Com esse duo paraibano não fora diferente, pois ás vésperas de lançaram seu primeiro EP, os batalhadores Márcio Quirino(foto ao lado) e Thommas Winter (foto abaixo) nos contam as boas da banda, sobre o primeiro trabalho e como a globalização os ajudou nas gravações deste trabalho!
Confiram!
NEW HORIZONS ZINE: Olá Márcio! É um grande prazer estar lhe entrevistando novamente, agora com o Rest In Disgrace. Vou iniciar a nossa entrevista perguntando o porquê de formar outra banda e qual a concepção sobre este nome para a mesma...
Márcio Quirino: Olá, João. É um prazer poder lhe reencontrar e discutir mais uma vez sobre música com alguém que a conhece de perto, sobretudo quando se trata de Metal.
Bom, há pouco mais de dois anos atrás, quando formei o Rest In Disgrace, eu sentia (como ainda sinto agora) a necessidade de dar mais vazão, em minhas composições, a algumas influências mais tradicionais (sobretudo do Heavy Metal); algo que não fosse tão agressivo e rápido como as bandas da Flórida que tanto me agradam, mas que tivesse ainda um “punch” Death Metal clássico; enfim algo que soasse em geral como o Carcass na época do “Heartwork”, que, ao menos no meu entender, reúne nitidamente elementos de ícones como Iron Maiden, Metallica, etc.
Já o nome da banda, “Rest In Disgrace”, é algo que, além de preencher alguns de meus requisitos básicos (soar bem e fluente, ser um nome composto, evocar imagens interessantes e intrigantes...), se refere ao plano conceitual que traçei para a banda, inicialmente: budismo, mitologia hindu, filosofia (sobretudo pessimista)... Isso para destoar propositalmente da estética “hail satan, fuck the government” e, principalmente, porque tenho uma íntima identificação com essas coisas.
Thommas Winter: Opa “JM”, Blz? A intenção da Banda não é de se manter como projeto de estúdio, mas está apenas momentaneamente nessa condição devido à falta de músicos competentes pro serviço e pessoas certas que casem bem comigo e com Márcio, com as influências sonoras e ideológicas da banda que descreveremos no decorrer da entrevista. Rafael é colega nosso das antigas: eu, inclusive, já toquei com ele em minha primeira banda, Hadom (toquei também no Befamal, Overcast, Dissidium e Thyresis), que não chegou a gravar demo pois dissolveu-se antes disso. Tivemos (nós, o RID) vários contratempos de várias formas, modelos e marcas, ahahahah, e por isso contatamos Rafael pra dar um help, pois já o conhecemos (ele foi bem prático, rápido e ágil). O resultado final vocês ouvirão no lançamento do EP.
Márcio: Na verdade já estamos, de certa forma, nesse ciclo “normal” (ensaios, shows, etc.). Apenas temos a idéia da configuração mais adequada para a banda, em todos os aspectos, e devido a certas circunstâncias, como Thommas apontou, esta configuração não é imediatamente viável, infelizmente. Então temos trabalhado com músicos convidados ao vivo. O release faz mais referência a isso, portanto, já que em estúdio (com as possibilidades trazidas pela internet) podemos trabalhar tranquilamente com os membros que achamos mais apropriados, tecnica e musicalmente, ao Rest In Disgrace, independentemente da distância. E é aí que Rafael (amigo e competente) entra em cena (Rafael se encontra atualmente em Gotemburgo – Suécia, onde mora e de onde terminou as gravações de vocais para o EP “As Beauty Springs From Mud...”).
NHZ: Uma das coisas legais na banda é a sua temática, que explora temas do budismo, hinduismo e filosofia. Visto que você é filósofo, como foi conciliar estes temas na música do Rest in Disgrace?
Márcio: Ótima pergunta! O budismo é algo com que me identifico, não devido a convicções filosóficas, pela minha formação etc., mas espontaneamente, pelo meu modo de ser e ver as coisas. Já a mitologia e a sabedoria dos antigos hindus são belíssimas, além de revelarem verdades intimistas, que traduzem muito bem o tom resignado e pessimista que busco explorar nas letras e nas músicas do Rest In Disgrace. Logo, não foi nada mais que um processo muito natural.
NHZ: Além das letras, a música “Ascendance”, disponível no Myspace da banda, nos trás um Death Metal baseado na escola de Gotemburgo, ou seja, inspirado em bandas como Carcass, In Flames, Dark Tranquility, entre outras, mas com os vocais inspirados no mestre John Tardy (Obituary). Sei que apenas uma composição não é o suficiente para julgar o som de uma banda, mas essa faixa representa o Rest In Disgrace hoje?
Thommas: Não tem tanta semelhança com o Death Sueco. Tem alguma, mas Ascendance, particularmente, lembra mais o Iron Maiden, com tudo de Death Metal no meio e pegadas Thrash bem “tight as a ratt’s ass” (“apertadas como cu de rato”, (risos)). Os vocais nessa faixa tem timbres mais médio-graves e médios, nos quais pedimos pra Rafael se focar mais, por acharmos que casam melhor com o som do RID. Eu não sou contra (aliás, de modo algum) a rotulagem. Sou a favor. Nesse sentido, na minha opinião, o som do RID seria definido como o nosso próprio estilo e mais fortes influências de Samael antigo (Blood Ritual / Ceremony Of Opposites), Carcass (época do Heartwork), Iron Maiden (principal influencia de Márcio, entre outras), e pitadas, como você falou, de Death Metal Sueco. Mas não acho que seja predominante. Poderia citar Dismember, At The Gates, etc.
NHZ: Bom, assim como o Dissidium, o RID está preparando o seu primeiro trabalho. Este já possui previsão de lançamento? Algo que me chama muito a atenção em lançamentos de música extrema são as suas capas, como a do álbum Slave to Misery (Sadus). Visto que vocês usam um lirismo diferenciado, o que podemos esperar (além do som, é claro)?
Márcio: O lançamento está previsto para este segundo semestre (talvez em dois momentos: um virtual, outro com uma tiragem física significativa).
Quanto à arte, de fato a idéia é manter o mesmo lirismo e o tom mais sentimental das letras. Estamos (ao menos por enquanto e a respeito disto) na contramão da concepção de que “não se julga um livro pela capa”: queremos que o ouvinte possa “entender” o EP já ao olhar para a capa, e que finalmente confirme o que pensou/sentiu ao ouvi-lo!
Thommas: Bem, quanto à data do lançamento, já era pra ela ter chegado. Mas, devido aos já citados contratempos, isso não aconteceu. Pretendemos estar com a parte de mixagem e masterização pronta em fins de Agosto. E ai vamos ver a parte da arte gráfica. A capa, vai ficar a cargo do mesmo cara que fez a capa do Dissidium, Adi França (daqui mesmo de João Pessoa – PB). Altamente talentoso. Mão afiada pro desenho. Recomendável. Todas as temáticas usadas nas letras do RID e nossas próprias idéias, mescladas a elas, aparecerão na “artwork”.
NHZ: O Nordeste brasileiro é dono de grandes bandas como as veteranas Obskure, Insanity, Slavery, Ungodly, Medicine Death... e também mostra uma safra de excelentes “novas” bandas como o Hostile Inc, Soturnos, o Dissidium, e inclusive de alguns anos para cá está sendo “rota obrigatória” para as bandas internacionais, e grandes festivais como o Abril Pro Rock e o Forcaos. Na opinião de vocês, com a internet e o “vanguardismo” de algumas pessoas da cena, a região terá a mesma estrutura de São Paulo algum dia?
Thommas: Tanto nessa área que você citou (musical), quanto nas outras, enquanto a “cultura” for a mesma, não vai haver mudança.
Márcio: Não creio. Talvez essa cena se pluralize e/ou intensifique, talvez seja mais exposta para outros focos nacionais e internacionais (o RID é bom exemplo disso, acho!), mas há certas limitações para o que algumas regiões podem oferecer afinal. E a tendência deve, ao menos por enquanto, se manter a do “êxodo” para os grandes centros ou mesmo para fora do país (o que, aliás, só significa que o que se produz aqui é digno de apreciação, como você bem observou).
NHZ: Nesta pergunta citarei alguns baixistas que fizeram a cena extrema ser vista com outros olhos, e queria sua opinião sobre eles: Shane Embury (Napalm Death), Jeff Walker (Carcass), Alex Webster (Cannibal Corpse), Joel Moncorvo (Ungodly) e Alex Camargo (Krisiun)!
Márcio: O “velho” Shane Napalm (como é conhecido) é digno de respeito pelo seu trabalho à frente de uma banda pesada e clássica como o ND por tantos anos, pela liderança e articulação que desempenhou desde que se juntou ao grupo (isso também é importante numa banda, além da técnica, simplesmente... algo que ele realmente não tem muito, (risos)). Diria o mesmo sobre Jeff Walker, que inclusive já tive o prazer de ver bem de perto, ao vivo! Ele é um “frontman” e isso já exige outras qualidades como carisma, concentração dobrada, boa memória e coordenação, etc. O Ungodly não é uma banda que eu conheça e ouça suficientemente para analisar o baixista na mesma perspectiva dos outros dois, mas não duvido que seja um bom instrumentista. Digo o mesmo sobre o “frontman” do Krisiun, com quem já dividi o palco. Agora, quando se fala de A. Webster, a coisa toma outro direcionamento... é um baixista excepcional, acima da média, sobretudo por tocar um estilo que exige técnicas apuradas, desenvolvidas numa velocidade e precisão assombrosas! Além disso é um líder e compositor, qualidades que desde sempre admiro (fã incondicional que sou de Steve Harris – Iron Maiden).
NHZ: Márcio e Thommas, muito obrigado pela entrevista! Deixe uma mensagem aos leitores do New Horizons Zine!
Márcio: Eu agradeço a você e aos leitores do New Horizons pela entrevista e espero que visitem nossa página no Myspace ,no Orkut, na Last FM e adquiram o EP “As Beauty Springs From Mud...”, que será lançado em breve. Obrigado!
Thommas: Aguardem que nossa música é feita com o “core” (núcleo) e o “edge” (limite) dos “feelings” (sentimentos). NAMASTÉ.
www.myspace.com/restindisgrace
http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?rl=fpp&uid=11945726352787588695
http://www.lastfm.com.br/music/Rest+In+Disgrace
ENTREVISTA: THE ROCKER
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