7 de fevereiro de 2014

MASTER: DIRETO, SEM FRESCURAS E COM JEITO BRASILEIRO

Pioneiros do death metal, a banda Master confirmou as expectativas de um bom show com fúria e simplicidade

Texto e fotos: João Messias Jr.

Master (Marcelo "Indio" D'Castro)
João Messias Jr.
A banda de death metal Master, em sua nova visita ao país, confirmou mais uma vez as expectativas de um bom show. Só que diferente das outras visitas, o trio formado atualmente por Paul Speckmann (baixo e voz), Alex Nejezchleba (guitarra) e Zdenek Pradlovsky (bateria) sofreu um imprevisto com um acidente ocorrido com o guitarrista, que nesse giro pela América do Sul, contou com Marcelo “Indio” D’Castro (Necromancia) nas seis cordas. Foram várias datas e eventos em que a banda esteve presente na tour, que em São Paulo passou por São Bernardo e São Paulo, na tradicional Fofinho Rock Bar, localizada no Belenzinho, próximo ao Tatuapé.

Já havia mais de 15 anos que não entrava na casa, que apesar da reforma recente, felizmente manteve o estilo underground, que fez (e ainda faz) dela na preferência de muitos bangers, um dos melhores lugares para ver um som, tomar alguma coisa e jogar conversa fora. Além do Master, a festa realizada nesta última sexta-feira (31), contou com as bandas Vomepotro, Anarkhon e Necromesis. O evento contaria com a banda Ayin, de Campo Grande (MS), mas que devido à problemas de saúde de um dos integrantes, o grupo cancelou sua apresentação.

Necromesis
João Messias Jr.
Ás 22h50, o Necromesis deu início a festa. Mayara Puertas (voz), Daniel Curtolo (guitarra e voz), Gustavo Marabiza (baixo) e Gil Oliveira tiveram uma noite de extremos. Lançando seu novo trabalho, o EP Echoes of a Memory mostraram a segurança habitual, mas que foi mesclada aos problemas de som, como os “efeitos especiais” da bateria, que ficou mais alta que os outros instrumentos em boa parte do set. Mas para a nossa felicidade, o material é tão bom (uma mescla de metal extremo, black metal, prog e fusion) que esses problemas para o público foram o de menos. Destaque para as canções Unlives As Undeads, a variada The Life Is Dead e a postura dos músicos, em especial da vocalista Mayara, que trajava uma camisa da Mortarium, mostrando a união que todos pregamos e não fazemos na cena.

Anarkhon
João Messias Jr.
A segunda banda da noite foi a death/splatter Anarkhon. Para quem não sabe, o trio formado por Aron Romero (guitarra e voz), Jean Rami (baixo), Wellington Backer (bateria) e que contaram com Cristiano Martinez (guitarra, Vomepotro) nesta apresentação já passou por poucas e boas, como a morte de seu primeiro vocalista, Péricles Hooper até as diversas mudanças de formação mas se mantém sólido e firme em sua proposta musical.

Devido ao atraso no horário, o quarteto tocou apenas 20 minutos, que foram suficientes para incendiar a galera, que adorou o som do grupo, que apesar de extremo, é diferenciado, principalmente os vocais, que vão na linha mais “roots” do estilo, além da postura trazer na lembrança nomes como Cronos (Venom), Glen Benton (Deicide), entre outros. Músicas como A Dor da Importal Putrefação, com riffs lentos e mórbidos, Corporal Sores (bem grind) e o encerramento com a clássica Satisfação em Costurar um Corpo Retalhado com Arame Farpado, da primeira demo do grupo foram os pontos altos de uma apresentação constante e segura.

Vomepotro
João Messias Jr.
Já era quase uma da manhã quando o Vomepotro iniciou seu set. Adeptos de um death metal técnico e ao mesmo tempo esporrento, Cristiano Martines (voz e guitarra), David Ferreira (guitarra e voz), Cristiano Nery (guitarra) e André Martuchi (bateria) iniciou seu set com Assassin Psychopath, de seu segundo trabalho, Liturgy of Dissection. A seguinte, foi uma nova composição, Parricidal Massacre, que estará no próximo trabalho do grupo, que chama a atenção pelas vozes em contraponto. Outras novas que foram apresentadas foram Fall Into Decay e Putre – Nuptial Orgies, que chamam a atenção pelos ótimos riffs, andamentos lentos e vocais brutais.
Como o tempo era curto, os caras chamaram Aron do Anarkhon e mandaram Bastards of Christ (Deicide) e alegraram (muito) os bangers presentes, que desde o início estiveram em ótimo número, evidenciando que quando querem, fazem sua parte comparecendo aos eventos.

Master
João Messias Jr.
Finalmente, às 1h40 aconteceu a entrada do Master, sem alardes Paul, Índio e Zdenek mandaram Master, de seu debut auto-intitulado naquele som que muitos conhecem, aquele death dos primóridios, com arranjos simples, mas funcionais, mas que ficaram mais poderosos graças à condução do baterista e...sem desmerecer guitarrista da banda, mas as canções ficaram mais fortes com a condução do Índião, que há tempos digo que é um guitarrista diferenciado e que merece ser observado por mais pessoas.

Como nem tudo foram flores, em  Shoot to Kill, a guitarra de Índio teve alguns problemas e teve de ser trocada, porém, nada de grave e que esfriasse os ânimos dos presentes, pelo contrário, nessa troca de instrumento, o músico mandou alguns riffs blueseiros, que inclusive foram acompanhados pela banda, o que não deixou de ser surreal.

Após tocaram uma das mais recentes, Slaves to Society, era hora de mais uma antigona, Judgement of Will, de On the 7th Day God Created...Master. O que chama a atenção são os vocais de Paul, que são bem vomitados, que nos remetem aos primeiros dias do estilo, Celtic Frost, Hellhammer com um pouco de GBH e Exploited.

Clássicos e mais clássicos eram deferidos aos presentes, que a cada música executada bradavam o nome da banda. O set chegava a sua metade quando Zdenek mandou um solo de bateria, que mostrou todo seu lado musical. Embora sem novidades, o número mostrou um músico diferenciado, que foge do esquema “ batedor de tambores”; Mas tinha mais e Remorseless Poison e Pay to Die encerraram a primeira parte do set. A banda sai de cena, com Índio perguntando se queríamos mais um som e caso quiséssemos, bastava gritar por Paul. Prontamente atendidos, o baixista/vocalista retorna e manda Children of the Grave (Black Sabbath), também presente no álbum que leva o nome da banda.

Uma noite extrema, que mostrou gerações diversas do death metal, além de provar que o estilo terá seu legado mantido por muitas décadas.

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