Banda paulista ensina como fazer um black metal inteligente, abrangente sem abrir mão da aura maléfica do estilo
Por João Messias Jr.
Patria, Pactum, Mystifier, Great Vast Forest, Amen Corner, Murder Rape. Nomes de destaque da prolífica cena black metal nacional. Formações que são acima de qualquer suspeita e que atingiram o status de referência do estilo por seus próprios méritos e competência musical. Porém, essa lista merece ser ilustrada por mais um nome: Vulturine.
Os grupos citados acima devem ser cultuados entre os aficcionados do estilo (algumas são até obrigatórias), mas ao ouvir o álbum Tentáculos da Aberração (2014), queria entender o porque do Vulturine ficar relegado apenas à poucas pessoas. Pois o que temos aqui nesse disquinho, coloca muita banda metida a mainstream no bolso.
Mesclando canções em português e inglês, o grupo faz um som que apresenta elementos ríspidos, trabalhados, ritualísticos e climáticos, todos bem dosados em faixas longas que não cansam o ouvinte, pelo contrário, prendem o expectador a viagem de caos desesperadora.
Se há uma música que cai como uma luva no que foi descrito acima, é a faixa título, onde todo o clima vem permeado por vozes perturbadoras e se encaixa como uma luva, assim como Fanatismo e Obssessão. Outros momentos de destaque ficam para a abertura do álbum, Born to Spread His Words e Death, Tentacles, Chaos & Spiritual Destruction, essa com algumas passagens bem setentistas.
O álbum chega ao fim com uma versão black metal para Highest Power, do ícone punk GG Allin, Interessante desse som é mostrar a proximidade dos estilos, que soam como primos distantes.
Enfim, caras que entendem do riscado e uma banda que não faz feio na parte musical, Algumas ressalvas ficam por conta da produção, que apesar de permitir ouvir tudo com clareza e definição, peca nos cortes entre um som e outro, além da falta de um encarte com as informações básicas.
Se você for fã de black metal e das bandas citadas no primeiro parágrafo, tem tudo para adicionar o Vulturine nela.