11 de maio de 2013

ROCK IN RUA: O ENCONTRO DE VELHOS AMIGOS

“Edição realizada em abril, no Parque da Juventude contou com as bandas Sallen, Os Búlticos, Nervos, Rygel e The Best Maiden”

Por João Messias Jr.

Confesso que essa edição do Rock in Rua, realizada no último domingo de abril (28), teve um sabor de reencontro. Não com as bandas em si, mas com o lugar das apresentações: o Parque da Juventude. Localizado próximo ao Estádio Bruno Daniel, foi o palco que fez a formação musical de muitos então adolescentes nos anos 90, seja com o nome Rock in Rua ou Rota do Rock. Esses espetáculos contaram com apresentações de grupos do underground (Necromancia, Seven7h Seal, Nitrominds) e mainstream (Marcelo Nova, Sepultura e Barão Vermelho).

Passada mais de uma década, eu retornei ao local onde conheci muitos dos meus heróis da minha fase de mudar o mundo. Foi emocionante voltar lá depois de “velho” e deparar com muitos adolescentes fazendo a mesma coisa: esperando por muito rock. O mais engraçado é que eu não estava como fã, mas trabalhando neste evento que consolidou a minha formação musical...

... Mas, vamos deixar de conversa e nostalgia e vamos para as apresentações:

Musa do festival e o resgate dos  primórdios do estilo

Fernando Fox - Nervos
Foto: Gil Oliveira
Às 13h15 e sob as bênçãos do Dr. Rock a banda Sallen começou sua apresentação. Com músicos experientes, o quinteto presenteou o público com versões de blues, hard e heavy metal. Os destaques foram as versões para Rainbow in the Dark (Dio), Man In the Box (Alice In Chains) e Livin’ On a Prayer (Bon Jovi). Só que as melhores canções executadas foram Don’t Tell Me (Van Halen), Anytime Anywhere (Gotthard) e a sensualidade da vocalista Simone, que arrancou suspiros do público. Uma boa abertura que mostrou se o quinteto investir em canções próprias de hard, pode se dar muito bem.

Após um intervalo para ajustes técnicos, às 14h25 começou a apresentação do quarteto Os Búlticos. Formado atualmente por Johnny Garcia (voz e guitarra), Marcos Eduardo (guitarra), Painho Brown (baixo) e Diego Costa (bateria) , fizeram uma apresentação marcada pela irreverência e a crueza, características dos primórdios do estilo. Uma atração que agradou aos presentes, cujos destaques foram O Verdadeiro Rock and Roll Nunca Morre (faixa título do álbum da banda), Você Não Serve Pra Mim, O Segredo do Casamento Perfeito e as versões para clássicos dos Rolling Stones (Honky Tonky Woman) e My Generation (The Who), que encerrou o show.

O Rock Nacional Vive

Sim, essa frase serve para os que ainda pensam que o estilo está restrito aos
LPs da Legião Urbana, Plebe Rude e Raul Seixas. A banda Nervos, não se resume a fazer um recorte fiel do que foi produzido nos anos 80, também investe em letras que embora trate de assuntos cotidianos, possuem um ar “erudito”, onde o que poderia ser banal se torna agradável. Como a letra de A Chama de Eros, que retrata situações da adolescência, que TODOS nós já vivemos.
Outros destaques foram Al Capone (onde o vocalista Fernando Fox explicou aos presentes que se não fosse Raul, a banda não existiria), Eu Sou Uma Bagunça, a polêmica O Céu para Você, O Inferno pra Mim (dedicada aos pastores televangelistas), O Que Me Falta é Paciência e o encerramento com Eu Não Matei Joana D’ark (Camisa de Vênus).

A Hora do Metal

Jon Levischi - Rygel
Foto: Gil Oliveira
Após apresentações que ficaram entre o hard e o rock and roll chegava a hora do metal. Coube ao quinteto santista Rygel, que às 16h50 colocou as cabeleiras para balançar. Com um som compacto, que varia do prog metal ao death/thrash, chamou a atenção pelas guitarras bem timbradas de Wanderson Barreto e Vinnie Savastano, o baixo de Ricardo Reis e o vocal rouco de Daniel Felipe (também Lothloryen), na escola Grave Digger, Dragonheart e Blind Guardian. Atualmente, a banda promove o álbum Imminent (2012) e dele a banda mandou as pesadíssimas End of Days, Just One e Damnation, que esbanjaram técnica e mostrou que o novo baterista Jon Levischi vai elevar ainda mais o trabalho da banda.
A banda ainda mandou sons do debut “Realities” e versões poderosas para Sad But True (Metallica), Violent Revolution (Kreator) e A New Level (Pantera), que encerrou a apresentação do quinteto e deixou o público satisfeito. Grande show, que mostrou que não é à toa o burburinho que o quinteto vem causando na Europa, onde gozam de boa popularidade.

Um tributo aos fãs

Às 18h05, coube ao  The Best Maiden encerrar a edição o festival. Como o próprio nome diz, se trata de um tributo as canções da Donzela de Ferro. O sexteto, formado por Lennon “Harris” Biscasse (baixo), Lely “Murray” Biscasse (guitarra), Ricardo “Smith” Cordeiro (guitarra), Raphael “Gers” Gazal (guitarra), Luis “Dickinson” Wasques (voz) e Guto “Burr” Franceschet (bateria), fez uma apresentação perfeita, marcada pela precisão, melodia e talento dos músicos. Quando se fala de um tributo, não espere apenas por caras que “mandam bem” nos clássicos, pois uma apresentação desse calibre temos a fidelidade nos figurinos, guitarras e baixo modelos “Strato”, as “corridinhas do trio de guitarras, o vocalista erguendo a bandeira inglesa em The Trooper. Outro destaque foi a aparição de Eddie em The Number of the Beast, além  de clássico atrás de clássico, em que o público foi premiado com hinos do estilo como Aces High, The Trooper, Waysted Years, The Clansman, Fear of the Dark, Run to the Hills e Running Free, que encerrou de forma nostálgica mais uma edição do Rock in Rua, que mostrou mais uma vez que o estilo não tem idade e possui os fãs mais devotos do mundo, que estiveram em excelente número desde o início do festival.

Enfim, depois de assistir grandes apresentações, só restou aos presentes contar os dias para a próxima edição. E lembrem-se, quando vier alguém dizer na sua orelha que show de rock é tudo igual, muitos barulhos e gritos, responda em alto e bom tom: MENTIRA!

4 comentários:

Unknown disse...

Foi muito bom mesmo.
e a matéria descreveu exatamente o que vivemos nesse dia.

Tiago_Violete disse...

Banda Nervos foi incrível! Com certeza uma das melhores bandas do rock nacional! Fizeram um showzao!!!

Johnny Garcia disse...

Os Búlticos agradecem pelos comentários e elogios, VALEU!!!!

Anônimo disse...

Joãozito,
Vc é o cara!!!
Obrigado pela consideração com a Nervos.

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