23 de outubro de 2017

ÚNICO

Melodia, rispidez e passagens atmosféricas atingem ápice musical em novo trabalho do grupo

Por João Messias Jr,

Magna Adversia
Divulgação
Quem olha as fotos do experiente quinteto brasileiro, pode pensar 
que estamos diante de um grupo tradicional de black metal. Impressão injusta, pois o que a banda que conta hoje com T. Sword (voz), Mantus (guitarra), Ristow (guitarra), Vulkan (baixo) e Abyssius (bateria) engloba diversos elementos do estilo. Desde a agressividade dos primórdios dos tempos de Venom e Mayhem até o lance pomposo que ficou popularizado por formações como Dimmu Borgir e Cradle of Filth.

Sem ser cópia de nenhum dos grupos citados acima, o quinteto atingiu seu ápice criativo, criando um instrumental denso e pesado e vocais que ficam entre a rispidez e o desespero. Características que por si gerariam tranquilamente um material interessante, mas temos mais. Melodias sinfônicas e soturnas agregam mais ao material, o tornando mais mórbido e melódico.

Todos os elementos citados aparecem logo de cara em Infidels. Interessante que essa combinação de nuances gera um ritmo denso e hipnótico, que nos faz querer saber o que virá pela frente. A seguinte, Axis, as guitarras soam como uma sinfonia, enquanto Heartless soa como um hino de guerra graças a levada marcial.

A Two-Way Path figura entre os pontos altos do disco, graças ao seu andamento lento e sinfônico que ganha partes doom.

Acha que ouviu tudo? Communion tem partes que combinam o atmosférico e o folk, assim como Now I Bleed. Já Porcelain Idols é intensa e forte como seu título, que não se faz necessária a tradução, que faz a ponte perfeita para a faixa de encerramento.

Com os teclados a frente, Magna Adversia combina o etéreo e o brutal com melodias grudentas com vocais desesperadores que ficaram ao fundo, dando o contraste e a beleza necessária para a coroação desse belo trabalho.

Muito bem produzido pela banda e co-produzido por Oystein G. Brun (Borknagar) e uma arte de impacto, feita por Marcelo Vasco (que é o próprio Mantus) são o complemento necessário que fazem deste trabalho um dos melhores álbuns de 2017.

BRUTAL ELEGÂNCIA

Mix de black metal e heavy tradicional é a grande sacada da banda pernambucana

Por João Messias Jr.


Engraçado como são as coisas, vivemos uma época de quem ouve estilo  X, não pode escutar denominada linha musical Y e com isso vivemos uma cena musical no rock com infinitas segregações e com isso, muitas correntes radicais.

Até aí, tudo bem, mas se partirmos de que o rock é um estilo que se formou por ramificações como o blues, jazz, soul e o gospel, perceberíamos que essas divisões são uma bobeira sem fundamento, pois são das misturas que se saem coisas novas.

Tudo isso foi dito para citar a banda pernambucana Elizabethan Walpurga, que somente após 23 anos de luta, soltou seu debut, o álbum Walpurgis Night. É clichê dizer, mas a espera valeu a pena, pois o quinteto formado por Leonardo Alcântara (vocal), Breno Lira (guitarra), Erick Lira (guitarra), Renato Matos (baixo) e Arthur Felipe Lira (bateria) passeia com maestria pelo black metal e o heavy tradicional.

Fusão que aparece de forma marcante em Vampyre. Dona de solos empolgantes vocais desesperados, comandadas por um ritmo cadenciado e muita melodia. Características que aparecem também em Clamitat Vox Sanguinis essa com um "agravante", um show das dupla de seis cordas.

O resultado é tão empolgante que nos faz pensar que os caras jogaram o melhor logo para o início. E como é bom se enganar com isso. Os caras não só deixaram a peteca cair como mostraram mais uma bela sacada em The Elizabethan Dark Moon. Dona de um refrão lento que contrasta com passagens mais ríspidas e um clima folk que evidencia a criatividade dos caras.

Walpurgisnacht com seus sete minutos além de ser a saideira do álbum mostra uma espécie de síntese do que é o disquinho, que não apenas passou o recado com maestria, como surpreendeu. 

PARA QUEM SENTIU SAUDADES...

Sonoridade voltada ao metal melódico e temática voltada a doutrina espírita são os atrativos do disco

Por João Messias Jr.

The New Age of KARYTTAH
Divulgação
Se você que está lendo essa resenha e for fã de bandas como Angra, Wizards e Stratovarius, tem tudo pra ser fã do Karyttah. A one man band formada por Fabio Loffs (vocal, guitarra, baixo e bateria programada) mostrou personalidade ao resgatar o metal melódico, cujo ápice ocorreu entre 1990 a 2000.

Só que Loffs (que contou com muitos músicos convidados) não criou um pastiche do estilo que consagrou os grupos citados no primeiro parágrafo, pois apesar dos bumbos duplos na velocidade da luz e vocais agudos, temos um disco competente.

Casos da climática New Age, que tem momentos que esbarram no rock progressivo e Never Say Never, essa uma curiosa mistura de Helloween com Gotthard. Claro que temos as faixas características do estilo como a faixa que nomeia o grupo. Essa leva ao leitor aos tempos dos Keepers, além de contar com um refrão que cola na mente.

Porém a temática é outro momento digno de nota. Ao invés de dragões e duendes, temos um conteúdo lírico baseado na doutrina espírita com temas baseados no amor ao próximo e a caridade (palavra que inspirou o nome da banda). Conteúdo que pode ser lido no encarte, por meio das citações e letras traduzidas.

Se você foi um daqueles caras que se emocionaram com lançamentos como Visions (Stratovárius), Wizards (Wizards) e Angels Cry (Angra), corra atrás. Além de ser brindado com um conteúdo lírico primoroso, direto e sem as alienações existentes no cristianismo.

9 de outubro de 2017

BRUTALIDADE E ENERGIA

Terceiro trabalho dos goianos combina de forma homogênea brutalidade e coesão

Por João Messias Jr.

Race of Disorder
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Apesar de manter a fidelidade no som, Race of Disorder, novo trabalho dos goianos do Mugo é surpreendente em muitos aspectos, que serão dissecados linhas abaixo. O mais marcante fica por conta da combinação homogênea de brutalidade, energia e coesão. Músicas trabalhadas e agressivas que não perdem a pegada, dessa forma, gerando momentos quebra pescoço.

Descrição que casa com as faixas Corruption e Terra de Ninguém, que seguramente estarão entre as favoritas dos fãs nos shows. Só que o álbum também apresenta outras nuances. Desde o clima caótico de Deliverance e a grooveada Seeds of Pain mostram novos contornos no som do quarteto.

Só que os ápices ficam por conta de Race of Disorder e Elo Quebrado. Ambas na faixa dos seis minutos, mostram um bom nível técnico, com passagens empolgantes sem perder a brutalidade.

A banda também foi feliz na produção, a cargo de Ciero (Oitão), que acertou nos timbres e deixou tudo na cara, além do acabamento em digipack e uma bela arte que coroa esse belo registro, que será escolha dos melhores do ano na lista de muitos.
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TALENTO EM ESTADO BRUTO

Aposta no metal tradicional  é o trunfo do novo álbum da banda mineira

Por João Messias Jr.

Leviatã
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Para aqueles que não conhecem os mineiros do Exorddium, a banda tem treze anos de estrada, já lançou alguns trabalhos antes de Leviatã. Materiais que serviram para marcar o nome do quinteto no mundo da música. Porém, o novo registro tem tudo para ser a referência dos caras no heavy metal. 

Aqui, o quinteto formado por Eduardo Bisnik (vocal), Fernando Amaral (guitarra), Paulo César (guitarra), Nicolas Cortelete (baixo) e Jailson Douglas (bateria) não fugiu das raízes do metal tradicional, porém injetou uma dose de qualidade nas canções, fazendo deste trabalho o ponto alto da carreira.

O som que dá nome ao CD já entrega tudo. Pesada e dona de um refrão apoteótico, já pode ser considerada um clássico da banda. Além de trazer uma saudável referência dos primeiros dias do Eterna, em especial do álbum Shema Israel. Outro som que resgata essa sonoridade é Coração de Aço.

Outros destaques ficam por conta da oitentista Hail e das épicas Brinde a Vida e Dama das Sombras, que fecha o disquinho, que conta com uma boa produção e uma arte que combina com a proposta do grupo.

A única coisa que a banda precisa lapidar é uma linha específica a seguir. Algo que não ofusca o brilho do trabalho dos caras, que tem tudo para surpreenderem ainda mais, pois o potencial é evidente.

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PASSANDO A MENSAGEM

Com influências diversas, quarteto catarinense explora em suas letras a insatisfação contra o governo e corrupção Por João Messias Jr. As pr...