31 de março de 2014

CHEMICAL: “QUANDO ESTAMOS NO PALCO, NOS EMPOLGAMOS DE FORMA ESPONTÂNEA”

Formado em 2008, por músicos que já passaram por grupos como Zero Vision, Calibre 12 e atualmente contando com os integrantes Alex Freitas (voz e guitarra), Tiago Visceral (guitarra), Corvo (baixo) e Ricardo Nutzmann (bateria),o Chemical mostra ser uma banda que tem tudo para cair nas graças dos fãs de thrash. Embora sejam donos de um som mais brutal, os riffs da dupla de seis cordas busca inspiração em caras como Alex Skolnick (Testament) e Gary Holt (Exodus), que aliado ao peso da cozinha, gera músicas contagiantes e perfeitas para bangear, como podemos ouvir no álbum New Dimension.

Nessa entrevista feita com a linha de frente do grupo, eles nos contam sobre a repercussão do citado álbum, sobre as apresentações ao vivo e muito mais:

Por João Messias Jr.
Fotos: Divulgação e Cristina Sininho Sá

Chemical
Divulgação
NEW HORIZONS ZINE: A banda, apesar de nova, com cinco anos de estrada, surgiu do Sorcery, grupo que tinha alguns dos integrantes nos anos 90. Como rolou essa, digamos volta às origens.
Alex: Rolou por acaso. Eu tinha gravado em casa uma demo, com bateria programada mesmo, com o todo repertório do Sorcery que estava perdido em fitas de ensaios velhas. Gravei despretensiosamente pra ter o registro das músicas, ai mostrei pro Corvo, que já tocava comigo no Machina Monstro, ele pirou e disse: “mano você tem que montar essa banda”. No mesmo dia, do nada apareceu o Alemão, que curtiu o som também e topou na mesma hora, como estávamos em um estudio, já fizemos uma jam tocando Slayer, Sepultura...só “thrashera véia”. A “química” já rolou ali, naquele momento.

NHZ: O grupo tem uma sonoridade que nos remete ao final dos anos 80 e 90, com destaque para as guitarras, que ao mesmo tempo são brutais e apresentam passagens trabalhadas, que alegrarão fãs de caras como Gary Holt (Exodus) e Alex Skolinick (Testament). Como vocês planejam/planejaram essas partes das canções?
Tiago: Nós tivemos ao longo da vida muita influencia de bandas com grandes guitarristas como o Skolnick do Testament e Gary Holt do Exodus. Eu gosto do som da guitarra mais “sujão”, aquele lance de amplificador no talo, diferente das coisas eletrônicas que temos hoje. Mas também aprecio os guitarristas técnicos como o Satriani e essas influências geram uma mistura boa no nosso som.
Corvo: O som do Chemical é agressivo naturalmente pelas ideias que elaboramos quando estamos ensaiando e bolando as músicas, sempre puxamos para o lado mais pesado e brutal.

NHZ: O guitarrista Alex Freitas fez parte do Zero Vision, cujo debut Acrid Taste fez muito barulho nos anos 90, que apresentava um thrash com muitas influências do industrial. Passado todos esses anos, como você vê esse trabalho?
Alex: Hoje muito se cultua o thrash de raiz, mas o Zero Vision surgiu em uma época em que muito se cobrava evolução e originalidade das bandas, que tinham que evoluir sempre, não podendo se repetir, pois eram muito criticadas. O ZV nasceu dessa necessidade de expandir horizontes e criar um som próprio. Enquanto a maioria das bandas de thrash tentavam emular o sucesso do Metallica com baladas e um thrash mais americanizado, o Zero buscou por influências mais sombrias na música industrial e movimentos alternativos obscuros da época, antes mesmo do surgimento do new metal americano. Acho que o ZV era uma banda a frente do seu tempo, e até hoje não é compreendida pelo público brasileiro.

Chemical
Cristina Sininho Sá
NHZ: Continuando a falar nos anos 80/90, período em que alguns de vocês tiveram suas primeiras bandas, tudo era feito na raça e havia uma maior união entre as diversas vertentes musicais, algo que não ocorre com tanta frequência hoje. Como encaram essa transição de períodos e quais as coisas boas de se ter uma banda no século XXI?
Tiago: Na época era tudo mais difícil. Conseguir gravar era muito caro e nem sempre a qualidade ficava boa, hoje com a era digital as coisas ficaram mais práticas. É mais rápido e barato conseguir lançar material, agendar alguns shows e comercializar produtos. Por isso existem muitas bandas apontando por aí. O lance é que foram surgindo diferentes vertentes e com isso o público foi se dividindo. Mas naquela época de demos e zines, as bandas tinham um reconhecimento maior por parte de todos devido ao trabalho e correria para se fazer as coisas. A galera se juntava mais pra poder realizar shows e eventos, assim era comum a galera andar mais junta independente do estilo.

Corvo: Na época era o que a gente tinha de opção e desssa forma, tentávamos fazer nosso melhor. A parte boa hoje é a gente poder continuar levando adiante a mesma essência das outras décadas com a tecnologia e informações atuais tocando thrash metal.

NHZ: Voltando ao Chemical, vocês lançaram neste ano seu primeiro álbum, New Dimension. Como está a aceitação do disco perante público e mídia?
Tiago: Está sendo muito boa. Tanto o disco como nosso clipe “Bloody Streets” estão sendo bem elogiados por todos em geral.
Corvo: O que me deixa mais contente é que o público está entendendo nossa mensagem, nossa proposta.

NHZ: Ao vivo a banda possui uma performance insana e coesa e músicas como Worms, Chemical Disease e Doi-Codi.
Tiago: Realmente quando estamos no palco nos empolgamos de forma espontânea. É natural, pois a gente se remete as bandas que nos influenciaram durante anos com suas performances ao vivo.

Corvo: Pra mim é impossível tocar nossos riffs e ficar parado, não dá pra evitar a agitação.

New Dimension
Divulgação
NHZ: Para encerrar, recentemente estive num fest que a banda se apresentou no ABC paulista. Além do som, achei interessante a postura do grupo, que ficou até o final do evento, postura que hoje é rara, graças ao individualismo que impera na cena. Apesar dos anos de estrada, ainda se empolgam ao tocar e conhecer o som de grupos novos e conhecer pessoas?
Tiago: Sim, com certeza! Nós somos velhos, como dizem por aí “do rolê” (risos). Gostamos de ir aos shows. Eu mesmo vou em vários lugares quando posso, assisto shows desde black metal até hardcore. Respeitamos todos sem discriminação, tanto é que já tocamos com grupos punk, hard rock e heavy metal sem nenhum problema. Queremos agregar, o que vale é a união e o respeito, gostamos de conhecer as bandas e pessoas, além de apoiar quem está aí na correria como nós.

Corvo: Sim conhecer bandas novas sempre é bom. Aliás, nossa banda mesmo é nova e acho importante rolar essa troca de informações entre as bandas e o público

NHZ: Muito obrigado pela entrevista. Deixem uma mensagem aos leitores desta publicação.
Tiago: Gostariamos de agradecer a vocês e a todos que vem nos apoiando e pedir pra galera apoiar mais o metal nacional e as bandas de som autoral.

Corvo: Obrigado a todos, continuem acompanhando nosso trabalho nas redes sociais, nossa agenda de shows e sempre que puderem compareçam aos eventos.

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