29 de novembro de 2013

BLACK LAGUNA: PERFEITO PARA OS PALCOS

Quinteto apresenta EP com músicas que se caracterizam pelo peso e voracidade

Por João Messias Jr.

Black Laguna
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Que parada louca o som do Black Laguna! O quinteto paulista faz uma fusão de diversas vertentes do rock e metal, com muito peso e espontaneidade. Embora muito bem tocado, não espere por nada bonitinho no som praticado pelos camaradas Ryan Lopez (voz), Fabrício Pereira e Diego Iastremski (guitarras), Ricardo Bancalero (baixo) e Paulo Hipólito (bateria), aqui o lance é transpiração e riffs em profusão.

Falando em riffs, o trabalho das seis cordas é o maior destaque no trabalho, pois os caras além de saberem das coisas, não ficam pensando em invencionices e lances complexos, apenas deixam o rock rolar, como na abertura com Inseto Asqueroso, que apresenta uma estrutura mais voltada ao hard rock, mas com vozes numa linha mais metalcore. A seguinte, Resto do Lixo, é 100% peso, que une batidas densas e backing vocals que clamam por protesto, assim como Aqui Jaz o Silêncio, que é dona de um interessante jogo de vozes.

Mesmo com um barulhinho que alegrará os fãs de bebidas maltadas, Velho Beberrão destoa um pouquinho dos sons acima, mas a vibe sobe novamente com Bem Vindos a WolfCreek, que tem ótimos solos e riffs que fariam Tony Iommi feliz da vida em saber que sua missão na música foi cumprida com louvor.

Vou repetir o que disse em uma resenha há alguns meses, mas aqui é pertinente: seja no palco, no carro ou em casa, o som do Black Laguna é perfeito para apreciar com sua bebida favorita, no meu caso, um cafezinho coado na hora.

EMINENCE: CAÓTICO E PERTURBADOR

Em seu novo trabalho, The Stalker, banda mineira além de apresentar seu disco mais agressivo, coloca o ouvinte numa redoma de caos

Por João Messias Jr.

The Stalker
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Exatamente isso caro leitor. A linha fina acima define o que é ouvir o novo trabalho dos mineiros do Eminence. Só que como tem aqueles que gostam de questionar os porquês, então, por causa deles vamos prolongar a nossa conversa aqui.

A audição de The Stalker é algo no mínimo interessante, pois o quarteto formado por Alan Wallace (guitarra), Bruno Paraguay (voz), Thiago Correa (baixo) e André Márcio (bateria) fez o serviço completo na concepção do disco. Pois além de ser o trabalho mais agressivo da banda, vem embalado com um clima de caos e desespero, que pode até assustar num primeiro momento, mas que logo agrada e instiga o leitor a saber "qualé que é", algo que o Fear Factory e o Messhggah fizeram tão bem em alguns momentos de suas carreiras.

O clima já se inicia na abertura com Self Rejection, que em meio a brutalidade, mostra um trabalho cuidadoso nos riffs. A seguinte, a videoclíptica Unfold transmite esse clima, mas tem alguns contornos mais palatáveis, talvez para captar aqueles que ainda não conhecem a banda. Só que a coisa aqui foi pensada e planejada para que não caisse na agressividade gratuita. Em meio a pancadaria, os caras colocaram alguns interlúdios, como Reverse e Mutation, que dão aquela "refrescada" no pescoço. 

Outros destaques são a desgraçada Veins of Memories, Eyetricity, que começa com batidas sincopadas e riffs cheios de groove e a saideira com Visions of Hate, que como o nome diz, soa como um hino do apocalipse, além dos vocais de Bruno Paraguay, que são o maior destaque do disco, devido a sua versatilidade, alternando guturais, berrados e limpos.

Enfim, um disco muito bem feito e produzido (mérito do dinamarquês Tue Madsen) e que se não estiver na sua lista dos melhores de 2013 é porque algo está errado com seus ouvidos!
www.eminence.com.br

27 de novembro de 2013

MACCHINA: PORÇÕES REGADAS A TIMBRES E PESO...MUITO PESO

Trio do ABC promove lançamento de seu primeiro trabalho, com apresentação ao vivo e uma mistura que combina elementos do metal, rock e stoner

Texto: João Messias Jr.
Fotos: Kátia Bucci

Macchina
Kátia Bucci
Com dois anos de estrada, o trio andreense Macchina, formado por Anderson Mattielo (guitarra e voz), Felipe Microfone (baixo) e Gabriel Barbosa (bateria), viveu um momento marcante na sua (ainda) curta carreira. A banda promoveu na última quarta-feira (20), o lançamento de seu primeiro trabalho, um EP que leva o nome do grupo, mas que foi lançado com estilo. O local escolhido foi o Estúdio Produssom, localizado no metrô Clínicas, que é um excelente espaço para que os grupos apresentem seus trabalhos de forma decente. 

Logo na entrada, um corredor com diversos modelos das guitarras Seizi, usadas por músicos de grupos como Sepultura e Diáfanes, além de ter promovido lançamentos e gravações de DVD de grupos como Nervochaos e Cursed Slaughter, respectivamente.

A festa, que teve um ótimo público, contou com a audição do EP, a exibição em primeira mão do clipe de Alive, uma das faixas do disquinho, além de uma apresentação com os sons do trabalho. Já eram 21h30 quando o vídeo foi projetado no telão do estúdio e mostrou além de um ótimo trabalho de produção, uma miscelânea de estilos praticada pela banda, que tem como referências grupos como Black Sabbath, Audioslave, Rage Against the Machine, Down, Corrosion of Conformity (fase Peeper Keenan), entre outros.

Às 22h o trio subiu ao palco e começou a apresentar as faixas do trabalho, que não apenas confirmaram a boa impressão inicial que tive com o vídeo, como mostrou não apenas a esse que escreve essas tortas linhas, que ao lado do Saturn, podem ser considerados os representantes do stoner no ABC.

Macchina
Kátia Bucci
Era possível ver o entusiasmo no rosto dos caras, que tocavam com muita emoção que era transmitida aos presentes, principalmente quando o vocalista agradeceu ao público presente, que ter uma banda é travar lutas e batalhas. Do set que durou cerca de 40 minutos, as canções que chamaram a atenção foram a grooveada Starting Over, os climas psicodélicos de You Are Inside My Soul e Alive, que mostrou ser a escolha certa para o clipe, por mesclar o peso do Sabazão com a linguagem das ruas do Rage Against the Machine.

Outros aspectos que se destacam no som dos caras são o peso dos instrumentos, seja das guitarras Les Paul/SG e o peso do baixo, fazem uma parede sonora de respeito, além dos vocais, que são raçudos, numa linha que lembram Peeper Keenan (Corrosion of Conformity), além da força do conjunto.

Esse dia foi mais um daqueles dias que tive muito orgulho de estar presente num evento metálico, ainda mais sabendo que ele foi tão especial para os caras do Macchina. Nós, como “prestadores de serviços” desse estilo que amamos, não podemos deixar essa máquina chamada rock parar!

26 de novembro de 2013

CENTURIAS: ESCREVENDO UM NOVO CAPÍTULO EM SUA HISTÓRIA

Quarteto paulista lança novo single que além de agradar os fãs das antigas, mostra que o melhor da carreira está por vir

Por João Messias Jr.

Rompendo o Silêncio
Divulgação
Falar do Centúrias é citar uma das bandas desbravadoras do rock pesado de Sampa. Numa época em que tudo era feito na vontade e na raça, junto com as bandas Salário Mínimo, Avenger e Virus participaram da coletânea SP Metal, de 1984, que hoje é um ítem obrigatório na coleção de qualquer fã de música pesada.

Além desse disco, lançaram lá nos anos 80 os discos Última Noite e Ninja. Depois, se afastaram e retornaram ao front nesse novo milênio. E aí que é entra uma questão: como que o som dos caras soaria com uma produção melhor?

O quarteto, atualmente formado por Ricardo Ravache (baixo), Roger Vilaplana (guitarra), Júlio Príncipe (bateria) e Nilton Cachorrão (voz) respondeu a pergunta acima com o single Rompendo o Silêncio, que seguramente não decepcionará os fãs das antigas.       

Aquele hard/heavy com pegada rock and roll dos anos 80 continua presente, mas executado por músicos mais habilidosos e uma boa produção. São duas faixas, Ruptura Necessária e Sobreviver, sendo que a primeira é mais agitada e conta com um ótimo trabalho de guitarra e a segunda é mais acelerada e conta com uma letra interessante que tem tudo a ver com a vida de um headbanger.

Arrisco dizer que esse material faz frente aos registros dos anos 80, pois aqui sentimos que os caras não estão por grana ou por imposição do mercado, mas sim pelo prazer de fazer música, como há 30 anos, quando a banda foi fundada.

Quem viu o show dos caras no Super Peso Brasil e ouve esse novo trabalho, sabe que a banda tem tudo, mas tudo mesmo para escrever os melhores anos de sua história.

25 de novembro de 2013

NOVEMBRO NEGRO: A CONSOLIDAÇÃO DO METAL EM SANTO ANDRÉ

Noite contou com seis bandas de variadas vertentes extremas, contou com ótimo público e boas performances

Tesxto e fotos: João Messias Jr.

Rottenness Face
João Messias Jr.
O último 15 de novembro pode ser considerado um dia histórico aqui em Santo André, pois essa data marcou a consolidação do metal na cidade. Não que os andreenses não sejam fãs do estilo ou estão órfãos de shows, pelo contrário. 
Mas a realização do evento “Novembro Negro” é responsável por uma agenda fixa de eventos na região, assim como no Princípios Bar, em São Bernardo e no Cidadão do Mundo, em São Caetano. 

Pois mesmo com eventos como o Rock in Rua e alguns outros isolados, a letra “A” da região precisava de um rolê exclusivo para o metal e suas vertentes. E o fest contou com um cast de respeito, representado pelos grupos Arthanus, Midnightmare, Thrash Empire, Rottenness Face, Insanity Force e Visceral Slaughter foi realizado, no LollaPalooza, ou o "Bar do Ceará", como é conhecido carinhosamente pelos headbangers.

Triste Notícia

Às vésperas do evento, por problemas no vôo, a banda amapaense Visceral Slaughter comunicou pelas redes sociais que sua apresentação seria cancelada. Um duro golpe para público e banda, que é formada das cinzas do grupo Anonymous Hate. Infelizmente fica para outra vez conhecer ao vivo o som dos caras. Uma pena.

O show continua

Infelizmente por conflito de agendas, acabei perdendo as apresentações das bandas da casa, Midnightmare e Arthanus, que segundo as pessoas que conversei, fizeram ótimos sets, que condizem com a competência de ambos.

Já era mais de meia-noite e meia quando o quarteto Thrash Empire iniciou seu set. Vindo de Mogi das Cruzes, o quarteto formado por Rodolfo Souza (voz e guitarra), Natalia Vicent (guitarra), Philippe (baixo) e Wilian Marcondes (bateria) mostraram ao público, que estava em excelente número. A banda, adepta do thrash que retornou aos palcos recentemente e mostrou um repertório baseado em músicas próprias (Destroyer, Dead City e Human War) e covers como Crionics e Seasons in the Abyss (Slayer), The Philosopher (Death) e Breaking the Law (Judas Priest). Competente, mas que precisa lapidar os vocais.

A próxima banda foi o quinteto de Caçapava, Devouring Cadavers. Dono de um death metal brutal na linha Cannibal Corpse, Six Feet Under, chamou a atenção pelas músicas cheias de energia e um bom nível técnico. Diego Oliveira (voz), Thiago Andrade (baixo e voz), Luiz Ferrari (guitarra), Leandro Marques (guitarra) e Felipe Aguiari (bateria) ficaram tão felizes com a resposta do público, que em diversos momentos foram tocar e cantar junto com a galera. Além das próprias Impious Predator, Zombification e Breeding Hate, outro ponto alto foi a versão para Hammer Smashed Face, do Cannibal Corpse.


O Rottenness Face, de Itapecirica da Serra chamou a atenção pelo formato, que era um duo e a ausência do baixo. Formado por Jefferson Pereira (guitarra/voz) e Moacir Santos (bateria), executam um brutal death metal que se destaca pela técnica e passagens cadenciadas. Além das músicas próprias, a dupla mandou versões de bandas como Severe Torture (que contou com o vocalista do Immolated) e Deeds of Flesh.

Coube ao Insanity Force encerrar  a noite. Mas por alguns problemas no som, deixo para comentar a apresentação do trio numa próxima ocasião.

Uma ótima noite, que contou com casa cheia e que com alguns ajustes, tem tudo para tornar o Lollapalooza uma excelente opção de bandas autorais de metal em Santo André. A cidade e nós headbangers agradecemos.

22 de novembro de 2013

PANZER: DEVASTAÇÃO THRASH

Após um período de hibernação, quarteto paulista retorna e lança Honor, que mescla o thrash com o stoner metal

Por João Messias Jr.

Honor
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Com todo o respeito ao Megadeth, mas se havia uma banda que merecia abrir os shows do Black Sabbath no Brasil, tinha de ser o Panzer. Não digo isso por conhecer alguns membros da banda, mas porque a banda formada atualmente por Rafinha Moreira (voz), André Pars (guitarra), Rafael DM (baixo) e Edson Graseffi (bateria) apesar de terem como som predominante o thrash, possuem contornos mais voltados ao stoner, o que faz a conexão com o grupo de Ozzy Osbourne.

Essa mistura não soa forçada e muito menos “pegando carona” no som do Pantera ou Black Label Society, tudo aqui tem a cara do Panzer. Vale lembrar que muito antes da mistura de stoner com thrash estar em evidência, os caras já faziam essa miscelânea, lá nos anos 90.

Bem, vamos ao disco. Honor começa com a intro The Morning After, que abre o caminho para as agressivas The Last Man on Earth e Heretic, que possui alguns momentos que lembram o Fight. Os momentos “sabbathicos” aparecem em Intruders, Victim of Choices e Mind Slavery, que farão  a alegria dos bangers, alternando passagens cadendiadas e psicodélicas com peso, muito peso. Outro som nessa vibe é Savior, que conta com a participação de Silvano Aguilera (Woslom), num dueto interessante, devido ao contraste de sua voz com a de Rafinha.

Rising e Burden of Proof já são conhecidas da galera, pois sairam respectivamente no single e no EP Brazilian Threat. A primeira chama a atenção por ser um dos sons mais agressivos do quarteto e a segunda, graças as suas passagens cadenciadas, que sugerem uma roda nas apresentações.

Vale dizer que a banda acertou na produção, que é orgânica, sem frescuras e transmite com honestidade como os caras são ao vivo, além da segurança dos envolvidos em suas funções, desde o trabalho da cozinha, as vocalizações e principalmente os riffs e solos, que estão inspiradíssimos.

Encerro estas linhas dizendo o seguinte: da mesma forma que o quarteto inglês não estava preocupado em criar algo diferente, apenas tocar músicas pesadas e intensas, os paulistas do Panzer seguem essa linha, sem pensar em modismos ou tendências, só “tocar as canções de forma apaixonada”, dessa forma  alegrando os caras que estão do outro lado quando os mesmos colocam a bolachinha pra rodar.

E isso vale muito mais do que milhões na conta bancária, tenham certeza disso!

Seria pedir demais para que Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e o "barrado do baile" Bill Ward conhecessem esse petardo?

19 de novembro de 2013

SUPER PESO BRASIL: “PARA NOS ENCHER DE ORGULHO”

Evento que contou com as bandas Taurus, Centurias, Metalmorphose, Salário Mínimo e Stress teve casa cheia e performances apaixonadas

Texto e fotos: João Messias Jr.

As origens

O projeto Peso Brasil teve início em janeiro deste ano, idealizado por Ricardo Batalha e visa mostrar ao público a qualidade das bandas autorais do underground. Desde então, se apresentaram grupos como Necromancia, Goatlove, Genocídio e Dusty Old Fingers.

No mês de novembro o projeto ganhou uma edição especial, chamada Super Peso Brasil. Realizada no último sábado (9), no Carioca Club e recebeu um cast que nos remete aos primórdios do metal nacional com os grupos Taurus, Centúrias, Metalmorphose, Salário Mínimo e Stress.

As apresentações

Cheguei no Carioca por volta das 16h30 e o evento já havia iniciado com as
Taurus
João Messias Jr.
bênçãos dos pilares da cena underground: Walcir Chalas (Woodstock Discos), Ricardo Batalha (Roadie Crew) e Marcello Pompeu (Korzus), que apresentaram a primeira banda da noite: Taurus, banda da qual sou um grande fã.

Às 16h50, o quarteto formado hoje por Otávio Augusto (voz), Cláudio Bezz (guitarra), Felipe Fuscaldo (baixo) e Sérgio Bezz (bateria) mandaram ao excelente público que já estava na casa, seu thrash metal crú e trabalhado, que é bem original se comparado ao que temos na praça hoje.

Após a intro, os caras surpreenderam ao abrir com a faixa-título de seu mais recente trabalho, Fissura, de 2010, que mostrou uma pegada parecida com a dos primeiros tempos da banda. Só que o público queria ver os clássicos. Assim, o quarteto mandou Batalha Final e a faixa-título do seu debut, Signo de Taurus. Era visível a empolgação da banda, em especial do vocalista Otávio, que estava emocionado pela recepção dos presentes e pela oportunidade de estarem num grande evento. Mas tinha mais. 

A banda anunciou o primeiro convidado especial da noite, Luiz Carlos Louzada (Vulcano) e juntos mandaram Mundo em Alerta, que emocionou a todos pela performance apaixonada (fato que se repetiu nas apresentações seguintes). Da fase em que o vocalista era Jeziel, a banda mandou as Trapped in Lies e Pornography. Só que a maior surpresa do set foi Dias de Cão, do último disco, que apresenta passagens cadenciadas, mais peso e menos velocidade.

O curto set terminou Damien e Massacre, que foram responsáveis pelas primeiras rodas da festa. Após encerrarem a apresentação, saíram ovacionados pelo público, o que foi algo muito bonito de se presenciar.

Em duas rodas

Centúrias
João Messias Jr.
Sobre a frase, "essa banda anda em duas rodas", Pompeu anunciou a segunda banda da noite, o Centúrias. Contando hoje com Nilton “Cachorrão” Zanelli(voz), Roger Vilaplana (guitarra), Ricardo Ravache (baixo) e Júlio Príncipe (bateria) mandaram de cara Guerra e Paz e Fortes Olhos, do álbum Ninja. Musicalmente o quarteto passeia pelo hard/heavy e possui como referência o Judas Priest da fase Screaming for Vengeance. 

Essa formação lançou recentemente o single Rompendo o Silêncio e deste trabalho mandaram as faixas Sobreviver e Ruptura Necessária, que não apenas mantém o estilo que consagrou a banda, como podem se transformar em futuros clássicos. O final com o medley de Duas Rodas/Portas Negras contou com a participação de André Gois (Vodu/Desaster) dividindo os vocais com Cachorrão, mantendo o nível do festival em alta.

O ultimato

Metalmorphose
João Messias Jr.
A terceira banda da noite foi a carioca Metalmorphose, conhecida por ter dividido o split Ultimatum com a banda Dorsal Atlântica em 1985. Hoje contando com Tavinho Godoy (voz), PP Cavalcanti (guitarra), Marcos Dantas (guitarra, Azul Limão), André Bighinizoli (baixo) e André Delacroix (bateria) fizeram um set variado, que teve canções desde seus primeiros dias (Cavaleiro Negro e Desejo Imortal) até o mais recente trabalho, o excelente Máquina dos Sentidos, do qual executaram a faixa-título, Jamais Desista e Máscara. 

Com um ótimo entrosamento e uma dupla de guitarristas, que assim como Cláudio Bezz (Taurus), merece ser vista por quem aprecia o instrumento, os cariocas fizeram um dos melhores shows da noite. Só que o melhor ficou para o fim. Lucky Luciano (X Rated) se juntou a banda e mandaram Metalmania, de Robertinho do Recife. Vale lembrar que esse momento foi mágico, pois creio que poucos esperavam ver essa música ao vivo um dia. Satã Clama Metal (Azul Limão) e Minha Droga é o Metal encerraram esse show maravilhoso. Mal posso esperar para assistí-los novamente.

Olha a Chuva

Salário Mínimo
João Messias Jr.
Sob chuva de papel picado e ao som de Delírio Estelar, da coletânea SP Metal e regravada em seu mais recente trabalho, Simplesmente Rock, China Lee (voz), Daniel Beretta e Junior Muzzili (guitarras), Diego Lessa (baixo) e Marcelo Campos (bateria, Trayce) são conhecidos por suas apresentações cheias de energia e empolgação e nesta noite não foi diferente. 

Dama da Noite, Noite de Rock, Anjos da Escuridão extasiaram os presentes, que em muitos casos, sequer eram nascidos quando Beijo Fatal foi lançado, mais uma evidência que esse tal de rock and roll transcende gerações. China Lee, de forma bem descontraída chama para o palco Jack Santiago (ex-Harppia) para executarem uma versão para Salém (A Cidade das Bruxas), na qual o convidado cantou de forma apaixonada e empolgante. Mais uma apresentação chegava ao fim e a banda o fez cheio estilo, com um medley das canções Cabeça Metal e Jogos de Guerra, que assim como no começo, teve chuva de papel picado.

Gran finale
Sem desmerecer nenhum dos grupos acima, até porque TODOS possuem
Stress
João Messias Jr.
história de sobra, mas nada mais justo que dar ao Stress a honra de fechar com chave de ouro este evento. E é simples de explicar, pois o trio paraense formado por Roosevelt Bala (voz e baixo), Paulo Gui (guitarra) e André Chamom (bateria) “apenas” lançou em 1982, o primeiro disco de heavy metal em nosso país.
Heavy Metal e Mate o Réu deram início ao show dos caras e essas canções mostram uma faceta mais rock and roll, diferente de Flor Atômica, faixa que dá nome ao segundo disco do trio, que é mais hard/heavy.
Sodoma e Gomorra contou com a participação de Vitor Rodrigues (Voodoopriest), que foi mais um momento que causou êxtase aos presentes. Sob as declarações de que para uma música não precisa de ter 532 notas para ser boa mandaram Coração de Metal. Infelizmente Heavy Metal é a Lei e Brasil Heavy Metal (tema do documentário que terá como tema a primeira fase do metal no país), que contou com quase todos os integrantes das bandas no palco finalizaram essa grande festa.
Sem palavras
Foi um espetáculo perfeito em todos os aspectos, desde o controle dos horários, organização, performance das bandas e o mais importante: excelente público, que mais do que encher a casa, participou de cada música executada, sem preferência por banda X ou Y e isso mostra que a cena underground pode sim dar a volta por cima.

13 de novembro de 2013

ZN TERROR: FALTA POUCO

Quarteto paulista apresenta em seu novo trabalho, canções que reunem crueza, rispidez e muito groove

Por João Messias Jr.

Em meio à tantas bandas que são metidas a modernas ou trues, é interessante ver
Self Destruction
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grupos que não tem medo de cruzarem por esses dois mundos. E quando o resultado final não soa forçado ou com a impressão de pegou carona nas referências que estão em voga, é melhor ainda, como fez o quarteto paulista ZN Terror. 

Formado por Fernando Nunes (baixo e voz), Vinicius Bonifácio (guitarra), Ismael Lima (guitarra) e Hernani Teixeira (bateria), apresentam um thrash metal que une a crueza e rispidez dos primórdios do estilo, com passagens mais cadenciadas e grooveadas.

O seu segundo trabalho do grupo, o EP Self Destruction chama a atenção pela capa, que mostra uma imagem de caos, com o uso da cor laranja e sua produção feita pelos manos do Claustrofobia, Marcus e Caio D’Angelo, que deixou os instrumentos bem definidos.

Wake Up abre é a faixa de abertura do disquinho. O som em questão une riffs trabalhados e solos que nos remetem aos primeiros trabalhos do Metallica e Exodus. The End of Game é a melhor e mostra um caminho a ser seguido pela banda, unindo passagens oitentistas, riffs cadenciados e um excelente trabalho de bateria.

Exciting Zone, que encerra o EP, é dona de boas bases, muito groove e um final inusitado, como se fosse à saideira de um show, tendo em seu final os instrumentos desplugados.

A única coisa que a banda deve tomar cuidado é com o inglês do vocalista Fernando. Embora siga uma linha mais berrada como a do já falecido Gus Chambers (Grip Inc), é necessário um pouco mais de atenção com a pronúncia. Mas esse é apenas um detalhe que precisa ser observado, pois no conjunto da obra, o trabalho apresenta qualidade (principalmente as conduções de bateria) e vai agradar aos fãs das fases antigas e atuais de grupos como Slayer, Exodus e Forbidden.

12 de novembro de 2013

SEVENTH SEAL: "FOI UM POUCO DIFÍCIL, AFINAL SEMPRE FOMOS BEM UNIDOS"

Mudanças de formação é algo cedo ou tarde (infelizmente) toda banda tem de passar. Algumas não aguentam o baque e encerra as atividades, já outras se fortalecem. Como o quinteto do ABC paulista Seventh Seal. O guitarrista e fundador Tiago Claro recrutou um time de primeira com o guitarrista Thiago Oliveira, o baixista Victor Próspero, o retorno do baterista Roberto Moratti e o vocalista Leandro Caçoilo. Juntos lançaram o álbum Mechanical Souls, que chama a atenção pela sua variedade e pela produção, que deixou tudo uniforme.

Nessa entrevista, a dupla de guitarristas fala além dos assuntos acima, sobre a cena do metal nacional no país, fora dele e muito mais.


Confiram!


Por João Messias Jr.

Fotos e Imagens: João Messias Jr./Divulgação

NEW HORIZONS ZINE: Após o segundo trabalho, Days of Insanity, aos
Seventh Seal 2013
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poucos a banda foi sofrendo mudanças de formação, restando apenas o guitarrista Tiago Claro. Como foi juntar as peças e reformular o grupo?
Tiago Claro: Foi um pouco difícil e dolorido, afinal sempre fomos bem unidos, eu formei a banda com o Ricardo e o Guilherme Busato e o Ricardo Peres entrou menos de um ano depois então ficamos tocando junto por mais de 10 anos, com o R.Peres 15 anos. Os dois irmãos foram morar na Europa e saíram antes do Days of Insanity ser lançado.

Na sequencia tivemos alguns músicos que são grandes amigos nossos, mas com certeza a entrada do Thiago Oliveira foi o ponto chave pra fazermos esse álbum. Logo depois, o Ricardo deixou a banda e chamamos o Leandro que já era um velho conhecido nosso. E também após a gravação o Roberto Moratti que gravou o Days of Insanity voltou pra banda. Ou seja é uma história um pouco confusa mesmo (risos).

Thiago Oliveira: O meu material acabou chegando nas mãos da banda através da Simone do Midnightmare, uma grande amiga. Eu já tinha visto a banda ao vivo antes e eu me impressionei muito com o vocal do Ricardo, era uma puta banda de se assistir o show. E como eu estava aqui estudando, sem nenhuma oportunidade profissional séria, eu abracei o convite com unhas e dentes.

NHZ: Hoje podemos dizer que o Seventh Seal possui uma das melhores formações de sua história, com Tiago Claro e Thiago Oliveira (guitarras), Victor Próspero (baixo), Roberto Moratti (bateria) e Leandro Caçoilo (voz). O que pesou na escolha de cada um dos novos integrantes?
Tiago Claro: Olha, quando estávamos procurando um guitarrista, recebi diversas demos e tinham muitos caras que tocam demais, só que o Thiago eu pirei não só por ele tocando mas também pelas composições, achei muito diferentes do que rola por ai. O Victor já é um grande amigo há anos e toca muito bem, o Roberto foi da banda de 2001 a 2007 mais ou menos e o Leandro foi que nós precisávamos de um grande vocalista, então ele ouviu as pré-produções deste álbum, curtiu, fizemos um show e logo em seguida ele entrou na banda.

Thiago Oliveira: A minha namorada fazia aula de canto com o Leandro e algumas vezes eu ia lá ficar de bobeira. Quando ele ficou sabendo que o Ricardo saiu eu percebi que ele ficava “curioso demais” (risos). E como o Tiago falou, eu mostrei pra ele o instrumental do disco e ele se interessou. Quando a gente fez o show com ele como contratado, a energia fluiu muito bem. Muitas bandas o convidaram pra entrar, várias de renome inclusive, ele chegou até a fazer alguns trabalhos como convidado, mas a qualidade do novo trabalho foi o fator decisivo pra que ele entrasse na banda como membro efetivo.

Mechanical Souls
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NHZ: Com essa formação vocês lançaram recentemente o álbum Mechanical Souls, que teve como primeiro single a faixa Beyond the Sun. O que os motivaram na escolha dessa canção?
Tiago Claro: Simplesmente pelo fato de ser uma musica pesada, trabalhada mas ao mesmo tempo com um refrão direto. Acho que ela representa bem o que é o álbum
.
Thiago Oliveira: É uma composição em que a letra situa bem o ouvinte com relação à mensagem do disco. Isso sem contar que mostra onde o som está agora, com mais peso, afinação mais baixa e algumas passagens mais complexas.

NHZ: O álbum possui um direcionamento que conecta o debut, Premonition e o peso de Days of Insanity. Essa conexão entre os dois trabalhos foi planejada?
Tiago Claro: Planejada não. Na verdade, quando começamos a compor, a minha ideia era fazer algo diferente do que fizemos nos dois discos anteriores, mas sem perder a essência do que é a banda, então muitas vezes o Thiago se encontrava com o Dárcio antigo baixista) na casa dele gravavam as ideias e me mandavam para ouvir e naturalmente isso acontecia, mesmo porque eles nem estavam na banda quando lançamos os dois álbuns, mas eles mesmos tinha essa mesma intenção que eu.

Thiago Oliveira: Como eu não fazia parte da banda nessa época eu não pensei em nenhuma ponte entre os trabalhos anteriores e para ser sincero, eu acho o som bem diferente, afinal é outra época e hoje temos outras pessoas na banda. Tudo isso influi.

NHZ: Ainda falando nas músicas do disco, elas chamam a atenção pela
Tiago Claro
João Messias Jr.
variedade. Sleepless é uma balada, Dark Chaint possui momentos que beiram o black metal  e Virtual Ego com seus momentos hard e thrash. Por causa das diferenças entre uma canção e outra, chegaram a pensar em limar algumas do disco?
Tiago Claro: Não, alias essa é uma caracteristica do Seventh Seal desde o primeiro CD. Se você pegar o Premonition você irá ouvir a Falling Tears(balada) como a Die Lie que é um thrash/ death. No Days of Insanity, temos a Mistake in Love(balada) e a Grave of Sadness (thrash). Sem contar as músicas hard rock que tem em ambos, como Evil Love (Premonition) e The Miles Came Between Us (Days Of Insanity). Então, só limamos se a música não nos agrada independente do estilo delas.

Thiago Oliveira: Interessante você mencionar a Dark Chant. Ela era na verdade, uma composição de uma antiga banda que eu tive, e que foi limada do álbum. O mais legal é que agora que saiu é uma das mais bem comentadas nos reviews. No meu ponto de vista, na hora de compor a única regra é não ter regra (risos). Então, como eu já ouvi muito Dimmu Borgir, vai ter alguma coisa ali que influenciar, seria muito falso da minha parte limar uma passagem só porque não é comum ter aquilo no álbum de estilo X ou Y. Seguir rótulos só limita. O flamenco que você citou num review era porque eu tenho formação de violão erudito, então eu deixo a coisa vir independente do que pode ter originado aquilo.


NHZ: A produção foi feita no Norcal Studios pelo guitarrista Thiago Oliveira, que antes de tudo, merece os parabéns,  pois conseguiu nivelar todos os instrumentos por igual, dando ao ouvinte a oportunidade de ouvir uma banda de verdade. Para chegar nesse resultado, algum trabalho te inspirou ou seguiu o feeling?
Thiago Oliveira: Valeu João, não foi fácil chegar! Era muita coisa no arranjo e não podia sair de qualquer jeito. Com relação ao som, eu não tinha nenhum trabalho em mente, mas eu sabia bem o que eu queria. Eu queria um som moderno, mais pesado e eu sabia que ao mesmo tempo as melodias e as coisas mais sutis estariam lá. E como eu sabia o tipo de som que esse CD teria que ter, nós acabamos optando pela mixagem do Brendan no Norcal. Eu já tinha levado um trampo pra masterizar por lá e  percebi que ele tinha um ouvido muito bom pras coisas, esse é o diferencial.
Muitas vezes em uma produção algum instrumento é enterrado é porque a performance não é boa, mas nesse caso como todo mundo tocou tão bem que não tem porque esconder nada.

Thiago Oliveira
João Messias Jr.
NHZ: Thiago, existe alguma diferença em se produzir a própria banda?
Thiago Oliveira: Existe. É bem complicado. No meu caso eu escrevi as letras, fiz os arranjos, programei os sintetizadores, fiz as partes de orquestra, eu estava do lado em todos os estágios do processo e foi bem desgastante, ainda mais porque não é o trabalho de outra pessoa. È o seu próprio. Na época, eu tocava no “Cabaret”, musical da Claudia Raia, então muitas vezes eu ia gravar as minhas partes de madrugada depois de tocar duas sessões de duas horas no teatro. Então eu tinha que tocar e pilotar a gravação ao mesmo tempo depois de ter tocado antes. Tirando isso, como todo mundo já tinha bastante experiência tocando e gravando foi bem fácil. Em certos momentos eu até não falava muito e deixava a pessoa colocar a própria marca, porque afinal de contas é para aquilo que tem o outro cara na banda certo?

NHZ: Outro aspecto interessante é olhar que quase todos os membros contribuem nas canções. Sendo você o único membro original Tiago, como é ter esse tipo de contribuição de músicos que de certa forma não estavam familiarizados com o estilo do grupo?
Tiago Claro: Eu nunca coloquei para qualquer novo membro da banda que o som teria que ser desse jeito ou daquele. Mas claro, os que entram ou entraram sabem que tocamos heavy metal e dentro disso podemos explorar diversos estilos então acho que fica fácil para eles se adaptarem ao som do Seventh Seal.

Thiago Oliveira: Acho que eu não teria entrado na banda se o outro Tiago fosse um daqueles caras bitolados. Eu percebi é que sempre chegava alguma banda me convidando e era sempre o mesmo papo “queremos fazer um som estilo a banda X”. Na boa, se a banda consagrada já existe, porque perder tempo tentando fazer o que eles já fazem?

O trabalho foi lançado pela Shinigami Records, gravadora que vem prestigiando o metal nacional em seus lançamentos, como o novo do Panzer e Skinlepsy. O que os motivaram a assinar com eles?
Tiago Claro: Na verdade, eles foram ao show que nós abrimos pro Orphaned Land e pelo o que me disseram, gostaram do nosso show. Entrei em contato e eles se interessaram, então acertamos essa parceria. Mas claro que antes disso algumas bandas já haviam me falado do trabalho sério e honesto que eles fazem.

NHZ: Apesar do pouco tempo de seu lançamento, o que estão achando das primeiras resenhas do trabalho? Alguma em especial chamou a atenção da banda?
Tiago Claro: Estão ótimas, geralmente nós absorvemos muito bem as resenhas. Claro que ficamos muito mais felizes quando é positiva, óbvio (risos). Mas o legal é saber distinguir a critica construtiva para tentar melhorar ainda mais. Todas foram excelentes.

NHZ: Vocês optaram por fazerem poucos shows. Essa postura foi por não terem um disco novo para divulgar e agora com o CD lançado, pretendem mudar isso?
Tiago Claro: Ah sim com certeza nossa ideia é fazermos mais shows. Claro que depois de 18 anos de banda, precisamos de um mínimo de estrutura para fazer um show legal para nosso público, mas geralmente os produtores tem nos elogiado pela forma que trabalhamos. Isso é muito bom (risos).

Thiago Oliveira: Como a banda esteve muito ocupada com o CD nos últimos meses, a gente só pegou pra fazer os shows que a gente sentiu que seriam boas oportunidades. Agora com o CD em mãos, vamos fazer mais.

Recentemente vocês fizeram a abertura para o grupo canadense Anvil, banda que teve um “up” na carreira após ter sua trajetória num documentário. Queria saber se vocês já viram o filme e se de certa forma o mesmo encoraja a banda a seguir em frente, mesmo com todos os percalços.
Tiago Claro: Vimos o filme 63 vezes, tá bom (risos)? Brincadeira, mas eu particularmente vi varias vezes. Um lance muito legal que quando nós fomos para a Europa, o Thiago chegou em um dos ensaios que antecederam a tour e levou o filme e disse: "preciso mostrar isso a vocês". Dai assistimos juntos e foi a mesma reação de todos. Enfim esse realmente é um dos melhores filmes de rock que já vi e muita coisa o que eles passaram ali eu já passei também. Acho que as bandas iniciantes deveriam assistir para ter noção que nem tudo são maravilhas, a dificuldade no meio é gigante, infelizmente.

Thiago Oliveira: Por causa daquele filme, eu entrei no avião pra Europa morrendo de medo de ter problemas na tour, ainda bem que deu tudo certo. Mas a vida de banda é cheia de altos e baixos mesmo. Eu tocava numa orquestra de musical e trabalhava na equipe o diretor do documentário que está sendo feito sobre o Sepultura e ele comentava que até com eles a coisa é assim. Se é assim pro Sepultura, que é icone, imagina pra gente?

NHZ: Para encerrar, queria a opinião de vocês sobre o que acham da
Leandro Caçoilo
João Messias Jr.
  cena do metal nacional e o que pode ser melhorado.
Tiago Claro: A cena mudou muito nos últimos anos. Acho que a quantidade enorme de shows internacionais deu uma quebrada. Mas isso poderia vir ao nosso favor que era tendo bandas nacionais nas aberturas, mas infelizmente tem muito produtor que só pensa em dinheiro e falam que banda de abertura dá trabalho. Já ouvi isso varias vezes, é triste. Ao mesmo tempo, se você quiser fazer seu show em um bar, irá concorrer com uma banda gringa na semana e terá que ouvir aquela desculpa do publico que não tem dinheiro porque foi ver aquela banda do exterior e tal. Outro dia eu estava falando com uns amigos que falaram o seguinte: "Eu só vou a show de bandas nacionais quando eu quiser ir, eu apoio a cena quando eu quero. Se eu quiser pagar 200 pra ver a banda gringa eu vou e pronto" então muita gente pensa assim, só não falam, esses foram mais verdadeiros (risos). Acho que não adianta fazer discurso de apoio a cena e etc, não resolve mais. O lance é contarmos com aqueles que querem fazer algo realmente, então eu não tenho mais nada a falar, só agradecer todos amigos que vem nos acompanhando todos esses anos.

Thiago Oliveira: Olha, o lance da cena é bem complicado. São uma série de fatores que contribuem pras coisas estarem do jeito que estão e é uma questão que tem os dois lados.
Na boa, se eu escuto uma banda nacional ruim, ou sem criatividade eu também não vou querer saber. Tem muito jabá rolando em cima de banda mediana, então aparece quem paga, ou quem tem contatos e amizades no meio e eu acho que isso meio que queima um pouco a cena. Porque se a banda que aparece é ruim ou não acrescenta nada, quem vê tem uma imagem distorcida do underground. Aí muito fã reclama que se tenta enfiar goela abaixo certas bandas e eu concordo com isso. Tem muita banda que reclama, mas eu vi o Top 5 das vendas da Die Hard outro dia e 4 dos Cds eram de bandas nacionais, tinha o Viper, o Kernunna, o novo do Almah e mais outro que eu não lembro. Acho que quando o trabalho é bom o público reconhece. Não adianta você ir lá e copiar quem quer que seja e esperar que o público daquela banda animal, que tem uma porrada de CDs lançados e uma puta carreira vai querer comprar o seu.
Por outro lado rola um preconceito do público daqui com a cena local. Essa postura por parte de muitos fãs acaba sendo injusta para uma banda como,por exemplo, o Dynahead, que é super original e de qualidade. Aí muitas vezes você vê uma banda de fora, que toca só em muquifo na gringa e aqui é idolatrada igual a rock star.
O que a gente vê lá fora é que existe cena underground  igual aqui, com a diferença que as casas de show tem mais estrutura. E no exterior, do mesmo jeito que tem bandas muito boas, rola porcaria também. Tem que ficar esperto que os gringos também tentam empurrar porcaria e tem jabá lá fora também.

NHZ: Muito obrigado pela entrevista. Deixem uma mensagem aos leitores desta publicação.
Tiago Claro: Muito obrigado a você João, batalhador da cena nacional e todos nossos amigos e admiradores que nos apoiam, vocês são a razão de continuarmos na batalha. Vejo vocês nos nossos shows. Valeu!

Thiago Oliveira: Valeu pessoal! Espero que vocês embarquem na nossa viagem e espero conhecer vocês pessoalmente na estrada!

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