29 de maio de 2015

NANDO MORAES: A LEVEZA DA MÚSICA INSTRUMENTAL

Guitarrista paulista confirma o bom momento dos músicos das seis cordas no Brasil

Por João Messias Jr.

Ignited!
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Chega a ser absurdo o que a nova geração de guitarristas brasileiros vem mostrando em seus álbuns. Além da musicalidade acima de qualquer suspeita, conseguem a proeza de não soarem chatos e cansativos. Ao lado de caras como Wagner Gracciano, Wael Daol e Walsuan Miterran, o paulista Nando Moraes confirma essa crescente.

Conhecido por ter feito parte do Lethal Fear, o músico soltou recentemente o primeiro álbum solo, Ignited, que apesar de ser inteiramente dedicado a música instrumental, conseguiu a proeza de fazer uma música leve e agradável aos ouvidos, fazendo da audição do disco, uma tarefa agradável e prazeroza.

Tendo como base a introspecção, "Ignited!", possui uma produção limpa e quase pop, que privilegia todos os instrumentos, além de ser um trabalho que se consegue ouvir de ponta a ponta por diversas vezes. Todas as músicas são dignas de elogio, desde o piano bem marcado de Once In A Shuffle Time, a pesada The Voyager e introspectiva Here It Comes, The Machine. Nem é preciso dizer que o carequinha toca muito e vai agradar fãs de caras como Satriani e Edu Ardanuy (Dr. Sin)

Só que o momento "para tudo" fica por conta da faixa que nomeia o disco, pois ela possui andamentos quebrados, quase progressivos e alia momentos que nos puxam para as melhores fases de grupos como Queensryche e Fates Warning.

"Ignited!" é mais uma evidência do ótimo momento vivido pelos guitarristas brasileiros, além de ser uma ótima dica para recarregar as energias após as tribulações do caos urbano.

25 de maio de 2015

SEU JUVENAL: "O ROCK NASCEU ERRADO, MAS NOS ÚLTIMOS TEMPOS ELE PERDEU SUA ESSÊNCIA"

Para muitos fãs de rock/metal, o estilo deixou um pouco de lado a sua espontaneidade e rebeldia, dando lugar a uma postura quase etérea e zen. Embora essa parte mais intelectual proporcionou aos olhos e ouvidos muitas coisas boas, é louvável ver e ouvir grupos que investem pesado no lado da atitude. Como os mineiros do Seu Juvenal apresentam em seu terceiro trabalho, Rock Errado, lançado em 2015. Numa salada que envolve rock, metal, blues e folk, o quarteto formado por Bruno Bastos (voz), Edson Zacca (guitarra/violão/voz), Alexandre Tito (baixo) e Renato Zaca (bateria/voz) criam um conceito que não fica preso as canções, principalmente pela capa e pelo formato em vinil.

Nesta entrevista feita com Renato Zaca e Bruno Bastos que é rica em espontaneidade, os músicos contam sobre o trabalho e outras coisas mais:

Por João Messias Jr.

Logo Seu Juvenal
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NEW HORIZONS ZINE: O ano de 2014 foi um ano e tanto para o grupo, que lançou seu terceiro álbum, chamado “Rock Errado”. O que estão achando da repercussão do mesmo?
Renato Zaca: Em 2014 foi finalizado o trabalho que foi lançado em janeiro de 2015. O retorno tem sido maior que o esperado, tanto da crítica quanto do público. Neste momento estamos planejando a turnê de divulgação para o segundo semestre.

NHZ: Normalmente o terceiro disco é determinante para a carreira de uma banda. Houve algum tipo de pressão interna para a criação deste trabalho?
Renato: De maneira alguma. Quando nos encontramos para gravar, sempre fazemos o melhor que podemos.

NHZ: Mergulhando um pouco na bolachinha, ela é repleta de particularidades, ao começar do título. Por que nomear o álbum dessa forma?
Bruno Bastos: O rock nasceu errado, mas nos últimos tempos ele perdeu sua essência, não é um estilo para seguir modinhas. Gostamos de criar algo que saia dos padrões pré-estabelecidos, não vale a pena menosprezar o gosto musical do ouvinte. É legal o artista em qualquer área não se ver cercado de regras, de barreiras. Criamos este rock errado com muita naturalidade, é simplesmente a maneira que fazemos.

NHZ: Outras particularidades ficam por conta da capa. A obra do artista Dinho Bento tem como fundo as cores laranja, vermelho e preto com uma criança com um cigarro na mão e fazendo um sinal obsceno com o dedo do meio. Como foram os trabalhos de desenvolvimento da arte e se chegaram a enfrentar alguns problemas por isso?
Renato: As crianças estão vulneráveis a violência, a religião imposta, aos vícios da sociedade.A capa representa um grande foda-se a essas questões que estão longe de serem resolvidas.Como se trata de um assunto delicado, houveram divergências, mas no final houve um consenso. Nesse disco a música “Moleque Dissonante” é tradução perfeita da capa.

Rock Errado
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NHZ: “Rock Errado” foi lançado exclusivamente em vinil pela gravadora Sapólio Rádio. Por que lançar nesse formato se hoje poucas pessoas possuem um toca discos em casa, além dos custos com aparelhos dessa grandeza.
Bruno: Lançamos primeiro em vinil e agora em CD. Sabemos que nem todos têm um aparelho de vinil em casa, foi uma oportunidade que nos foi dada, e como somos apreciadores da velha bolacha, aceitamos com muito prazer. Pegar nosso LP e colocar na vitrola foi realizar um sonho antigo.

NHZ: Agora vamos falar um pouco da parte musical do grupo. Vocês não se apegam a nenhuma formula ou estilo pré-definido, deixando a criação rolar solta, mas sem descaracterizar o som. Podemos sentir essa sensação ao ouvir desde os discursos cantados de “Asfalto” e “Homem Analógico” ao peso de “Free Ordinária” e “Louva a Deus”. Como é criar canções tão distintas e ao mesmo tempo tão próximas entre si?
Renato: Essas características sempre estiveram presentes em nossos discos. Nunca nos preocupamos em que estilo iríamos compor. É lógico que pensamos no disco como um todo, mas não chega a ser um problema apresentarmos diferentes climas, muito pelo contrário, são aspectos que ajudam a definir nossa essência como banda.

NHZ: “Burca”, que encerra o álbum, puxa esses dois extremos, mas ao mesmo tempo aponta novos caminhos, o que gera curiosidade. Na hora das composições, existe algum limite para o grupo ou vão deixando a coisa fluir?
Renato: É uma balança, não existe limite e deve-se deixar fluir, ela pode tanto mudar totalmente como se manter na ideia original. Quando algum de nós apresenta um som, todos podem opinar sem neuras. Temos sorte de estarmos em uma ótima sintonia nesse sentido.

NHZ: Com essa variedade musical, vocês entram em diversos nichos do
rock, desde o metal a tendências mais leves do estilo. Vocês sabem dizer qual o público que mais aprecia o som da banda?
Renato: Não somos uma banda de rock tão complexa como pode parecer. Tocamos um rock simples e verdadeiro. Acreditamos que sejam pessoas desprendidas de rótulos e que não tenham medo de experimentar. 

NHZ: Graças a ordem do disco, “Rock Errado” é fácil de ouvir de ponta a ponta pois juntas elas transmitem uma conexão, que traz o ouvinte para o universo do Seu Juvenal. Essa parte do track list vocês deixaram na mão da produção ou vieram com esse conceito na cabeça?
Renato: Podemos dizer que isso é uma das delícias de se lançar um disco em formato LP. O fato de se poder pensar em um Lado A e um Lado B, sugerindo ao ouvinte o que a banda imaginou que seria a melhor audição/compreensão da obra, é algo que curtimos muito. Neste ponto a banda teve total liberdade.

Seu Juvenal
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NHZ: Ainda falando sobre isso, como é lançar um trabalho neste formato e com esse sentido de conexão, sabendo que hoje a garotada sequer sabe pegar um disco de vinil e não curtem o barato de ouvir um trabalho inteiro, apenas trechos de cada banda ou artista?
Renato: Não pensamos só na garotada. Não temos dúvidas da praticidade e da funcionalidade do MP3. “Rock Errado” foi lançado em LP como uma realização pessoal, mas também está disponível em CD e para audição no Soundcloud. Cá entre nós, ficou do caralho a versão analógica. O selo Sapólio Rádio nos apresentou esta oportunidade e resolvemos abraçar. No início não acreditávamos que este formato seria tão aceito positivamente como vem sendo.

NHZ: Obrigado pela entrevista! O espaço é de vocês!
Renato: We love you all!
www.soundcloud.com/seujuvenal

19 de maio de 2015

FEARTONE: PESO E BRUTALIDADE

Quinteto paulista une raiva e a fúria do thrash  em novo trabalho, o EP Vicios

Por João Messias Jr.


Vícios
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A fusão de thrash com grooves é uma faca de dois gumes, pois em boa parte dos casos, a música pode virar um amontoado de ruídos desconexos e gratuitos. Mas o quinteto formado por Roberto Soldera (voz), Fernando Roma (guitarra), Pedro Corrêa (guitarra), Renan Roma (baixo) possui talento em sua funções e felizmente temos um bom resultado no EP Vícios.

Composto das faixas Anônimo e Sermão, a primeira se destaca pela variação de vozes que transitam entre  limpas, rasgadas e abafadas, enquanto a seguinte pelos andamentos dissonantes e agressivos. Agregada a competência musical, o trabalho apresenta uma ótima gravação, a cargo de Adair Daufembach e uma capa que sintetiza bem a proposta musical do grupo.

Agora é esperar como essa fusão se sai num álbum completo.

18 de maio de 2015

POP JAVALI: "NUNCA TIVEMOS PRESSA DE ALCANÇAR UM SUCESSO RÁPIDO E EFÊMERO"


Pop Javali
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Com duas décadas de estrada, o trio de hard rock Pop Javali colhe atualmente os frutos de bons serviços prestados a música. Boa parte desse feito vem graças ao segundo lançamento do grupo, The Game of Fate, que rendeu apresentações com grandes nomes da música nacional e internacional como Uriah Heep e Dr. Sin.

Neste papo feito com o baixista/vocalista Marcelo Frizzo e o guitarrista Jaeder Menossi (completa o trio o baterista Loks Rasmussen), os músicos falam do atual momento vivido pela banda, os shows recentes ao lado do Dr. Sin, além dos próximos passos, como um novo disco de inéditas e a primeira tour europeia.


Com vocês, Pop Javali:

Por João Messias Jr.

NEW HORIZONS ZINE: A banda retornou de uma turnê pelo Paraná ao lado do Dr. Sin. Como surgiu a ideia de fazerem esses shows em conjunto e o que acharam do resultado?
Jaeder Menossi: A ideia surgiu da grande amizade que fizemos durante a gravação do nosso CD “The Game of Fate” que o Andria e o Ivan Busic produziram. O resultado foi magnífico, tanto que novas turnês em conjunto devam ocorrer ainda esse ano.

Marcelo Frizzo: Extraordinária essa experiência! Todo mundo sai ganhando, o público, as casas de shows e as duas bandas!  Viajar e tocar ao lado desses músicos fantásticos, que são grandes amigos nossos, é sempre muito divertido. E o alto astral que temos juntos reflete nos shows que rolam num clima excelente! Bom pra todos!

NHZ: Interessante que assim como a banda dos irmãos Busic, vocês são um trio e estão com uma formação sólida. Falando nisso, como é a convivência de vocês após mais de duas décadas tocando juntos?
Jaeder: A convivência continua sendo ótima, somos pessoas simples e bem parecidas, isso facilita muito.

Marcelo: Somos uma família. Nós temos uma convivência muito boa, no trabalho e na parte pessoal também. Por sermos tão amigos é que a banda se mantém firme há mais de 20 anos. Momentos de dificuldades são encarados em conjunto por todos, aliviando o peso total, de forma que a gente se mantém inteiro mesmo em situações menos favoráveis.

Pop Javali
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NHZ: Voltando a falar de shows, as apresentações realizadas  na capital paulista em 2014, como a abertura para o Uriah Heep mostram o bom momento vivido pelo grupo, graças a excelente repercussão de “The Game of Fate”. Toda essa fase positiva foi algo planejado que vocês olham e dizem: "Tudo conforme o cronograma" ou as coisas foram rolando?Jaeder: Acho que as coisas aconteceram em conjunto; o resultado final do CD, a produção em si e as músicas terem atingido o nível almejado foi um fator que nos trouxe muita confiança. Também tivemos muitas apresentações no primeiro semestre de 2014, o que foi ótimo para aprimorarmos nossas performances e entrosamento.  

Marcelo: Eu creio que estamos iniciando uma fase de “colher o que plantamos” durante mais de 20 anos. Nunca tivemos pressa de alcançar um sucesso rápido e efêmero. A Pop Javali foi criada pra ser uma banda duradoura, não uma “aventura”. Sempre tivemos pés no chão. Eu entendo que nada acontece na véspera. Ainda estamos começando, mas já subimos os primeiros degraus. Ainda temos uma escadaria enorme pra subir, e vamos continuar da mesma forma: um degrau de cada vez.

NHZ: No nosso último papo, fazia pouco tempo que “The Game of Fate” havia sido lançado. Passado quase um ano dessa conversa, o que a galera tem falado do Pop Javali por aí?
Jaeder: As resenhas tem sido ótimas, mas o mais bacana é poder perceber nos shows a participação e interação do público. Este é o principal parâmetro e, sem dúvida, o mais importante.

Marcelo: A repercussão de público e crítica foi realmente acima do esperado! E ainda tem muita gente que está conhecendo só agora. E sempre tem agradado, o que nos deixa muito satisfeitos e honrados. A dedicação e empenho que colocamos neste álbum reflete nessa reação positiva das pessoas.

NHZ: “The Game Of Fate”, inclusive está sendo vendido em plataformas digitais como Spotify e iTunes. Apesar da maioria da galera do rock/metal ser fã do produto físico, vocês vêem esses canais como o futuro da música?
Jaeder: Creio que essas plataformas ajudam muito pois proporcionam outras formas das pessoas no mundo todo terem acesso ao nosso trabalho.

Marcelo: Não podemos ser “peixe fora d’água”.  As plataformas digitais são uma realidade assim como a própria internet. Não dá pra ficar alheio a isso.  Eu também, pessoalmente, prefiro um vinil, com uma capa grande, de preferência dupla, com encartes de letras e fotos! Puxa, isso era demais! (risos). Mas existe o lado bom da mídia digital, que é a divulgação sem fronteiras do trabalho. O Pop Javali hoje é conhecido em países que nem sequer imaginávamos que seriam nossos fãs quando a gente começou. Indonésia, Filipinas, são países onde há um grande número de apreciadores do nosso trabalho, graças às plataformas digitais.

No Reason to be Lonely
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NHZ: Ainda falando sobre o disco, a capa lembra a de Joe's Rhapsody, da extinta banda Destra. Vocês conhecem a arte? 
Jaeder: Sinceramente não conhecia, mas depois da sua pergunta, fui pesquisar e realmente achei as capas realmente parecidas.

Marcelo: Também não conhecia. Acabei de ver agora na internet porque a pergunta despertou a curiosidade. (risos) Sempre tem algo que se compara a alguma coisa, em se falando de música. O que é que ainda não foi feito (risos)?

NHZ: Vocês praticam uma música que transita entre o hard, pop e AOR. E isso me fez refletir que felizmente tempos hoje no Brasil bandas que além de representarem bem essa vertentes, como Desert Dance, Sioux 66 e Marenna, possuem trabalhos com excelente produção. Pensam que a hora do estilo no país finalmente chegou?
Jaeder: Acredito que estamos vivendo um momento muito criativo na cena nacional, existem muitas bandas brasileiras desenvolvendo ótimos trabalhos, isso acaba trazendo uma maior credibilidade, e, espero, maiores oportunidades e espaços.

Marcelo: Acho difícil dizer que nesse país algum estilo de música que não seja comercial, ou “bati
dão pra massa”, alcance sucesso. No entanto, continuamos na luta! Quem sabe o cenário melhore.

NHZ: A banda parte para seu primeiro giro pela Europa no segundo semestre. Quais as expectativas para essa tour e como pintou a oportunidade?
Jaeder: As expectativas são ótimas, já temos quatro datas confirmadas e a ideia é poder fecharmos mais quatro ou cinco shows. É a oportunidade de adquirirmos mais bagagem e solidificar ainda mais nossa carreira. A oportunidade surgiu através do trabalho diferenciado da Som do Darma, que assumiu a direção artística do Pop Javali a partir do início de 2015.

Marcelo: É uma excelente oportunidade e a expectativa é a melhor possível.  Estaremos apresentando nosso trabalho numa vitrine promissora. Essa sempre foi uma meta da banda desde o início: uma carreira internacional. As dificuldades são enormes, mas a oportunidade pintou principalmente através de pessoas conheceram o nosso trabalho e se interessaram em apoiar e viabilizar essa tour. So, let’s do it!

The Game of Fate
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NHZ: Para encerrar, existem planos imediatos para um novo trabalho?
Jaeder: Sim, na verdade já temos material novo suficiente para um disco duplo. (risos) Estamos nos programando para entrar novamente em estúdio em 2016, mas estaremos registrando o áudio dos nossos shows na Europa para lançarmos um CD ao vivo ainda antes do novo material de estúdio.

Marcelo: Ainda estamos divulgando “The Game Of Fate” pelo país. Em breve estaremos em outros centros levando nosso trabalho. E ainda tem a turnê européia em outubro. Mesmo assim, estamos nos dedicando muito em estúdio na pré-produção do novo CD, o qual deve ser gravado na virada do ano e lançado em 2016. Músicas novas vêm aí!

NHZ: Muito obrigado pela entrevista. O espaço é de vocês.
Jaeder: Nos é quem agradecemos pela oportunidade de falar aos seus seletos leitores. E gostaria de agradecer também a estes veículos tão importantes por ajudarem a fomentar a boa música e trazer perspectivas e horizontes para bandas como a nossa. Um grande abraço a todos!

Marcelo: Meu brother João Messias Jr., muitíssimo obrigado pelo espaço e pela consideração. Desejo o melhor para você e suas mídias e que siga firme e forte! Grande abraço!

11 de maio de 2015

VIGANS: AS APARÊNCIAS PODEM ENGANAR

"Além do Caos", debut do sexteto paulista necessita de algumas audições para que se compreenda realmente a proposta musical do grupo

Por João Messias Jr.

Além do Caos
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As aparências podem enganar sim senhor. No caso da música é algo que acontece com muita frequencia. Principalmente quando se resenha discos com pressa. O resultado são textos porcos e que não sintetizam a proposta dos grupos/artistas. É o caso de Além do Caos, debut dos campineiros do Vigans, que numa primeira audição, soa como uma mistura das fases mais pesadas de grupos como Oficina G3 e Rosa de Saron. 

Apesar de ter como referência o som dos grupos citados , a trupe formada por Damiller Figueiredo (voz), Léo Toscaro (guitarra), Gustavo Golfetti (guitarra), Marquinhos Uliam (baixo), Gê Santanna (bateria) e Junior (teclado), é possível perceber a influência de outros grupos , como Evergrey, Dream Theater, até Nickelback e Foo Fighters, o que gera um contraste interessante nas estruturas das canções.

Alguns exemplos ficam por conta do refrão não convencional de Decisão, as linhas de coral em Recomeçar e os arranjos de piano de Acreditar. Claro que as faixas mais pesadas chamam mais a atenção, como Amanhã, A Hora e a belíssima balada Eterno Amor, que tem tudo para ser o hit dos caras, nos palcos e nos louvores.

Sim, se trata de um grupo cristão que expressa o que vivencia por meio de suas letras. Espero que isso não seja motivo para não ouvirem Além do Caos. Se fizerem isso, estarão perdendo a oportunidade de ouvir uma banda que tem tudo para consolidar o nome no estilo que escolheram. Se não gostou, é outra questão, mas já passou da hora dos ditos headbangers deixarem dessa atitude de moleque mimado.

Até porque a banda se preocupou com o conjunto da obra, pois além das canções, apostou no excelente trabalho gráfico e numa produção que dá margem para todas as nuances e detalhes.

4 de maio de 2015

NUESTRO ODIO: A PODRIDÃO BRASILEIRA CONTADA DE FORMA CRIATIVA

Banda agrega elementos inusitados em meio ao hardcore/metal no debut Terra de Santa Cruz

Por João Messias Jr.

Terra de Santa Cruz
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Sabemos que a criatividade é a base para tudo, inclusive na música. Pois hoje já se falou em quase todos os temas possíveis nas mais variados estilos. Imagine falar da situação do nosso querido, amado e odiado Brasil sem soar clichê ou resmungão. Os caras do Nuestro Odio conseguiram exito na sua mistura de hardcore/metal, letras de protesto sem soar panfletário no debut Terra de Santa Cruz, lançado em 2014. 

Leonardo Ronqui (voz), Denis Alvim (guitarra), Tiago Rocha (baixo) e Leandro Oliveira (bateria) não reinventaram a roda, mas começam o disco assustando o ouvinte logo na abertura do disco. A faixa título,  é um samba das antigas que deixará os trues com a pulga atrás da orelha, que vale por quebrar certas regras. Mas  a partir de Desordem e Caos temos músicas pesadas, cadenciadas e ao mesmo tempo brutais, que entortam o pescoço e agrada os fãs de bandas como Pantera, Slayer, Sick of It All e Hatebreed. Seja nos grooves pesados de Sagaz, na pesadíssima Sangue no Olho e na variada Alma Corrompida, conhecida pelo vídeo que rola em redes como Youtube.

Outro destaque fica por conta dos devastadores riffs thrash de Por Um Deus, que ainda recebe linhas de guitarra não usuais. Narrações de políticos, personalidades da midia e televangelistas são outro atrativo do trabalho, que vem numa embalagem simples, em formato de envelope, com todas as informações necessárias, mostrando que a criatividade não ficou restrita as canções.

Fãs de porradaria, o Nuestro Odio é pra vocês!

PASSANDO A MENSAGEM

Com influências diversas, quarteto catarinense explora em suas letras a insatisfação contra o governo e corrupção Por João Messias Jr. As pr...