Com um bom tempo de
estrada e um som que mescla o peso do metal, unindo as batidas do gótico e
eletrônico, o quinteto de Brasília, Optical Faze tem tudo para conquistar os
fãs da música pesada.
O segundo álbum do
grupo, chamado The Pendulum Burns, começa chamando a atenção pela bela arte,
feita por Michal Karcz, que chama a atenção pelos tons de azul e vermelho, que
unida a música do grupo, que possui ritmo pesado, hipnótico e denso, já figura entre
os melhores discos de 2013.
Para chegarem nesse
resultado, a banda foi gravar o álbum no exterior, sob a produção de Rhys
Fulber, que tem no currículo bandas como Paradise Lost e Fear Factory.
Nesta entrevista feita
com Jorge Rabelo (guitarra) e Mateus Araújo (guitarra e voz), eles nos contam
dessa experiência e de outros detalhes do trabalho.
Confiram:
Por João Messias Jr.
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Optical Faze Divulgação |
NEW HORIZONS ZINE: O
novo álbum “The Pendulum Burns” foi
gravado no exterior e contou com a produção de Rhys Fulber, que tem no
currículo gravações com as bandas Front Line Assembly, Paradise Lost e Fear
Factory. Conte-nos como foi à experiência de gravar num outro país.
Jorge Rabelo: A experiência de
gravar fora do país foi importante demais pra gente, principalmente porque,
pela primeira vez na história da banda, passamos mais de 1 mês nos dedicando à
música 24 horas por dia. Ninguém tinha que ir pro escritório no dia seguinte,
pra faculdade, nada. Estávamos no estúdio 10, 12 horas por dia, 6 dias por
semana. E Los Angeles é uma cidade legal, movimentada, cheia de músicos. Era
legal ir pro bar e encontrar o pessoal do Fear
Factory, do Meshuggah.
E isso rolou mesmo.
NHZ: Aliás, como
foi à convivência com o produtor? Pretendem repetir a experiência?
Mateus Araújo: O Rhys Fulber é um
cara tranquilo e muito talentoso. Ele tem aquela frieza típica canadense, mas é
um cara acessível e engraçado. É um produtor de verdade, não um daqueles
engenheiros de som que se dizem produtores. Ele não pensa como um produtor de
metal, e isso é importante pra extrair algo diferente de uma banda que já se
encaixa naturalmente no gênero. A parceria deu certo demais, então se esse
disco der certo e tivermos condições, pretendemos sim voltar a trabalhar com
ele.
NHZ: A produção
sombria e densa combina perfeitamente com o som da banda, que mescla metal com
passagens góticas e eletrônicas, que ao mesmo tempo agrada os fãs de música
pesada, possui um grande potencial para os outros estilos citados. O que pensam
disso? Já pensaram em se apresentarem em raves ou baladas góticas?
Jorge: Acho que somos metal
demais pra raves e baladas góticas. Somos muito fãs de bandas que se encaixam
nesses gêneros como o próprio Depeche
Mode, Type O Negative, bandas
eletrônicas mais atmosféricas como Massive
Attack, VNV Nation, Conjure One, etc..
Obviamente estamos abertos a tocar em qualquer evento em que queiram nos
assistir, mas ainda não vejo a banda sendo convidada pra shows nessa veia mais
eletrônica e gótica.
Conte-nos do conceito
lírico do trabalho e quais as inspirações para a concepção do mesmo.
Mateus: O conceito não
é totalmente fechado, mas aborda vários aspectos do que seria um ciclo de
mudança do indivíduo e mudança do mundo externo. As primeiras letras do disco
abordam um lado mais interno e humano, sempre tendo o sujeito como objeto de mudança.
Seja ela para pior ou melhor, seja sofrer algo e devolver (vingança) ou apenas
entender realmente o "eu". Mais para o fim do disco as letras vão
para o âmbito mais externo de mudança do planeta beirando uma catástrofe até
provocar a própria extinção, é como se uma auto-extinção começasse na mente e
terminasse no universo. Em todas as letras o sujeito (indivíduo ou mundo)
começa de uma forma e termina de outra, mudados, enaltecidos, ou massacrados e
destruídos. A inspiração vem de tudo que meus sentidos abarcam, de tudo que eu
vejo, que eu leio, e posso falar que nesse disco eu falei de todos os assuntos
que eu sempre quis falar e da forma como quis abordar, uma forma mais abstrata
e subjetiva, e com poucas coisas diretas.
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The Pendulum Burns Divulgação |
NHZ: Como promoção do
disco, vocês lançaram um vídeo para a faixa “Trail of Blood”, que possui uma
abordagem interessante, pois os músicos aparecem basicamente em plano americano
(apenas do peito para cima). Como chegaram nessa abordagem?
Jorge: O ponto de partida foi
o fato de que precisávamos fazer um clipe a custo zero ou quase zero sem que
parecesse mal acabado e podre. A solução mais clara para isso era fazer algo
com a banda tocando, mas não queríamos fazer algo excessivamente banal, tipo a banda
tocando em estúdio, em cima de prédio ou em galpão abandonado. Aí conversamos e
chegamos nessa solução, de praticamente anular o cenário em que a banda toca e
fazer planos detalhes, sem mostrar tanto da banda. Botamos na mão do Mateus pra
executar a ideia, já que ele tem experiência como diretor de videoclipe e manda
muito bem. E o resultado ficou ótimo pras circunstâncias.
NHZ: Poderia ficar
aqui destacando inúmeras faixas, mas Ghost Planet, Pressure, Mindcage e a já
citada Trail of Blood merecem uma audição mais apurada, além de darem a
impressão de impressionarem ao vivo. Quais canções que a galera mais tem
curtido nos palcos?
Jorge: O pessoal costuma
pedir muito Pressure e Trail
of Blood, que são as músicas mais trabalhadas pela banda até hoje. Mas nos
shows, o pessoal anda gostando muito de One
Way Path e Lie to Protect, que são mais
porradas. Fechamos o último show com Ghost Planet, que é mais progressiva, e a
recepção foi foda também.
NHZ: Falando um pouco
mais nas canções do CD, vocês fizeram uma versão para “Never Let Me Down Again”
do Depeche Mode, que contou com a participação da vocalista Leah Randi (Conjure
One, Front Line Assembly). O que os motivaram na escolha?
Jorge: Queríamos fazer uma
versão metal de algo não-metal e colocar no disco. Já tínhamos feito ao vivo,
há alguns anos, uma versão de It’s
No Good, também do Depeche.
Juntamos algumas sugestões, mas acabamos decidindo por esse som, porque é bem
melódico e dava muito espaço pra trabalhar arranjos diferentes e dar a nossa
cara à música. A Leah Randi é mulher do Rhys. Ela canta com o Conjure mas já fez participações em
músicas do Paradise Lost, por exemplo, então não é território
desconhecido pra ela cantar em sons mais pesados. Pedimos pra ela cantar e ela
topou. Acabou acrescentando muito à música.
NHZ: Outra
participação foi a do guitarrista Jed Simon (Strapping Young Lad, Tenet, Front
Line Assembly) em Trail of Blood. Qual
a sensação de ter um músico renomado e conhecido no álbum de vocês?
Jorge: É uma honra ter a
participação do Jed Simon no disco. Foi ideia do Rhys, que é grande amigo dele,
e é claro que topamos na hora. Somos grandes fãs de Strapping Young Lad, e o Jed é gente boa demais, mostrou um
interesse verdadeiro pela música e pelo disco, ajudou na divulgação de Trail of Blood e tudo mais. Quem sabe um dia ele
manda esse solo ao vivo com a gente.
NHZ: Além de terem
gravado o álbum no exterior, há planos para uma tour lá fora?
Jorge: Já estamos planejando
algo nesse sentido, sim. Mas a engenharia pra fazer acontecer é complexa, então
deve ser algo pro fim do ano ou início do ano que vem. Mas estamos dispostos a
fazer acontecer.
NHZ: No Brasil, quais
os planos para shows e promoção do trabalho?
Jorge: Estamos marcando uma
série de shows em Brasília e no entorno e estamos conversando sobre algumas
parcerias pra tocar em outros estados. E é claro, estamos sempre abertos a
convites. É importante demais pra gente levar nosso disco e nosso show pro
máximo de lugares possíveis, e esse ano queremos tocar no Brasil afora mais do
que tocamos em toda nossa carreira.
NHZ: Agora vamos falar um pouco da arte do trabalho, feita por Michael Karcz, que é um dos mais bonitos dos últimos tempos, com o bom uso das cores, azul claro e vermelho, esta marcada nas partes vitais do nosso corpo. Explique sobre o conceito da capa e encarte?
NHZ: Ainda falando da
arte, ela merecia ser vista em
exposições. Já pensaram nessa ideia?
Jorge: Sabemos que o Michal já fez algumas exposições na Polônia.
Se ele fizer uma nova, seria um orgulho ter a capa do nosso disco figurando lá.
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Optical Faze Divulgação |
NHZ: A banda é de
Brasília. Como é a cena para as bandas de rock/metal (shows, público)?
Jorge: O cenário metal daqui
sempre produz bandas muito boas, muito competentes. Quando o Optical Faze começou era tudo mais movimentado,
mais locais pra shows, mais shows, mais público. Não dá pra negar que um dia a
cena aqui já foi melhor nesse sentido. Mas acima de tudo, ótimas bandas
continuam surgindo. Só que agora é preciso muito mais união, trabalho e
competência das bandas pra se manterem ativas e tocando sempre.
NHZ: Falando na
capital do Brasil, uma banda que embora siga uma linha diferente de vocês, mas
que tem base no experimentalismo é a Dynahead. O que acham da banda?
Jorge: Banda excelente. Eles
também fazem parte do cast da MS
Metal Records. Esses sons recentes estão interessantes demais, e os caras
tocam muito. A capa do disco também está linda. É uma banda que não se contenta
com o lugar comum, temos isso em comum e admiramos muito.
NHZ: Obrigado pela
entrevista! Deixem uma mensagem aos leitores dessa publicação.
Jorge: Primeiro, gostaríamos
de agradecer a você, João Messias, pelo apoio e pela oportunidade. Valorizamos
muito cada uma dessas chances de promover nosso trabalho. E aos leitores,
obrigado pela força e pela atenção. Ouçam nosso disco, e se gostarem, divulguem,
peçam nosso show em suas cidades, etc.. Não há divulgação melhor que o
boca-a-boca espontâneo. No nosso site você pode ouvir o disco inteirinho e
comprar nosso merch e o digipak do The Pendulum Burns. Valeu e nos
vemos na estrada!
Um comentário:
Muito boa essa entrevista!
Deu vontade de conhecer o trabalho da banda Optical Faze!
Vou entrar no site e conferir!
;-)
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