Maior nome do metal
nacional realiza show em comemoração aos vinte anos do lançamento do álbum Chaos A.D.
Texto e fotos: João Messias Jr.
Só
para recordar
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Paulo Jr.
João Messias Jr. |
O
ano era 1993 e o Sepultura vivia um dos pontos altos de sua carreira. Após
o sucesso de álbuns como Benath the Remains e Arise, o quarteto então formado
por Max Cavelera (voz e guitarra), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo)
e Igor Cavalera haviam finalmente atingido o status de grande banda
no Brasil, após terem conquistado Europa e Estados Unidos.
Todos
ficaram curiosos em saber qual seria o próximo passo da banda, visto que
declararam que estavam fazendo algo diferente, utilizando percussões de samba e
afinações mais baixas. Quando Chaos A.D. foi lançado, apesar da estranheza
inicial (inclusive deste que escreve essas linhas), foi um sucesso mundial, que
culminou por shows por todo o planeta, alavancado por hits como Refuse/Resist,
Terrritory, Slave New World e Kaiowas.
Conexão
passado/presente
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Banda executando Kaiowas
João Messias Jr. |
Vinte
anos depois, a banda passa por um momento parecido. Após um período de
desconfiança, agravado após a saída de Max e (posteriormente) Igor, o quarteto hoje formado por
Derrick Green (voz), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo) e Eloy Casagrande
(bateria) ainda colhe os frutos do sucesso do álbum Kairós, que rendeu ao grupo
apresentações por todo o globo.
Para
comemorar a boa fase, a banda fez um espetáculo interessante, que rolou nos dias 24, 25 e
26 deste mês, no SESC Belenzinho. Interssante pois fizeram um show comemorativo aos 20 anos de
Chaos A.D., além de apresentarem ao público músicas do novo e recém lançado disco
The Meditator Beteween the Head and Hands Must be the Hear, cujo título é
inspirado no filme Metrópolis, de 1927.
O
show – Parte 1
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Derrick Green
João Messias Jr. |
Bom,
vamos falar da apresentação realizanda nesta última sexta-feira (26). Após o credenciamento,
lá vou ao local do show, que na verdade é um enorme refeitório. Isso não foi
motivo de desmerecimento e muito menos de chacota, pois espaço lotou, fato que se repetiu nos outros dois dias.
Já
se passavam das 21h30 quando a intro Chaos B.C. ecoava no recinto. Mesclando os
ritmos brasileiros com peso e algo experimental, esse foi o fundo para que Derrick,
Andreas, Paulo e Eloy adentrassem ao palco e extremamente saudados pelos
presentes.
Com
essa recepção, não restou outra alternativa, a não ser saciar o público numa
viagem ao tempo. Propaganda e Slave New World deram início ao massacre. A
segunda, em especial foi responsável pela primeira roda da noite. Nesse momento o público
bradava o nome da banda em alto e bom tom.
Antes
de The Hunt, cover do New Model Army, Andreas aproveitou para agradecer aos
presentes por estarem lá e que sem eles não haveria Sepultura. Kaiowas foi
outro ápice desta primeira parte, pois foi executada de forma elétrica. Nesse formato a canção ficou mais forte e orgânica. Polícia
colocou fogo nas coisas novamente, vale dizer que em sua maior parte ela é
cantada por Andreas e Paulo.
João
Gordo
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João Gordo
João Messias Jr. |
E
como dizem que se é para fazer, que faça bem feito, a banda chama ao palco João
Gordo (R.D.P) e juntos levaram Biotech Is Godzilla (Dead Kennedys) e
Crucificados Pelo Sistema, do próprio Ratos. Duas versões matadoras, que
chamaram a atenção pelo jeito escrachado do vocalista e pela colinha usada na
primeiro som.
Para
terminar a primeira parte do show, a banda mandou os hinos Territory e
Refuse/Resist, que extasiou todos os bangers que estavam espremidos no espaço.
O quarteto possui muita energia em suas apresentações e é visível que estão
fazendo o que realmente querem, sem pressões por uma possível reunião da
formação clássica. Assim, pode-se dizer que com toda a certeza Derrick e Eloy são o combustível ideal para que
Andreas e Paulo continuem firme com o legado da banda.
O Show - Parte 2
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Eloy Casagrande
João Messias Jr. |
Após
uma breve pausa, a banda retorna para executar mais clássicos e músicas novas.
A abertura com Dark Wood of Error (Dante XXI) e Altered States (Arise) mostrou que
independente da fase, os fãs estão com a banda. Era a hora de soltar alguns
sons do novo disco e Manipulation of Tragedy e The Age of Atheist fizeram as
honras. O que dizer das recém criadas músicas?
Bem,
que o disco certamente vai decepcionar aqueles que esperam por uma volta aos
tempos de Arise. Embora bem pesadas, carregam experimentalismos, o que pode
agradar fãs de boa música, a não ser que esses sejam fãs dos Cavalera e desprezam
tudo que foi lançado após Roots.
Infelizmente
o espetáculo chegou ao final com Ratamahatta e Roots Bloody Roots (com direito a encore), que assim
como todas as músicas, foram recebidas com aplausos e sobre berros com o nome da
banda.
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Andreas Kisser
João Messias Jr. |
Uma
apresentação que com certeza está entre as mais fortes desse ano. Aproveito para encerrar essa resenha com um recado para vocês que ficam malhando o grupo.
As pessoas tem o direito de criticar e não gostarem do Sepultura hoje, mas esse não gostar deve ter fundamento.
Então headbangers, ouçam o disco, vão o show e formem suas opiniões. Não se baseiem em
declarações de antigos membros, muito menos em preconceitos em relação aos
novos integrantes, pois independente da banda ter lançado o melhor disco da
carreira ou não, uma coisa é certa: Se o Brasil é reconhecido hoje pela qualidade de suas bandas, deve isso ao
Sepultura.
Que venham as críticas!