30 de outubro de 2013

SEPULTURA: COMEMORANDO O CAOS

Maior nome do metal nacional realiza show em comemoração aos vinte anos do lançamento do álbum  Chaos A.D.

Texto e fotos: João Messias Jr.

Só para recordar

Paulo Jr.
João Messias Jr.
O ano era 1993 e o Sepultura vivia um dos pontos altos de sua carreira. Após o sucesso de álbuns como Benath the Remains e Arise, o quarteto então formado por Max Cavelera (voz e guitarra), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo) e Igor Cavalera  haviam  finalmente atingido o status de grande banda no Brasil, após terem conquistado Europa e Estados Unidos.

Todos ficaram curiosos em saber qual seria o próximo passo da banda, visto que declararam que estavam fazendo algo diferente, utilizando percussões de samba e afinações mais baixas. Quando Chaos A.D. foi lançado, apesar da estranheza inicial (inclusive deste que escreve essas linhas), foi um sucesso mundial, que culminou por shows por todo o planeta, alavancado por hits como Refuse/Resist, Terrritory, Slave New World e Kaiowas.

Conexão passado/presente

Banda executando Kaiowas
João Messias Jr.
Vinte anos depois, a banda passa por um momento parecido. Após um período de desconfiança, agravado após a saída de Max e (posteriormente) Igor, o quarteto hoje formado por Derrick Green (voz), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo) e Eloy Casagrande (bateria) ainda colhe os frutos do sucesso do álbum Kairós, que rendeu ao grupo apresentações por todo o globo.

Para comemorar a boa fase, a banda fez um espetáculo interessante, que rolou nos dias 24, 25 e 26 deste mês, no SESC Belenzinho. Interssante pois fizeram um show comemorativo aos 20 anos de Chaos A.D., além de apresentarem ao público músicas do novo e recém lançado disco The Meditator Beteween the Head and Hands Must be the Hear, cujo título é inspirado no filme Metrópolis, de 1927.

O show – Parte 1

Derrick Green
João Messias Jr.
Bom, vamos falar da apresentação realizanda nesta última sexta-feira (26). Após o credenciamento, lá vou ao local do show, que na verdade é um enorme refeitório. Isso não foi motivo de desmerecimento e muito menos de chacota, pois espaço lotou, fato que se repetiu nos outros dois dias.

Já se passavam das 21h30 quando a intro Chaos B.C. ecoava no recinto. Mesclando os ritmos brasileiros com peso e algo experimental, esse foi o fundo para que Derrick, Andreas, Paulo e Eloy adentrassem ao palco e extremamente saudados pelos presentes.

Com essa recepção, não restou outra alternativa, a não ser saciar o público numa viagem ao tempo. Propaganda e Slave New World deram início ao massacre. A segunda, em especial foi responsável pela primeira roda da noite. Nesse momento o público bradava o nome da banda em alto e bom tom.

Antes de The Hunt, cover do New Model Army, Andreas aproveitou para agradecer aos presentes por estarem lá e que sem eles não haveria Sepultura. Kaiowas foi outro ápice desta primeira parte, pois foi executada de forma elétrica. Nesse formato a canção ficou mais forte e orgânica. Polícia colocou fogo nas coisas novamente, vale dizer que em sua maior parte ela é cantada por Andreas e Paulo.

João Gordo

João Gordo
João Messias Jr.
E como dizem que se é para fazer, que faça bem feito, a banda chama ao palco João Gordo (R.D.P) e juntos levaram Biotech Is Godzilla (Dead Kennedys) e Crucificados Pelo Sistema, do próprio Ratos. Duas versões matadoras, que chamaram a atenção pelo jeito escrachado do vocalista e pela colinha usada na primeiro som.

Para terminar a primeira parte do show, a banda mandou os hinos Territory e Refuse/Resist, que extasiou todos os bangers que estavam espremidos no espaço.

O quarteto possui muita energia em suas apresentações e é visível que  estão fazendo o que realmente querem, sem pressões por uma possível reunião da formação clássica. Assim, pode-se dizer que com toda a certeza Derrick e Eloy são o combustível ideal para que Andreas e Paulo continuem firme com o legado da banda.

O Show - Parte 2

Eloy Casagrande
João Messias Jr.
Após uma breve pausa, a banda retorna para executar mais clássicos e músicas novas. A abertura com Dark Wood of Error (Dante XXI) e Altered States (Arise) mostrou que independente da fase, os fãs estão com a banda. Era a hora de soltar alguns sons do novo disco e Manipulation of Tragedy e The Age of Atheist fizeram as honras. O que dizer das recém criadas músicas?

Bem, que o disco certamente vai decepcionar aqueles que esperam por uma volta aos tempos de Arise. Embora bem pesadas, carregam experimentalismos, o que pode agradar fãs de boa música, a não ser que esses sejam fãs dos Cavalera e desprezam tudo que foi lançado após Roots.

Infelizmente o espetáculo chegou ao final com Ratamahatta e Roots Bloody Roots (com direito a encore), que assim como todas as músicas, foram recebidas com aplausos e sobre berros com o nome da banda.

Andreas Kisser
João Messias Jr.
Uma apresentação que com certeza está entre as mais fortes desse ano. Aproveito para encerrar essa resenha com um recado para vocês que ficam malhando o grupo.

As pessoas tem o direito de criticar e não gostarem do Sepultura hoje, mas esse não gostar deve ter fundamento. 

Então headbangers, ouçam o disco, vão o show e formem suas opiniões. Não se baseiem em declarações de antigos membros, muito menos em preconceitos em relação aos novos integrantes, pois independente da banda ter lançado o melhor disco da carreira ou não, uma coisa é certa: Se o Brasil é reconhecido hoje pela qualidade de suas bandas, deve isso ao Sepultura.

Que venham as críticas!

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