante difícil de encaixá-la em alguma coisa. Por enquanto, não temos planos de lançar a “Eleanor Rigby”, e agora que ela já está no nosso MySpace há um bom tempo, acho que dificilmente isso irá ocorrer.
New Horizons Zine: Amigos, foi um grande prazer entrevistá-los! Deixem uma mensagem aos leitores do New Horizons Zine!
Felipe Schaffer: Agradecemos à galera do New Horizons Zine e a todos os leitores que acompanham e apóiam o rock nacional! Sem vocês nada disso estaria acontecendo! Vocês são responsáveis pela sua própria realidade, portanto, vamos fazer dela a melhor possível, sempre!
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