19 de novembro de 2015

UGANGA: "OPRESSOR ENGLOBA REFERÊNCIAS DE TODOS NOSSOS TRABALHOS"

Os mineiros do Uganga celebram o melhor momento da carreira com o novo álbum. Chamado de Opressor, o trabalho apresenta além das tradicionais letras ácidas, o resgate de elementos dos primeiros trabalhos, como Atitude Lotus (2003).

O hoje sexteto que é formado por Manu Joker (voz), Thiago Soraggi (guitarra), Mauricio "Murcego" Pergentino (guitarra), Christian Franco (guitarra), Raphael "Ras" Franco (baixo e voz) e Marco Henriques (bateria) vem fazendo shows com melhor estrutura e está cada vez mais presente em publicações destinadas a música pesada.

Nessa entrevista feita com os irmãos Manu e Marco, eles nos contam sobre a sonoridade do novo trabalho, a vida de uma banda na estrada, convivência e o que fazem quando não estão em tour.

Por João Messias Jr.
Opressor
Divulgação
NEW HORIZONS ZINE: Podemos definir o novo álbum de vocês, que recebe o título de Opressor, como o “Grande Encontro”, pois mantém o pique agressivo de Vol.3 – Caos, Carma, Conceito com o debute Atitude Lotus, de 2003, quando a banda fazia um som bem mais experimental. Esse resgate foi algo premeditado em algum momento?
Manu “Joker” Henriques: “Grande Encontro”, legal (risos)! Na verdade, e mesmo soando clichê, nada foi premeditado. Temos gostos variados e passamos por várias fases nesses mais de 20 anos de banda, tanto musicalmente como no lado pessoal. Opressor reflete o momento que estávamos quando o gravamos, mas concordo que ele engloba referências de todos nossos trabalhos. Acho que com o tempo o estilo foi definido e essas referências ficaram mais integradas umas às outras.

NHZ: O trabalho, assim como “Vol.3”, apresenta uma sonoridade voltada para os palcos, mas de uma forma mais ampla. Aliando refrãos fáceis de serem lembrados, há um clima de “brodagem” em todo o trabalho, principalmente pelas linhas vocais, que possuem referências do hardcore/hip hop. Para você Manu, qual a importância desse tipo de aproximação com o público, mesmo que num primeiro contato, através de meios “frios”, como CDs e redes sociais?
Manu: Cara, eu venho do underground e esse é meu jeito de me expressar. Hoje em dia tá cheio de banda pagando de “malandro” e isso fica forçado, não engana ninguém... Ainda mais quando fica aquela coisa de “sou o fodão”, ficar dando lição de moral, etc. Procuro falar na linguagem das ruas, dos amigos, do hardcore, mas no geral falo à minha maneira, nunca tentando copiar trejeitos ou passar uma imagem que não seja verdadeira. E claro, levando em conta as diferenças. Sempre curti músicas com refrãos fortes, daqueles que levam a plateia a cantar junto, e acho que nesse cd fomos muito felizes nesse critério. Estamos todos no mesmo barco, olho no olho!

Uganga
Divulgação
NHZ: A impressão de proximidade é reforçada por meio dos vídeos de Casa e Guerra, onde mostram que são vocês mesmos, fugindo daquele esquema de personagens ou até mesmo super heróis. Conte-nos as etapas de produção, montagem e o feedback da galera.
Marco Henriques: Esses dois vídeos foram filmados durante a nossa segunda turnê na Europa. O de Guerra foi algo mais pensado, com imagens da banda em locais que remetiam a guerra, campos de batalha e coisas do tipo. Já o de Casa contém cenas de toda a tour, mostrando “comé” a rotina de uma banda underground se aventurando do outro lado do mundo. Ambos os vídeos foram produzidos por nosso amigo e parceiro Eddie Shumway (Travesseiro Discos), e o resultado nos agradou bastante. E pelo retorno que tivemos, parece que agradou o público também.

NHZ: No fim do vídeo, vocês utilizaram uma frase de Gandhi “Vencer por meios que não acredito, me traz resultados que não preciso”. De quem foi a ideia de incluir a citação e quais outros autores/personalidades são referência para o Uganga?
Manu: A ideia foi minha, tenho muita admiração pela pessoa de Mahatma Gandhi e acho que essa frase representa bem a idéia da letra: Lute a sua guerra e não a dos outros! Quando acreditamos, somos mais fortes. Particularmente, como letrista, recebo muitas influências; filmes, livros, mestres, o dia a dia, tudo!

NHZ: Outra música de destaque fica para Who Are the True, do Vulcano. Para registrar a canção contaram com a participação de Murillo Leite (Genocídio) e Ralf Klein, da banda alemã MacBeth. O que os motivaram na escolha dos músicos?
Manu: Basicamente o talento desses caras e nossa amizade com ambos. Eles detonaram nesse som!

Marco: A ideia da letra é algo muito atual, essa parada de ”quem é o real?”. Tem muito a ver com muitas coisas que falamos nas músicas do Uganga. Além de ser uma música que tem peso e groove, uma combinação muito presente em nosso som.

NHZ: A exceção do novo guitarrista, a banda há algum tempo mantém a mesma formação. Como é a convivência entre vocês e o que fazem na hora dos famosos perrengues?
Marco: É um casamento, né (risos) E como qualquer relacionamento, tem crises, brigas e diferenças de opinião. Mas no fim das contas a gente sempre consegue se acertar e chegar numa decisão que seja o melhor pra banda.

Manu: Todos se conhecem há muito tempo, alguns desde que nasceram (risos). Com o tempo, ao invés de tentar provar quem está certo, procuramos pensar no que é melhor pra banda e deixar eventuais diferenças pessoais de lado. Na verdade a convivência na estrada é tranquila, acho que os tempos mais turbulentos ficaram pra trás (risos).

Uganga
Divulgação
NHZ: A banda hoje conta com três guitarristas. O que a entrada de um músico poderá trazer de diferente na sonoridade do grupo?
Manu:
Depende do músico e da banda. No nosso caso a entrada do Murcego rolou devido a identificação mesmo, tanto profissional como musical. Depois de um ano pegando estrada com ele, enquanto o Christian cuidava da saúde, resolvemos peitar as três guitarras e tem dado certo!  Em relação a sonoridade do Uganga creio que ele seja um guitarrista mais melodioso, o cara vem da escola do rock clássico enquanto Christian e Thiago tem uma pegada mais thrash. Já temos músicas saindo com as três guitas e o que posso dizer é que são 100% Uganga, porém indo adiante. Vale dizer que ele ainda contribuiu com excelentes backing vocals.

NHZ: Mesmo numa cena que não anda muito bem das pernas, seja pela falta de público nos eventos, seja pela explosão de bandas covers/tributo vindas do exterior, pode-se dizer que o Uganga consegue se apresentar em bons eventos e com estrutura. Queria saber se todos conseguem viver apenas da banda ou se atuam em outras atividades quando não aparecem shows e tours.
Marco: Seria um sonho poder viver exclusivamente da banda. Mas a realidade não é essa. Todos têm suas outras atividades, suas verdadeiras fontes de renda (risos). Eu sou proprietário de um pub em Araguari (Vitrola Ambiente Cultural) e também da marca de roupas Incêndio. E assim como eu todos trabalham normalmente durante a semana, e nos finais de semana pegamos a estrada para descansar a mente e fazer um pouco de barulho. Como você disse, temos conseguido tocar em eventos bem legais e com certeza isso é reflexo do trabalho que a banda vem fazendo junto com a Som do Darma, que cuida da nossa assessoria de imprensa e empresariamento.

Manu: Eu sou arquiteto e mais recentemente homem do campo também (risos). Além disso, faço com um amigo o programa Underdose (www.youtube.com/c/underdosetv) num canal local e na net,  e como o Marco disse, todo mundo na banda “dá seus pulos” pra sobreviver.

Uganga
Divulgação
NHZ: Muito obrigado pela entrevista! O espaço é de vocês!
Manu: Apoiem a cena autoral, colem nos shows, comprem o material, pois é isso que faz as bandas irem adiante. Inclusive seus ídolos do passado passaram por isso e tiveram esse apoio. O ciclo não para e somos todos parte da engrenagem. Abraço!

Marco: Não deixem de acessar nosso site pra conferir a agenda de shows, videos e infos da banda.

Nenhum comentário:

PASSANDO A MENSAGEM

Com influências diversas, quarteto catarinense explora em suas letras a insatisfação contra o governo e corrupção Por João Messias Jr. As pr...