10 de dezembro de 2015

A PREOCUPAÇÃO COM AS MELODIAS E ARRANJOS VOCAIS

Cada uma em sua praia, as bandas Radiolaria e S.E.T.I. mostram que o cuidado ao conceber músicas agradáveis aos ouvidos, faz com que se diferenciem da multidão

Por João Messias Jr.

Não tem jeito. Com tanta coisa sendo lançada no mercado independente (algumas com gosto duvidoso), o lance é caprichar no material. Seja nas músicas, produção, capa e encarte e o mais importante: buscar um detalhe que torna o seu trabalho diferente da concorrência.

E nessa corrida extremamente competitiva e algumas vezes cruel, encontramos dois lançamentos, que embora possuam estilos distintos, cativam pelos mesmos motivos: o cuidado com as melodias e as harmonias vocais dos grupos Radiolaria e S.E.T.I.

Vermelho
Divulgação
Oriundo de Minas Gerais, o Radiolaria tem como grande mérito equilibrar nuances de estilos diversos, como o  classic rock, folk e uma inspiração estelar por grupos como Clube da Esquina, fazendo com que sua música agrade fãs que variam desde Cream, Sting, Skank e Bob Dylan, o que vamos combinar não é para qualquer um.

Felipe Barros (voz e guitarra), Felipe Xavier (voz e violão), Wagner Costa (baixo) e Pedro Rios (teclado, que foi oficializado após o lançamento) fizeram de Vermelho, debut lançado em 2014 um trabalho de fácil audição, de ponta a ponta (por algumas vezes seguidas) graças as melodias grudentas e as harmonias vocais equilibradas. Alguns casos ficam por conta de Pedaço de Papel, Cavaleiro Errante, a introspectiva Tango, a grudenta As Palavras são bons exemplos do poder de fogo da música dos caras. Embora o maior destaque seja Devaneio, cujo início soa como uma prosa, ganha um final de tirar o fôlego.

Outro atrativo fica no simples, porém bonito acabamento em digipack, que faz com que o fã queira tê-lo em sua coleção.

Extase
Divulgação
Numa linha mais voltada ao synthpop, o duo S.E.T.I. consegue prender o ouvinte com um ritmo denso e melancólico, cujas batidas eletrônicas criam um contraste interessante. Roberta Artiolli (voz, synths) e Bruno Romani (baixo e programação) fogem do esquema 'baticum', se concentrando nas melodias e harmonias, fazendo um mix de grupos como Chemical Brothers, Radiohead e Tears For Fears.

Seu novo trabalho, o EP Extase destaca pela linearidade e pelos vocais doces de Roberta, que faz com que canções como A Arte da Guerra grudem na cuca de imediato. Outros destaques ficam por conta do clima alternativo de Gravidade Zero, a melancólica Dias Mudos e Benjamim. Esta, o ponto alto do trabalho, com jeitão de hit, além de ser um tributo ao guitarrista Benjamin Curtis (School of Seven Bells), que nos deixou em 2013.

Competentes, bem produzidos e com um bom trabalho de capa/encarte. Duas bandas que com certeza, se tiverem a ajuda do público, podem alçar vôos bem mais altos.

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