Os mineiros do Uganga celebram o melhor momento da carreira com o novo álbum. Chamado de Opressor, o trabalho apresenta além das tradicionais letras ácidas, o resgate de elementos dos primeiros trabalhos, como Atitude Lotus (2003).
O hoje sexteto que é formado por Manu Joker (voz), Thiago Soraggi (guitarra), Mauricio "Murcego" Pergentino (guitarra), Christian Franco (guitarra), Raphael "Ras" Franco (baixo e voz) e Marco Henriques (bateria) vem fazendo shows com melhor estrutura e está cada vez mais presente em publicações destinadas a música pesada.
Nessa entrevista feita com os irmãos Manu e Marco, eles nos contam sobre a sonoridade do novo trabalho, a vida de uma banda na estrada, convivência e o que fazem quando não estão em tour.
Por João Messias Jr.
Opressor Divulgação |
Manu
“Joker” Henriques: “Grande Encontro”, legal (risos)! Na verdade,
e mesmo soando clichê, nada foi premeditado. Temos gostos variados e passamos
por várias fases nesses mais de 20 anos de banda, tanto musicalmente como no
lado pessoal. Opressor reflete o momento que estávamos quando o gravamos, mas
concordo que ele engloba referências de todos nossos trabalhos. Acho que com o tempo o estilo foi definido
e essas referências ficaram mais integradas umas às outras.
NHZ:
O trabalho, assim como “Vol.3”, apresenta uma sonoridade voltada para os
palcos, mas de uma forma mais ampla. Aliando refrãos fáceis de serem lembrados,
há um clima de “brodagem” em todo o trabalho, principalmente pelas linhas
vocais, que possuem referências do hardcore/hip hop. Para você Manu , qual a importância
desse tipo de
aproximação com o público, mesmo que num primeiro contato,
através de meios “frios”, como CDs e redes sociais?
Manu:
Cara,
eu venho do underground e esse é
meu jeito de me
expressar. Hoje em dia tá cheio de banda pagando de
“malandro” e isso fica forçado, não engana ninguém... Ainda mais quando fica
aquela coisa de “sou o fodão”, ficar dando lição de moral, etc. Procuro falar
na linguagem das ruas, dos amigos, do hardcore, mas no geral falo à minha
maneira, nunca tentando copiar trejeitos ou passar uma imagem que não seja
verdadeira. E claro ,
levando em conta as diferenças. Sempre curti músicas com refrãos fortes,
daqueles que levam a plateia a cantar junto, e acho que nesse cd fomos muito
felizes nesse critério. Estamos todos no mesmo barco, olho no olho!
Uganga Divulgação |
Marco
Henriques: Esses dois vídeos foram filmados durante a
nossa segunda turnê na Europa. O de Guerra foi algo mais pensado, com imagens
da banda em locais que remetiam a guerra, campos de batalha e coisas
do tipo. Já o de Casa contém cenas de toda a tour, mostrando “comé” a rotina de
uma banda
underground se aventurando do outro lado do mundo. Ambos os vídeos
foram produzidos por nosso amigo
e parceiro Eddie Shumway (Travesseiro Discos), e o resultado
nos agradou bastante. E pelo retorno que tivemos, parece que agradou o público
também.
NHZ:
No fim do vídeo, vocês utilizaram uma frase de Gandhi “Vencer por meios que não
acredito, me traz resultados que não preciso”. De quem foi a ideia de incluir a
citação e quais outros autores/personalidades são referência para o Uganga ?
Manu:
A
ideia foi minha, tenho muita admiração pela pessoa de Mahatma Gandhi e acho que
essa frase representa bem a idéia da letra: Lute a sua guerra e não a dos
outros! Quando acreditamos, somos mais fortes. Particularmente, como letrista,
recebo muitas influências; filmes, livros, mestres, o dia a dia , tudo!
NHZ:
Outra música de destaque fica para Who Are the True, do Vulcano. Para registrar
a canção contaram com a participação de Murillo Leite (Genocídio) e Ralf Klein,
da banda alemã MacBeth. O que os motivaram na escolha dos músicos?
Manu:
Basicamente
o talento desses caras e nossa amizade com ambos. Eles detonaram nesse som!
Marco:
A
ideia da letra é algo muito atual, essa parada de ”quem é o real ?”. Tem muito a ver com
muitas coisas que falamos nas músicas do Uganga. Além de ser uma música que tem peso e groove , uma
combinação muito presente em nosso som.
NHZ:
A exceção do novo guitarrista, a banda há algum tempo mantém a mesma formação. Como é a
convivência entre vocês e o que fazem na hora dos famosos perrengues?
Marco:
É
um casamento, né (risos) E como qualquer relacionamento, tem crises, brigas e diferenças de opinião. Mas no fim das contas a gente sempre consegue se
acertar e chegar numa decisão que seja o melhor pra banda.
Manu:
Todos
se conhecem há muito tempo, alguns desde que nasceram (risos). Com o tempo , ao invés de tentar
provar quem está certo, procuramos pensar no que é melhor pra banda e deixar eventuais
diferenças pessoais de lado. Na verdade a convivência na estrada é tranquila,
acho que os tempos mais turbulentos ficaram pra trás (risos).
Uganga Divulgação |
Manu: Depende do músico e da banda. No nosso caso a entrada do Murcego rolou devido a identificação mesmo, tanto profissional como musical. Depois de um ano pegando
NHZ:
Mesmo numa cena que não anda muito bem das pernas, seja pela falta de público
nos eventos, seja pela explosão de bandas covers/tributo vindas do exterior,
pode-se dizer que o Uganga
consegue se apresentar em bons eventos e com estrutura.
Queria saber se todos conseguem viver apenas da banda ou se atuam em outras
atividades quando não aparecem shows e tours.
Marco:
Seria
um sonho poder viver exclusivamente da banda. Mas a realidade não é essa.
Todos têm suas outras atividades, suas verdadeiras fontes de renda (risos). Eu
sou proprietário de um pub em Araguari (Vitrola Ambiente Cultural) e também da
marca de roupas Incêndio. E assim como eu todos trabalham normalmente durante a semana, e
nos finais de semana pegamos a estrada para descansar a mente e fazer um pouco
de barulho. Como você disse, temos conseguido tocar em eventos bem legais e com certeza isso é
reflexo do trabalho que a banda vem fazendo junto com a Som do Darma , que cuida da
nossa assessoria
de imprensa e empresariamento.
Manu: Eu
sou arquiteto e mais
recentemente homem do campo também (risos). Além disso, faço com um amigo o programa
Underdose (www.youtube.com/c/underdosetv)
num canal local e
na net, e como o Marco disse, todo mundo na banda “dá seus
pulos” pra sobreviver.
Manu:
Apoiem
a cena autoral, colem nos shows, comprem o material, pois é isso que faz as
bandas irem adiante. Inclusive seus ídolos do passado passaram por isso e
tiveram esse apoio. O ciclo
não para e somos todos parte da engrenagem. Abraço!
Marco:
Não
deixem de acessar nosso site pra conferir a agenda de shows, videos e infos da banda.
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