4 de dezembro de 2019

HISTÓRIAS QUE SE CRUZAM


Apresentação de banda polonesa no ABC marcou meu retorno a cena 

Por João Messias Jr.

Falar do Besatt é traçar a minha volta na cobertura de shows underground. Embora estivesse em eventos e resenhando discos, o ciclo ainda não estava completo.

Em 2010, um amigo da universidade me informou do evento e lá fomos, um rolê que contou com os poloneses e bandas daqui da região. Embora não manjasse nada de ninguém que se apesentou naquela noite, foi o suficiente para reacender aquele antigo sentimento de viver intensamente esse tal de rock and roll, o que permanece até hoje.

Passados nove anos desde aquele evento, assisti a banda mais algumas vezes e num meet and greet realizado no ABC, tive a felicidade de rever os caras e adquirir o mais recente trabalho dos caras, Anticross, de 2017.

Musicalmente, a banda soa muito diferente daquela época. Beldaroh (vocal/baixo), Colossus (guitarra), Astaroth (guitarra) e Exernus (bateria) soam mais variados e coesos, sem perder a aura maléfica do estilo.

Engraved Face é um dos exemplos. Dona de clima climáticos e coros gregorianos, é já entrega o que ouviremos pela frente. Battle, como o nome sugere, possui uma levada marcial e climas/narrações assustadoras, enquanto o caos predomina em My Sacrum e Brings the Light. Outros destaques ficam para a trampadíssima In my Veins, In my Heart e a épica Regnum Satanas, que coroa este excelente trabalho, muito bem produzido e chama a atenção pela capa, feita por Marcelo Vasco (Slayer).

O sentimento é de felicidade dobrada, por estar na ativa firme e forte e ver os poloneses em mais uma tour pelo pais. Além do agradecimento ao Besatt, Necromesis, Chaoslace, Mortal Hate , Sakramento e Processo do Ódio, bandas presentes naquele rolê.

12 de novembro de 2019

O ROCK É IMORTAL E ATEMPORAL




Festa de lançamento do novo album da Armored Dawn é mais uma evidência do bom momento vivido pelo metal nacional

Por João Messias Jr.

Muito se fala e comenta do fato de muitos dos nossos heróis do rock já terem partido para outro plano ou anunciando a aposentadoria, como fez recentemente Peter Frampton. Mas a questão é: devemos nos conformar e ficar em casa ouvindo nossos velhos discos e buscando coisas no youtube?

A resposta é não, pois com as facilidades tecnológicas, bandas conseguem lançar trabalhos de qualidade e alcançar mais pessoas com facilidade.

E dentre essa lista bem generosa, temos a Armored Dawn. Na estrada há algum tempo e fazendo um trabalho intenso da propagação de sua música, Eduardo Parras (vocal), Tiago de Moura (guitarra), Timo Kaarkoski (guitarra), Heros Trench (baixo), Rodrigo Oliveira (bateria) e Rafael Agostino (teclado) chegaram ao auge da carreira com o novo album, Viking Zombie.

Trabalho que foi apresentado para imprensa e convidados no dia 17 de outubro no Via Matarazzo (SP), na região da Barra Funda.

Cheguei por volta das 20h15 e havia muita gente no espaço, que teve como "esquenta" clássicos do rock/metal, como Bark at the Moon (Ozzy Osbourne), Midnight Mover (Accept) e I Wanna Be Somebody (WASP). Sons que rolaram até às 20h50, quando Thiago Bianchi deu as boas vindas aos presentes e falou das novidades da sua banda, o Noturnall.

Feito isso, passou o microfone para Rodrigo Branco (Kiss FM), que passou alguns detalhes da festa e chamou os membros do grupo um a um para a coletiva de imprensa e audição de Viking Zombie.

Durante a coletiva, foi interessante ver e ouvir em especial Eduardo Parras e Rodrigo Oliveira falarem do processo do álbum, que diferente de Barbarians in Black, foi feito no Brasil e a primeira tour européia que serão headliners.

Outra coisa que chamou a atenção foi a visão de marketing e planejamento que mostrou como um trabalho, que teve muito investimento (financeiro e estratégia), começa a colher seus frutos.

Interessante citar que não havia apenas a mídia do metal, havia muitos veículos não segmentados, que mostra a preocupação com o todo e não apenas em ser grande no seu próprio meio.

Afinal, ter uma banda que em um relativo tempo de existência, realizou centenas de shows, turnês e possuir dois fãs clubes, não é para qualquer um.

Como havia muita gente, houve alguns momentos que se foi necessário pedir para alguns presentes abaixarem o volume, mais de uma vez, mas nada que ofuscasse o brilho do evento.

O Álbum

Sabiamente, o Armored Dawn entendeu o caminho de fazer uma música atualizada sem abrir mão de seu estilo. Para esse terceiro disco, o sexteto deu uma enxugada nas canções, caprichou no peso e refrão, o que resultou num álbum gostoso e fácil de ouvir.

O disco abre com as certeiras Ragnarok e Animal Uncaged, conhecidas pelos seus videoclipes, que mostra que os meninos não estão pra brincadeira.

Algumas pontuações merecem serem ditas. Eduardo está explorando mais possibilidades com a voz, o que caiu como uma luva e os teclados possuem um toque escandinavo que fez o casamento perfeito no disco.

Outros destaques ficam  por conta da radiofônica Viking Zombie, Drowning (que lembra Return to Serenity - Testament), a poderosa Heads are Rolling e a climática Rain of Fire.

O projeto gráfico feito por João Duarte é fabuloso, que agradará a todos que queiram ter o material físico, cuja versão recebida é dupla e conta com o trabalho anterior, Barbarians in Black, com bônus acústicos.

A produção, feita por Rodrigo e Heros possui um tom mais orgânico, que casou com a sonoridade do disco.

Evidências que apontam que o rock viverá por muitos anos. Só basta que muitos deixem o saudosismo de lado e acompanhem o presente e o futuro do estilo.

14 de outubro de 2019

ALÉM DO QUE OS OLHOS PODEM VER



Psicodelia com toques alternativos é a receita do quarteto em recente trabalho

Por João Messias Jr.

A referência do álbum da banda gospel Oficina G3 vai muito além de um título bonitinho para essa resenha.

O título do referido trabalho descreve a sensação que temos a ouvir o álbum do quarteto Giant Jellifish. Olhando a capa, que mescla o óbvio e o abstrato, sugere uma banda psicodélica. 

Embora seja a base do disco, Teka Almeida (vocal/teclado), Rafa Almeida (guitarra), Thiago Tiba (baixo) e Leandro de Villa (bateria) não ficam somente na vibe de 1960/70, tendo como complemento um molho do rock alternativo noventista (alguém pensou Sonic Youth?).

Essa mistura é bem evidenciada em Dusting Dreams e Last Golden Age Syndrome. Em especial pelos climas e distorções de guitarra.

This Landscape of Steel se destaca pelo peso, enquanto Smokey Mary  se mostra a melhor do disquinho.

Guitarras elaboradas que se fundem a vozes  que vão da doçura ao discurso, que mostram um caminho que a banda deveria investir no futuro.

A produção, feita no Acústica Estúdios (Woslom/Arthanus) é muito boa, o que possibilita ao ouvinte captar com clareza o som dos caras.

Se for sua praia, embarque na nave. Do contrário, ouça antes de tirar suas conclusões.

10 de outubro de 2019

AULA DE MÚSICA BEM FEITA



Com referências no thrash/stoner, quarteto mostra um bom trabalho de guitarras e sons contagiantes

Por João Messias Jr.

O material de divulgação do álbum The Monster You Created (2018), sugere uma banda com referências de Pantera, Sepultura e Slayer. Óbviamente que essas influências são encontradas em muitos momentos do disco. Só que, para a nossa surpresa, temos muito mais que isso (felizmente).

O quarteto formado hoje por Flavio Giraldelli (vocal), Augusto Cardozo (guitarra), Gilmar Roberto (baixo) e Raphael Miotto (bateria) vai além, temperando o som com toques de Black Sabbath e Black Label Society, o que garante qualidade, peso e músicas muito boas.

As referências citadas no fim deste parágrafo aparecem de peito aberto na ótima Hanged Man's Ballad. Lenta e pesadona, apresenta ritmos quebrados e partes bem sacadas, além de uma letra de conscientização sobre o suicídio.

Bad Trip é outro momento interessante, por alternar momentos cadenciados e outros que flertam com o hardcore. Já Just in Case of Loss Read It possui um quê de Sacred Reich, enquanto Chaospiracy se destaca pelo ritmo arrasa quarteirão e o jogo de vozes.

A Lesson of Hate é um rockão da porra e o lado mais visceral aparece em God Bless Our Hate e Blinders.

A arte feita por Caio Bakargy lembra muito alguns desenhos dos anos 80 e casou com o conteúdo sonoro. Produzido pela própria banda e materizado por Brendan Duffrey (Hatematter, Furia Inc., Voodoopriest), apresenta um som uniforme e bem equilibrado.

Os caras fizeram a parte deles, agora cabe ao público conhecer, pois vale a pena.

30 de setembro de 2019

VERDADEIROS



Um verdadeiro tributo aos fãs de metal tradicional é a receita vencedora do Hellish War

Por João Messias Jr.

Numa cena que é rodeada por bandas de mentira, audiência (likes) falsa e intolerância com o próximo é de aplaudir bandas que mandam um foda-se para essas tendências e mantém o foco na música.

Só por esse motivo, Wine of Gods novo disco de estúdio do Hellish War, merece ser ouvido. Seis anos após o excelente Keep it Hellish, Bil Martins (vocal), Vulcano (guitarra), Daniel Job (guitarra), JR (baixo) e Daniel Person (batera), soltam um novo trabalho que mantém o alto nível musical.

Logo nos primeiros segundos da faixa título, sacamos o que virá pela frente, metal tradicional raiz, recheado de um ótimo trampo de guitarras (talvez o melhor da banda), cozinha consistente e um vocal que conduz com maestria o clima do disco.

Wine of Gods já possui alguns clássicos como Falcon, dona de uma linha pra lá de empolgante e a variada Devin.

Outros exemplos ficam por conta das excelentes Dawn of the Brave e House in the Hill, que evidenciam que Bil está mais do que entrosado com o grupo.

A épica/melódica Paradox Empire
a poderosa Warbringer, que conta com a participação de Chris Boltendahl (Grave Digger) são outros pontos altos do disquinho.

Que possui outros atrativos, como a bela qualidade sonora, cuja mixagem/masterização ficaram por conta de Ricardo Piccoli, além da capa feita por Eduardo Burato, que é fiel ao som do grupo.

Tudo embalado num belo digipack que recebeu um projeto gráfico feito por Juh Leidl (Freesome) e que cairá nas graças dos apreciadores do produto físico.

Wine of Gods é daqueles disquinhos que merecem aquele ritual dos saudosistas/fiéis: comprar o produto físico, tirar o CD e botar pra rolar.

27 de setembro de 2019

FÚNEBRE



Duo sergipano resgata o início do doom metal em EP

Por João Messias Jr.

Binho Carvalho (vocal/guitarra) e Arysson Lima (baixo/bateria) já merecem crédito pela iniciativa de terem criado o Mass of Souls. Pois o duo apresenta uma proposta musical um pouco esquecida, mas repleta de fãs fiéis: o resgate do doom metal.

Vale dizer que o doom que falamos nada tem a ver com o clima lisérgico e psicodélico de bandas como Saint Vitus e Trouble. 

Mas aquele de clima moribundo, fúnebre e arrastado, dos primeiros dias do Anathema, Katatonia e Paradise Lost, cujo resultado está no primeiro EP do duo.

As características do estilo dão as cartas logo de cara em Dark River of Lost Souls, com destaque para os guturais, vindos das profundezas.

Limbo é bem arrastada, enquanto Rebel Path of Conscience e One Soul Refuse são os destaques, por apresentarem mais variação, melodias trabalhadas, flertes com o black metal.

Vamos ficar de olho nos próximos trabalhos dos caras, que podem fazer algo mais ousado e fora da casinha. Além de uma capa melhor é claro

23 de setembro de 2019

A VERDADEIRA ESSÊNCIA DO METAL



Novo trabalho dos paulistas aposta em riffs bem construídos e canções para bater cabeça

Por João Messias Jr.

O metal hoje ficou algo tão cheio de regras, cartilhas e formadores de opinião, que a grande maioria dos fãs do estilo se esqueceu do principal elemento que nos faz tão devotos: os riffs.

Feitos para bater cabeça, esse "artifício" consagrou muita gente como Malcolm Young (AC/DC), Scott Ian (Anthrax) e o pai de todos, Tony Iommy (Black Sabbath) e aqui no Brasil temos um grupo que é fiel dessa escola: o Distort, que acaba de soltar um novo trabalho.

Batizado de New Terror Against Greed, o disquinho é uma reedição  do disco de estreia (Terror Against Greed), que conta com a regravação de vozes e cordas, além de um novo trampo gráfico.

Para aqueles que não sabem, o Distort conta com Cristiano Fusco, guitarrista que gravou os primeiros álbuns do Torture Squad. 

Agora acompanhado de Heverton (vocal, Imperium Infernale), Caio (baixo) e Thiago (bateria),  o quarteto investe no thrash metal, cheio de riffs fodásticos, daqueles feitos para bangear, como Mad as a Hatter e Covering a Face. Porém, esses são apenas dois exemplos, pois o disco todo apresenta excelentes riffs.

Outro destaque são para os vocais de Heverton, que casou bem com o instrumental, assim gerando sons interessantes como Hidden Thoughts, Blowing Up, essa com direito a um "Uh" (os fortes sacarão) e Thrashed Life, essa bem Kreator.

Um disco indicado não apenas aos thrashers, mas em especial para aqueles que apreciam música orgânica, feita com paixão.

12 de setembro de 2019

DOCE MELANCOLIA NORDESTINA



Banda paraibana aposta no clima depressivo e arrastado em primeiro trabalho

O estado da Paraíba é sinônino de representatividade, seja pelo seu povo acolhedor, pelo simpático time do Treze e por possuir bandas históricas como Nephastus e Medicine Death.

Justamente da terra dos potiguares que vem o Ode Insone, que ao contrário das bandas acima, privilegia uma música climática e melancólica. 

Tiago Monteiro (vocal), Mad Ferreira (guitarra), Lucas Souza (guitarra),  Victor Laudelino (baixo) e George Alexandria (bateria) soltaram em 2018 o álbum Relógio, que apesar do clima soturno e lentão, não fica preso ao passado e apresenta uma música renovada, cativante e cheia de surpresas.

Numa espécie de mix, com elementos do gothic rock, black e death metal, oferece ao ouvinte agradáveis minutos de boa música.

Variedade que dá as caras logo na faixa de abertura, Perfume Negro, que começa com piano, depois ganha peso, clima arrastado e vocais que alternam momentos limpos, ríspidos e guturais.

Plumeria Rubra é mais climática, enquanto Folhas de Outono é aquele som que gruda, começando como uma balada e depois ganhando novos elementos.

Outra coisa bem sacada no som dos caras, fica por conta das guitarras. Alternando riffs e solos dignos de nota, roubam a cena em Relógio e Versos de Dor.

O álbum se encerra com Ode Insone, que apresenta mais surpresas. Mostrando toda a versatilidade do quinteto, com passagens que vão do black ao power melódico, em especial na bateria.

Uma grata surpresa nordestina, que está trabalhando no próximo lançamento, o álbum Origem da Agonia, previsto para este ano.

10 de setembro de 2019

PIONEIRO



Segundo trabalho da banda, lançado em 1991, apontava caminhos não usuais no thrash metal

Por João Messias Jr.

É verdade que na década de 1990, o thrash metal, seja americano ou europeu, já não causava o mesmo impacto que a uma década atrás. Com isso, as bandas novatas ou veteranas buscavam por novos caminhos. 

Uma delas foi o The Mist, que em especial no álbum The Hangman Tree pode-se dizer que fez um disco de vanguarda, trilhando por caminhos não usuais e buscando por algo épico, teatral e pesado.

Com uma formação diferente do debut Phantasmagoria (1989), tendo Vladimir Korg (vocal, Chakal), Jairo Guedz (guitarra, ex-Sepultura), Marcello Diaz (baixo) e Christiano Salles (bateria), o som mantia a aura densa, porém, cheia de novidades.

As músicas, como disse anteriormente, seguem um clima mais épico e teatral, com os vocais de Korg soando como uma narrativa.

" The Hangman Tree é uma visão pessoal que possuo. Eu criei um purgatório. A árvore é a própria pessoa, que é condenada por ela própria, que morre e se transforma numa arvore. É a sociedade condenando as pessoas. Fazendo um inferno interior nelas." Palavras de Korg em uma entrevista para a Rock Brigade em 1992.

Conteudo lírico que conecta-se perfeitamente, tendo músicas hipnóticas (graças a sutis toques industriais), como as inesquecíveis Peter Pan Against the World, a cadenciada Falling into my Inner Abyss, The Hell Where Angels Live (que show de baixo).

Só essas valeriam o disco, mas o pódio fica com Toxin Diffusion, cover do Psichic Possessor (banda que vale conhecer), God of Black and White Images (com um beat não usual na época) e principalmente a trampadíssima The Scarecrow. Fundindo metal tradicional, vocais agonizantes/hipnóticos e um jeitão grudento, é o ápice delirante dessa obra.

Obra que possui uma das artes mais lindas do estilo, a cargo de Kelson Frost (Sarcófago, Witchhammer, Em Ruínas) e uma otima gravação, feita no JG Studios.

O mais legal é ver que a banda retomou as atividades, fazendo shows pelo pais. Mais uma evidência do poder da música feita com o coração, ela sobrevive ao tempo, não perece e conquista novas pessoas.

2 de setembro de 2019

MINHA CENA É A MINHA ARTE

Sem se preocupar com modas e tendências, Igor Lopes vai divulgando aos quatro cantos há quase duas décadas

Por João Messias Jr.


A frase do título dessa matéria, dita pela alma do Em Ruínas, o guitarrista/vocalista Igor Lopes, reflete bem a trajetória desses dezessete anos de vida.

São duas demos, um compacto e dois álbuns, que comentaremos um pouco linhas abaixo, começando do debut, ... From the Speed Metal Graves, de 2010.

O que temos nesse disquinho (um digipack de primeira) é um verdadeiro tributo ao metal oitentista, numa mescla de speed metal (Mötörhead) com uma pegada rock and roll, onde temos riffs crus, baixo estalado e uma bateria predominante veloz.

É possível sentir algo de bandas como Hellhammer e Running Wild, o que dá mais autenticidade ao trabalho. 

Em pouco mais de meia hora de música, alguns dos destaques ficam por conta de Nuclear Nightmare (Power in Devastation), Headbanger Race (Warriors of Tomorrow) e Tribute to Brave Ones. 

Outros momentos que devem ser mencionados é que o disco é repleto de participações especiais (a lista é extensa) como Atomic Steif (Violent Force, Holy Moses), Leon Manssur (Apokalyptic Raids) e Angel (ex-Vulcano), além das fotos e a capa feita por Kelson Frost, que leva o leitor aos tempos dos discos da Woodstock e o clássico I.N.R.I. (Sarcófago).



Em 2017, o segundo full, No Speed Limit (Metal Tornado) ganha a luz do dia, que para a alegria dos fãs do estilo, o disquinho apresenta superioridade em todos os aspectos.

Sim, o speed metal visceral foi mantido, mas agora melhor trabalhado, desde a qualidade dos arranjos , até lances mais inusitados. 

Como a composição em português Somente a Morte é Real, dedicada a Martin Ain (Celtic Frost), as já clássicas No Speed Limit (Metal Tornado) e Two Minutes in Ruins.

Vale citar também a versão para Mate o Réu (Stress), aqui rebatizada de Go to Hell e o interlúdio Universalis Conscientia, que encerra o disquinho.

Algumas "tradições" continuaram mantidas como a bela capa, aqui feita por Toni Metal "Correria", que é uma verdadeira viagem, além das fotos que nos leva aos anos românticos do metal nacional.

Longa vida ao Em Ruínas e para todos os grupos/zines/blogs e fãs que lutam para levar a verdadeira arte aos quatro cantos deste planeta.

30 de agosto de 2019

MENOS LIKES, MAIS AMOR

Por João Messias Jr.

São doze anos com o New Horizons, tempo que me dedico produzindo conteúdo e esse período foi marcado por muitas alegrias e surpresas, assim como tristezas e decepções.

Com essa gama de sensações e sabores, é natural que algumas pausas aconteceram no meio do processo, sendo que a de 2018 foi a mais longa delas.

Eis que, após mais de um ano sem produzir nada, mais precisamente no dia 5/7/2019, tivemos a primeira resenha e até o dia de hoje foram 26 matérias, entre análise de discos e shows. Isso sem contar as colaborações para outros veículos. O que não deixa de ser fantástico.

Em contrapartida, vejo algo que me fez (e ainda faz) pensar bastante. A "cultura dos likes". Banda e público implorando para que curtam/compartilhem suas publicações e caso isso não ocorra, começam os textões nas linhas do tempo nas redes sociais, dizendo que ninguém faz nada pela cena e por aí vai.

Entendo o pessoal de bandas/agências/sites/blogs que buscam levar o negócio de forma profisional, mas em muitos casos o menos é mais. Pra que ter muitos seguidores, se a maioria não acompanha seu trampo?

É melhor dez caras de uma página de 100 curtir seu trampo do que cinco curtirem uma de mil.  Temos de entender que a melhor forma de divulgar seu trampo é fazê-lo bem feito, com paixão, entrega e profissionalismo. Sem esperar algo em troca.

Dessa forma as pessoas comprarão seu material, assistirão às suas transmissões e lerão o conteúdo oferecido.

Há muitas horas que sinto falta daqueles românticos do rock, que compravam um disco ou revista, e ia no brother para compartilhar o material. Diferente dessas bandas/veículos que querem  ser famosos sem tocar/assistirem shows em lugares pequenos.

Rapaziada, menos likes e mais amor, vamos valorizar a música que tanto amamos com paixão, menos mimimi e mais conhecimento de causa.



28 de agosto de 2019

AGRESSIVIDADE CAÓTICA



Músicos talentosos juntam forças e lançam material com clima visceral e energia

Por João Messias Jr.

Desde a primeira vez que acompanhei um dos primeiros shows do então vocalista do Eterna, Leandro Caçoilo, já vi/ouvi o cantor fazer muitas coisas com a voz. Desde o hard rock com o Hardshine e Hardalliance, prog com a Seventh Seal e cantando os clássicos do Viper. Porém, essa história ganha um novo momento com o Endust.

Ao lado de Glauco Rezende (guitarra/baixo) e Fernando Arouche (bateria), o grupo prioriza o peso e um clima visceral, como um mix do thrash do Machine Head com o prog metal, tudo aliado com um clima denso e melancólico.

A sensação descrita aparece logo de cara nas faixas de abertura, Someone to Blame (cuja bateria flerta com o death metal) e All Ends in Dust, que mostra todo o virtuosismo dos envolvidos.

Sabiamente, o trio soube personalizar sua música, inserindo trechos mais melódicos nas canções, como em Lost Without a Way e a baladaça Beyond the Memories, que além de ser a melhor do disco, mostra partes de voz influenciadas pelo hard/AOR.

A pancadaria reaparece em Only One Will Stand e seu mix de Slayer/Evergrey e a quebradeira de Flood, fazendo desse álbum, uma grata surpresa, feito por gente (muito) talentosa diga-se de passagem.

27 de agosto de 2019

O GEOFF TATE QUE TODOS QUEREM OUVIR



Nova empreitada do vocalista que ficou famoso no Queensryche é uma grata surpresa

Por João Messias Jr.

Não é segredo pra ninguém que após deixar o Queensryche, o vocalista Geoff Tate, não fez nada impactante, apenas trabalhos medianos que pouco acrescentam aos fãs.

Só que essa história começa a mudar com o lançamento do Sweet Oblivion, onde mostra que ainda tem muita lenha pra queimar.

Nessa empreitada que além do cantor, conta com Simone Mularoni (guitarra/baixo), Paolo Caridi (bateria) e Emanuele Casali (tecladista) Geoff mostra aquele lado que já faz tempo que os fãs querem ouvir.

Linhas de voz carregadas de emoção e dramaticidade que o colocaram no topo dos melhores do heavy/prog temos em abundância, como em Hide Away e True Colors.

Não para por aí. My Last Story e Behind Your Eyes são outros destaques, em especial a última, cujo instrumental funde AOR e prog com  maestria.

O interessante aqui é que temos momentos fora da curva, que também são dignos de nota. A grunge/alternativa Disconnected e acelerada A Recess from my Fate são dois bons exemplos da variedade do disco.

Nem mesmo faixas que não fedem nem cheiram como Transition tiram o brilho deste álbum, que já faz por merecer uma continuação.

20 de agosto de 2019

VALEU ESPERAR



Quarteto lança novo disco de inéditas com um surpreendente poder de fogo musical

Por João Messias Jr.

Resenhar uma de suas bandas favoritas é uma tarefa ingrata, pois você acaba misturando emoção e razão (enfatizando sempre o primeiro), então em alguns casos é necessário dar um tempo, conter a ansiedade e assim, partir pra resenha.

Pois bem, já fazia tempo que os fãs do grupo aguardavam um novo registro de inéditas desde The Last File (2000), visto que Re-Lapse (2014) são regravacões dos clássicos. 

Eis que em 2018 essa espera acabou, com A Circus Called Brazil, que tranquilamente fica ao lado dos clássicos Simoniacal e Mental Slavery.

Alexandre Cunha (vocal/bateria), Décio (guitarra), Dumbo (guitarra/vocal) e Morto (baixo) ,mantiveram o thrash afiado e irreverente dos primeiros tempos, mas com uma pegada atualizada, sem aquele ranço datado, o que foi ótimo.

Essa vibe ouvimos em Fleeing Terror, que é um encontro dos riffs dos primeiros dias do grupo com um groove marcante. E falando nas frases de guitarra, Lucky apresenta alguns arrasadores.

Cure & Disease é uma grata surpresa. Mais acessivel e com uma pegada Black Album (Metallica), conquista de imediato. Toy Soldier começa quebradona e depois mete os pés no peito do ouvinte.

O disquinho ainda tem uma versão irada para Speedfreak (Mötörhead) e a épica faixa título. Apresentando climas viscerais e trampados, possui uma letra genial. Cutucando a ferida dos alienados cientistas políticos que temos hoje.

Sim, a produção a cargo de Tiago Hóspede (Worst, Dead Fish) é fantástica, assim como a capa e o encarte feitos por Cleiton Amorim.

Além disso, vale dizer que em termos de arranjos e vozes, seguramente é o melhor trabalho do quarteto, que seguramente lançou um novo clássico do thrash metal nacional.

18 de agosto de 2019

SOANDO ATUAL



Lançamento do álbum de 2006 nas plataformas de streaming, marca retomada das atividades do grupo

Por João Messias Jr. 

Para aqueles que não se recordam, o Laudany foi uma banda que teve uma ótima contribuição no cenário musical nacional. Boa parte desse mérito se deve ao álbum Trials and Punishments (2006), trabalho amplamente divulgado e que rendeu diversas apresentações ao grupo, inclusive com os portugueses do Moonspell.

Depois de um hiato, eis que no dia 15 de agosto, aniversário da cidade de Sorocaba, terra dos caras, eles relançam o trabalho nas principais plataformas de streaming.

Sendo assim, nada melhor do que relembrar o trabalho. Com os pés no gothic rock/metal e um clima melancólico, não soavam como cópia barata de grupos como Paradise Lost e Sentenced. Boa parte disso graças a dramaticidade dos vocais de Moysés Prado e os riffs bem bolados do guitarrista Hooligan.

O disco começa pesado com Learning to Fall e Darkening the Youth, mas dá uma virada na sonoridade, soando lento e introspectivo, como na balada Unnatural Paradise e na densa Loosing Shelter.

Outros momentos de destaque ficam por conta de The Almight Ego, com ritmos tribais a cargo de Amyr Cantúsio Jr. e Criminal, que conta com os vocais de Melissa Boa Morte.

Gostou? Pois bem, a banda, que hoje conta com Moysés Prado (vocal), Hooligan (guitarra), Eliton Tomasi (baixo) e Neto (bateria) estão de volta e preparam um novo EP, com previsão de lançamento para outubro.

15 de agosto de 2019

DEDICADO AOS THRASHERS



Mais que um disco, The Sound of the Devil's Bell é uma prova de amor ao thrash metal

Por João Messias Jr.

Em 2017, mais precisamente no mês de setembro, resenhei o debut do Forkill, em que determinado momento, disse que o trabalho não soava como cópia do que era feito no exterior, em especial os discos que o selo Woodstock lançou por aqui.

Passados dois anos e contando com Matt Silva (vocal/guitarra, Affront, substituído por Igor Rodrigues), Ronnie Giehl (guitarra), Gus N.S. (baixo) e Rodrigo Tartaro (bateria) soltam The Sound of the Devil' Bell, que não só supera o disquinho anterior, como se mostra uma devoção ao thrash metal.

Aqui temos todos os ingredientes que fazem o fã do estilo subir pelas paredes: riffs e solos trabalhados e agressivos, cozinha que não se limita ao feijão com arroz e vocais que fazem uma linha mais crua e ríspida, que casa perfeitamente com a massa sonora.

A impressão passada é que as canções feitas para os shows, tamanha energia que passam. Ouça com carinho Emperor of Pain, Warlord e principalmente Let there be Thrash, essa um novo clássico do grupo.

O álbum não se restringe apenas a porradaria. Temos alguns interlúdios como Knight of Apocalypse e Leviaethan, além de R.E.D. (Request Endless Devil), que tem uma veia crossover e os solos matadores de Old Skullz e When Hell Rises.

O disquinho termina com Vendetta, regravação do primeiro álbum e se você for fã de thrash metal, esse é o disco, que aperfeiçoa os melhores momentos da escola americana/alemã, dando uma cara brasileira no lance.

Se ainda não de convenceu, a capa feita por Rafael Tavares (Torture Squad, Desdominus), é um espetáculo, assim como o projeto gráfico, assim como a gravação, de primeiro mundo.

14 de agosto de 2019

EMBARQUE NESSA VIAGEM


Uma viagem de trem cercada dos mais variados elementos musicais é a nova investida do trio

Por João Messias Jr.

Em tempos de músicas ocas, é bacana quando chega em nossas mãos algo que transborda intensidade e sentimento. Como o mais recente trabalho do Maestrick, Espresso Della Vitta - Solare.

Essa é a primeira parte de um trabalho conceitual, que como a capa sugere, são reflexões da vida sendo descritas numa viagem de trêm, tendo uma gama infinita de influências, como base o rock progressivo.

Apesar da riqueza de  detalhes, Fabio Caldeira (vocal, teclado, piano), Renato "Montanha" Somera (baixo) e Heitor Matos (bateria) não irritam o ouvinte com egocentrismos musicais, mas sim com sons com uma carga emocional muito forte, com riqueza de detalhes.

Alguns exemplos ficam para Daily View (inspirada em Queen), Water Birds (um encontro de 14 Bis com Roupa Nova) e a apoteótica The Seed.

Não fica só nisso. Across the River é dona de uma linha vocal marcante, e belos coros, enquanto Penitência  é o momento inusitado do trabalho. Em português e inspirada na música nordestina, é uma evidência da nossa riqueza músical.

Outros pontos de destaque são a produção de primeiro mundo, a cargo de Adair Daufembach (Trayce, Project 46, que gravou as guitarras do disco) e o belo projeto gráfico, assinado por Juh Leidl (Freesome).

Espresso Della Vitta - Solare é um aquele álbum que faz por merecer figurar ao lado de discos consagrados como Holy Land ( Angra), Joe's Rhapsody (Destra) e A Brand New Day (Akashic).

9 de agosto de 2019

CAOS



Quarteto remete ao caos o ouvinte em Diabolical Dominium

Por João Messias Jr.

Já com uma certa bagagem e apresentações com bandas renomadas do death/black como Krisiun e Amem Corner, o Spiritual Hate mostra seu poder maléfico em Diabolical Dominium (2017).

Formado na época por Magnus Hellhound (guitarra/vocal), Blackmortem (guitarra), Victor Próspero (baixo) e pelo session drummer Gabriel Guerra, mostram ao ouvinte um black/death que alterna passagens brutais a momentos trabalhados.

Fugindo do que seus colegas de estilo fazem, os caras possuem na manga belos riffs de guitarra, que levará o leitor aos tempos do clássico Altars of Madness (Morbid Angel), o que dá um diferencial e tanto no disco.

Exemplos ficam por conta de Excomunion, Awaiting Fucking Jesus (conhecida pelo clipe), Honour at Glorian e From the Purity to Fornication, que mostra toda a destreza dos caras.

Mas não fica só nisso. Behind Lies of God possui um refrão interessante e clima ritualístico, assim como a faixa título, que encerra o álbum.

Hoje a banda se encontra com uma nova formação, que conta além de Hellhound e Blackmortem, com o baixista Marcelo Noktuz (baixo) e Malus (bateria) e está trabalhando em sons para um futuro lançamento.

8 de agosto de 2019

O LANCE COMO DEVE SER



Trio paulista lança EP ao vivo mostrando espontaneidade e metal de forma sincera

Por João Messias Jr.

Cabelos longos, tenis branco de cano alto e jeans colados. Esses são alguns dos "símbolos" que representam o heavy metal. Não menos importante, outro símbolo do estilo eram os bootlegs.

Explicando de forma simples, bootlegs são trabalhos captados em áudio ou vídeo, de forma artesanal, com um gravador, uma câmera ou direto da mesa de som, cujo resultado soa mais rústico e honesto. Bem diferente dos "ao vivo" que rolam por aí. Inclusive os erros ficam nessa gravação.

Basicamente é essa intenção que passa o atual registro do Insanitah, o EP V8 Na Cena. Gravado em abril de 2018 no estúdio V8,  o disquinho mostra o trio, que contava na época com João Paulo Marcondes (guitarra/vocal), Fernando Palmieri (baixo/vocal) e Alex Kruppa (bateria, posto que hoje conta com Osmar Oga Jr.) fazendo uma espécie de ensaio aberto para os amigos.

Esse clima mais próximo e descontraído é perceptível nos intervalos de cada canção, reforçando mais o caráter do EP.

Musicalmente temos um mix de sons novos e outros que fizeram parte do EP The Mecanism of Forgotten Ages, como The Hatesong e Blue Hell, que evidencia o curioso mix do grupo, cujas referências são Iron Maiden, Death e Kreator.

Além das já conhecidas, temos as inéditas Dreams of Shadows e Scorn. A primeira é uma mistura de black metal com o technical death caracteristico do trio, que apresenta o baixista nos vocais. Já a segunda é na linha mais tradicional dos caras, com destaque para as linhas de bateria, que fundem samba e maracatu na tempestade metalica do grupo.

Ainda temos uma versão para Fear of Napalm, do Terrorizer. Registros como V8 Na Cena são importantes para nos mostrar algo que nós, camisas pretas esquecemos já faz um tempo.

Que heavy metal não tem de ser apenas bem feito e tocado, mas possuir  coração e espontaneidade.

RETORNO TRIUNFAL...UMA AULA DE THRASH



Ingleses lançam o primeiro álbum de estúdio após 23 anos

Por João Messias Jr.

Os ingleses do Xentrix nunca figuraram no primeiro escalão do thrash metal, mas deixou durante toda sua história álbuns memoráveis como Shattered Existence (1989) e For Whose Advantage ( 1990), graças ao thrash metal trabalhado e variado que praticavam.

Entre algumas idas e vindas, e hoje formado por Jay Walsh (guitarra/vocal), Kristian Havard (guitarra), Chris Shires (baixo) e Dennis Gasser (bateria), soltaram em 2019 um novo trabalho, Bury the Pain, o primeiro desde o experimental Scourge, de 1996.

E apesar do tempo sem soltar material inédito, ouvindo o disquinho, percebemos que o quarteto continua afiado e além, dando uma aula de thrash metal. 

Ao mesmo tempo que o grupo manteve o estilo trabalhado, botou doses de agressividade e groove (alguém pensou Testament?), que fazem desse álbum uma aula de thrash, com uma musicalidade forte e renovada.

A faixa título que abre o trabalho já mostra o que teremos durante todo o disco: thrash trampadissimo, malvado e melódico nos momentos certos.

There Will be Consequences é um dos clássicos do disco. Feita para os palcos, contagia do início ao fim. The Truth Lies Behind aproxima o grupo ao seu início de carreira, enquanto Let the World Burn é dona de um groove poderoso.

Bleeding Out é cheia de maldade, enquanto Deathless & Divine é brutal e trabalhada. Mas o momento de realmente babar é em The One You Fear.

Agressiva, melódica, bateria marcante e solos inspirados em Iron Maiden/Judas Priest, é daquele som  que merece ser pedido quando se faz um hat trick no FIFA.

A arte da capa, feita por Dan Goldsworth (Accept, Alestorm) é belíssima e assim como Bury the Pain, tem tudo para liderar as listas de melhores do ano.

Demorou pra vir, mas veio de forma avassaladora!

6 de agosto de 2019

UM NOVO CAPÍTULO


Quinteto retoma a agressividade e o pique mais thrash em Humanicide

Por João Messias Jr.

O álbum The Evil Divide (2016), elevou a música do Death Angel a outro patamar. Graças a melancolia e intensidade contida em cada canção, me fez tatuar a capa do álbum na pele, mas isso é assunto para outro dia.

A verdade é que o fã deve ter ficado curioso em saber os próximos do quinteto formado por Mark Osegueda (vocal), Rob Cavestany (guitarra), Ted Aguilar (guitarra), Damien Sisson (baixo) e Will Carroll (bateria). Passos que se resumem em técnica e muita agressividade.

Caracteristicas que dão as caras logo de cara em Humanicide, Divine Defector e Aggressor, todas com belos riffs e partes pra cantar junto.

Immortal Behated, que conta com Vika Yermolyeva no piano é um dos momentos mais introspectivos do disquinho, que logo recebe mais doses viscerais de thrash. Ghost of Me (com solos de Alexi Laiho - Children of Bodom) e Of Rats and Men são outros momentos quebra pescoço.

The Day I Walked Away encerra o trabalho de forma mais experimental e introspectiva, mas sem destoar do álbum, que é uniforme e daqueles de se ouvir de ponta a ponta.

Com uma bela produção, a cargo de Jason Suecof e um acabamento gráfico de primeira, é um dos trabalhos que tranquilamente figurará na lista dos melhores de 2019!

TE GANHA AOS POUCOS


Uma audição atenta mostra o ótimo trabalho que o veterano cantor fez em seu segundo disco solo

Por João Messias Jr.

David Reece é um cara que dispensa apresentações. O veterano vocalista já figurou em bandas grandes como Accept, Bonfire, e bandas veneradas do hard rock como Bangalore Choir. 

Um currículo vencedor de uma extensa carreira musical, que ganha um novo capítulo com Resilient Heart.

Para aqueles que esperam algo na linha feita na década de 1990, decepcionará, pois o foco é mais voltado ao rock dos anos 70, em especial os primeiros trabalhos do Whitesnake.

Anytime at All e Wicked City Blues, essa com um belo trabalho de guitarra e teclado entregam essa vibe, assim como as boas harmonias de Karma.

Após I don't Know Why, o hard ganha força e temos aí os grandes momentos do trabalho. Seja nas cordas maliciosas de Ain't got the Balls, ou no refrão que te ganha de Two Coins and a Dead Man, temos um cantor mandando bem nessa maçaroca toda, o que é muito legal.

A Perfect Apocalypse e Live Before you Die são outros pontos altos de Resilient Heart, enquanto I'm the One fecha o disco de volta aos 70.

Talvez não vire um clássico, mas garante minutos prazerosos de rock and roll.

1 de agosto de 2019

DÁ GOSTO DE OUVIR (E VER)



Quinteto usa da criatividade para fugir da mesmice em seu primeiro disco

Por João Messias Jr.

Já foi dito em diversas resenhas do blog que não basta tocar bem e ter um bom disco na mão para se destacar no underground.

Como num trabalho de gestão, é necessário criar alternativas e diferenciais para que o seu trabalho se mostre atrativo.

E o pessoal do Sudakah entendeu direitinho. Sergio Ogres (vocal), Christian Rentsch (guitarra), Ricardo Quattrucci (baixo) e Edu Garcia (bateria, que só gravou o disco), se utilizaram de táticas no minimo interessantes.

Começando da parte gráfica, cuja capa é do tamanho de um compacto de vinil, acompanhada de pôster e encarte detalhadíssimos.

Na parte musical, temos uma gravação primorosa, a cargo de Marcello Pompeu (Korzus) e músicas que passeiam pelo groove metal, thrash e stoner. 

Tudo cantado em espanhol, o que dá um molho especial aos sons. Prisionero é lenta e ganha passagens peso pesado, enquanto No Soy e Corazon Muerto são mais cadenciadas.

Ratas del Infierno e Brasil Muerto são mais voltadas para o mosh enquanto Espectro começa brutal e recebe contornos minimalistas bem sacados.

Se ainda não se convenceu, escute Prisionero e Sicario, que contam com as participações do já citado Pompeu e Luca Bretone (Crossfear).

Fodástico e criativo!


31 de julho de 2019

ROCK ROCK ROCK

Capital paulista foi recheada de atrações especiais no dia mundial do rock



Por João Messias Jr.
Fotos: Pri Secco

O dia 13 de julho é um dia mais que especial para quem vive o rock, pois graças ao Live Aid, idealizado por Bob Geldof, temos uma data para celebrar o estilo que tanto amamos.

E não há melhor forma de comemorar a data assistindo shows. A cidade de São Paulo preparou uma programação repleta de atrações de rock/metal. Como seria algo inviável cobrir tudo, foquei na apresentação que o quarteto thrash Woslom faria no SESC 24 de Maio.

Ingresso na mão e poltrona garantida, até que ás 12h15, Silvano Aguilera (vocal/guitarra), Rafael Iak (guitarra), André Mellado (baixo) e Fernando Oster (bateria) entraram no palco.

Conhecidos pela competência ao vivo, não decepcionaram os presentes e já mandaram as cacetadas Time to Rise e Beyond Inferno, do debut Time to Rise (2010).

Lançamento do EP Paranoia, os caras mandaram a faixa título do novo trabalho e as três músicas deram a tônica da apresentação:
uma pegada mais visceral, mesmo nas músicas mais trampadas, sem descaracterizá-las.

Era só o começo. Purgatory e Evolustruction, mantiveram o nível. Ao fim do último som, a banda deixa momentaneamente o palco.
Sem cerimônias e direto ao ponto, mandaram Underworld of Aggression, de A Near Life Experience (2016),  New Faith e Haunted by the Past, onde Silvano apresenta a banda.

O show chegou ao fim com Mortal Effect e Game Over, do recém lançado EP, cujo saldo final foi pra lá de positivo, mesmo com poucos presentes no local. Aliás, sorte de quem foi!

Veja outras fotos do evento em:


30 de julho de 2019

CURANDO AS FERIDAS



Quarteto supera saída de vocalista e lançam um belo petardo death/thrash

Por João Messias Jr.

A saida do vocalista Vitor Rodrigues colocou um enorme ponto de interrogação ao futuro do Voodoopriest. 

Seguindo a máxima que o show deve continuar, os remanescentes Bruno Pompeo (baixo), César Covero (guitarra), Renato de Luccas (guitarra) e Edu Nicolini (bateria) mantiveram a unidade e soltaram no dia 19 de abril o novo álbum, Cipó dos Mortos, cuja capa assinada por Rodrigo Penna é belíssima.

Com o baixista assumindo os vocais, logo aos primeiros minutos de Comando Tronado, percebemos algumas diferenças marcantes.

Os vocais de Bruno soam mais brutais, o que deixou a pegada da banda mais extrema, sem deixar de lado a técnica apurada dos seus músicos.

A temática indígena fora mantida, aqui focada na espiritualidade e as letras aqui são em português. Cujo  conjunto de ações fizeram de Cipó dos Mortos um disco mais introspectivo, onde são necessárias algumas audições para captar a mensagem.

Passada essa fase, o lance é curtir os sons. Tanto as ritualísticas Mandu e o Povo do Pó e a já citada Comando Tronado. Caboclo é brutal, enquanto Sinistro Governo Secreto é cheia de groove.

Inteligência Artificial chama a atenção pela dinâmica das guitarras, Cipó das Almas é densa e sombria.

Só que o melhor ficou para o fim. A narrativa Voodoopriest - O Cacique e o Cocar conecta os fãs do grupo a momentos antes de Cipó dos Mortos ganhar a luz do dia.

Claro que caberá aos fãs decidirem se aprovam o renascimeto do grupo. Mas o fato é que o hoje quarteto curou as feridas, focou na música e soltou um puta disco.

27 de julho de 2019

VIVA OS 70



Ritmo explosivo baseado em Black Sabbath, Trouble e Kyuss marca novo trabalho do trio paulista

Por João Messias Jr.

Os caras trabalham rápido! Pouco mais de um ano que iniciaram as atividades, Edson Graseffi (vocal/bateria), Henrique Rocha (guitarra) e Rodrigo Felix (baixo) já soltaram dois EP's e agora cravam mais um passo em sua ainda curta trajetória, o primeiro trabalho full.

Chamado Spitting Fire, chama a atenção logo de prima pela belíssima capa, feita pelo vocalista.
Inspirada em Frank Frazetta (Conan), se destaca pelo clima psicodélico e equilíbrio das cores.

E as expectativas continuam altas ao escutarmos o trabalho. Apesar da pegada ter sido mantida, percebe um aprimoramento maior nas canções e principalmente nos vocais.

Se antes a referência mais sentida era Eric Wagner (ex-Trouble), hoje temos um lance mais Ronnie James Dio, o que deu um ar mais classudo as canções.

Falando nelas, Our Tattoos evidencia todo o talento do guitarrista Henrique Rocha, enquanto Yesterday was Crazy é mais festeira. Já Bright Highway  nos remete ao Kyuss.

Os ápices musicais ficam por conta de Lessons in a Bottle e Electrify. Pesadas e contagiantes.

Tudo embalado numa produção de primeira, a cargo de Henrique Baboom (Supla), que mais uma vez soube captar toda a energia do trio.

Que venha mais!



DEVASTADOR




Brasilienses dão uma bela dica de como fazer um som coeso e agressivo

Por João Messias Jr.

Quando coloquei o disquinho desses caras pra rolar, veio na mente a apresentação que o Violator fez no ABC paulista, cujo saldo final foi um show avassalador, que saciou todos os presentes.

Embora os caras tenham um som na mesma vibe, Emiliano Gomes (vocal), Arthur Colonna (guitarra), Rodrigo "Shakal" Loreto (guitarra), Pedro Dinis (baixo) e Gustavo Melhorança (bateria) são mais selvagens e coesos.

Nos dezoito minutos de audição, temos riffs cortantes, backing vocals irados e muita, muita energia, onde se saca que os meninos aprenderam bem as lições passadas pelos mestres SOD, DRI, Ratos de Porão, Exodus e Metallica.

Um exemplo é a raivosa Mountain of Origin, que une momentos agressivos e cadenciados. Só que a melhor é a saideira We Are Metal, que possui um andamento e backings contagiantes, em que se faz os chifrinhos e "bangeia" automaticamente.

Tudo isso embalado na ótima produção feita por Caio Cortonesi (Dynahead, Miasthenia) que deixou tudo pesado e nítido.

Sem mais!

SIMPLES E ENERGÉTICO



Crueza das escolas do thrash e punk são os ingredientes do power trio feminino

Por João Messias Jr.

Algumas coisas chamam a atenção no trampo das meninas. São sete anos de luta no underground e o trio que hoje conta com Marilia Massaro (guitarra/vocal), Rebecca Prado (baixo) e Jhully Silva (bateria) investe num som visceral, com referências dos primeiros dias do thrash, com doses do punk rock.

Esse último elemento ocorre graças a crueza das canções, donas de riffs simples e bem feitos e uma cozinha bem veloz. A capa, criação da vocalista, merece elogios por sintetizar a proposta do trio.

Apesar da atitude, energia e músicas boas como Cyco Pit, Scars of Guilty e Circulo de Sangre, algumas coisas devem ser melhor trabalhadas para futuros lançamentos.

Os solos são um exemplo, além de uma melhor gravação, muito suja e deixou os vocal e backings abafados.

Quesitos que têm tudo para serem sanados nos vindouros trampos.

25 de julho de 2019

SINCERIDADE AGRESSIVA


Som peso pesado e letras agressivas é o que brinda o debut do quarteto santista

Por João Messias Jr.

Ah Santos! Terra de gente bacana como Vulcano, Shadowside, Empire of Souls, entre outros, ganha um seleto nome para essa repleta lista: Tosco.

Com um nome desses dá pra imaginar o que vem pela frente. Osvaldo Fernandez (vocal), Ricardo Lima (guitarra), Anderson Casarini (baixo) e Paulo Mariz (bateria) fazem uma espécie de thrash peso pesado. Tendo como referências formações como Pantera, Slayer, Crowbar e Ratos de Porão, temos um CD feito pra agitar e com isso, não deixar ninguém parado.

Soberba, Amigo Seu e Sinceridade Agressiva saltam aos ouvidos logo de cara, assim como as polêmicas Cala a boca Globo e O Trump Quer que se Foda, todas feitas para as rodas.

O que salta aos olhos (e ouvidos) é a facilidade dos caras sairem de temas extremos e partirem para algo lento e cadenciado com desenvoltura, sem perder a essência, mostrando que de "Tosco" a banda tem apenas o nome.

Começaram muito bem!
toscothrashcore (facebook)

SEM ESPAÇO PARA INOVAÇÕES



Feito para bater cabeça, Ominous Ritus é uma boa opcão aos fãs de thrash metal

Por João Messias Jr.

A banda é nova, mas formada por músicos que já estão na estrada. Surgida após o fim do Infected e que conta com Ricky (vocal/guitarra), Rhodz (guitarra), Drugz (baixo) e Hugor (bateria), investem no thrash metal praticado na década de 1980.

Mesclando elementos americanos (Exodus) e europeus (Kreator/Destruction) do estilo, o quarteto passa o recado de forma simples e direta, ou seja, por meio de músicas viscerais, vocais gritados/berrados/desesperados e bateria veloz, ou seja, sem tempo para inovações, que agradará a galera "old school" e talvez não anime a galera voltada ao som mais contemporâneo.

Feito para agitar, o disco mantém o pique nessa vibe do início ao fim, tendo como destaques as faixas Raise Hell e Midnight Kill, ambas com um belo trampo de guitarras.

Se a sua praia for um thrash rápido, urgente e feito para o mosh, essa banda é altamente indicada.

24 de julho de 2019

HONESTIDADE



Uma viagem ao metal oitentista é o que temos no primeiro álbum desse projeto


Por João Messias Jr.

Conhecido por integrar formações como Infected, Heritage e Cemitério, o guitarrista Rhodz Costa apresenta sua nova empreitada, o projeto solo Bewitchment, que tem como primeiro registro o álbum Towards Desolation.

Atuando na produção, vocais, cordas e utilizando uma bateria eletrônica, temos um mix de heavy/thrash/death metal praticado na década de 1980, ou seja não faltam melodias inspiradas e velocidade.

Todos esses ingredientes, unidos a vozes inspiradas em caras como Peter Steele (na época do Carnivore) e Tom Angelripper (Sodom), possui como destaque Poisoned Inheritance, que começa voltada ao technical death metal, e depois ganha vocais caóticos e muita velocidade.

Outros pontos altos ficam por conta de Morella, Inquisition Messiah, esta é dona de um clima visceral e vocais desesperadores. O Machado é a Cura flerta com o hardcore e a faixa título é um instrumental inspirado no metal tradicional.

Além do material autoral, temos versões fiéis para Broken Witchcraft (Bywar) e Death by Bewitchment (Exorcist).

Não podemos deixar de citar a belíssima capa. Feita por Marcio Aranha, leva o ouvinte direto na proposta musical do projeto.

Como se trata de um primeiro registro, algumas coisas necessitam de uma maior lapidação, mas o Bewitchment está no caminho certo. E (claro), a galera do colete de patches e tênis branco agradece.

Honestidade sempre!

PASSANDO A MENSAGEM

Com influências diversas, quarteto catarinense explora em suas letras a insatisfação contra o governo e corrupção Por João Messias Jr. As pr...