4 de março de 2020

CELEBRAR, COMEMORAR, CONTINUAR

Audição de The Oracle, novo álbum da banda Brave foi marcada pelo clima de descontração e celebração

Por João Messias Jr.
Fotos: Leandro Almeida

Eliton  Tomasi e Brave
Leandro Almeida
Hoje em dia se tornou mais rápido, prático e barato o processo de um álbum. Com as ferramentas ideais, a banda pode se dar ao luxo de gravar em casa, dessa forma minimizando os custos e disponibilizá-lo em todas as plataformas de streaming que existem por aí, dessa forma, fazendo sua música chegar a pessoas e lugares que jamais se imaginou.

Sem dúvida a tecnologia facilitou a vida dos grupos musicais, em especiais os pertencentes a segmentos específicos, como o metal, mas pense comigo, apesar de você ter o "tudo", esse trabalho pode ser em vão, pois, sem a divulgação correta, esse trabalho pode cair como uma gota no oceano, ou seja, será pouco visto pelas pessoas.

Esse tipo de reflexão me faz lembrar como eram os anos 80. Período em que todos se reuniam nos bares ou lojas de disco para ver/ouvir o que de melhor estava rolando em termos de lançamentos, numa verdadeira celebração ao estilo, algo que deveria rolar com mais frequencia,

Justamente esse sentimento que foi transmitido no lançamento de The Oracle, novo álbum da veterana banda Brave, realizado na última quinta feira do mês de fevereiro, na Full House, no Anhangabaú (SP).

Jean Praelli e Eliton Tomasi
Leandro Almeida
Programada para às 19h, cheguei uma hora após o início e após receber o kit promocional, tive uma impressão positiva do local, que lembra muito o point de baladas góticas, por ser bem escuro, com poucas luzes e o mais legal, muita gente presente, com o som mecânico rolando, discotecado por Jéssica Mar (Headbangers News).

O mais legal de tudo era que não havia nada de malaiada mainstream, apenas fãs devotos de música pesada, que assim como eu, dispõe de uma parte do seu tempo pra divulgar a música que tanto ama. Portais e comunidades como Groundcast e Metal BR eram alguns presentes, assim como a Rock Brigade.

Pouco depois, às 20h40, o assessor do grupo, Eliton Tomasi, tomou as palavras e comentou sobre a importância de fazer um evento diferenciado, com as pessoas confraternizando, conversando e o mais importante: se divertindo fazendo aquilo, tendo prazer e não obrigação. Jean Praelli, da Anti Posers Records, citou a importância da continuidade no estilo, cada um fazendo sua parte, contribuindo para o crescimento e propagação do estilo

Brave e Imprensa
Leandro Almeida
Após esse breve momento explicativo, o álbum foi posto pra rolar e estamos diante do mais representativo álbum do grupo (resenha linhas abaixo) e nessa vibe de energia boa fiquei até às 22h30, com a sensação de  dever cumprido e feliz por ter feito parte de mais um capítulo da história do Brave.

Parabéns a todos os envolvidos, desde a organização, ao grupo e presentes, por proporcionarem mais uma vez um capítulo vitorioso na música pesada. Feita da forma mais importante: em comunhão, celebrando.

The Oracle: O álbum

A sabedoria possui como características o saber, o conhecer e o discernimento. Curiosamente todos os adjetivos cabem em The Oracle, terceiro álbum do Brave, que desde 1998, vem lutando em busca do reconhecimento, com seu metal tradicional bem dosado e repleto de personalidade.
The Oracle
Arquivo Pessoal

Sidney Milano (vocal), Carlos Bertolazi (guitarra), Ricardo Carbonero (baixo) e Carlos Alexgrave (bateria) são caras rodados e dessa forma fugiram das armadilhas que o estilo oferece, com uma grande sacada: os vocais.

Longe de usar timbres na estratofera e irritantes, Sidney embora explore alguns tons altos, foca na agressividade, o que foi um ganho na sonoridade do álbum, que soa como unidade, como podemos escutar em We Fight for Odin, que tem um refrão que deve ser pedido nos shows.

Wake the Fury,  com seus riffs irresistíveis, vozes mais ríspidas e pique NWOBHM, é outro belo exemplo de música bem feita. Outro som que deve ser citado é Fall of the Empire, conhecida por seu videoclipe lançado antes do álbum... que refrão meu amigo.

A autobiográfica We Burn the Heart encerra com chave de ouro o álbum, mostrando uma faceta épica/folk dos caras que combina em cheio com o som. Aliado ao som, vale citar que as etapas de produção e gráfica estão no patamar de qualidade que a banda merece.

Uma pequena ressalva vai para a ordem do tracklist do álbum, onde algumas faixas aparecem trocadas, mas que não comprometem a audição de The Oracle, que marca mais um capítulo vitorioso na carreira do quarteto, que com o passar dos anos, soube, com sabedoria fazer sua música soar oitentista sem o ranço saudosista!
https://www.youtube.com/watch?v=kRNUKhVH7QQ

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