O fim das atividades da banda thrash Bywar foi um choque aos fãs do estilo e daqueles que vivem de verdade o que é o underground. Junto à shows memoráveis, que acompanhei desde 1998, álbuns como Invencible War, Heretic Signs, Twelve Devil's Graveyards e Abduction hoje são clássicos da música pesada nacional.
E o encerramento das atividades proporcionou o aparecimento de novos projetos de seus integrantes, como a Timor Trail. Formada em 2014, inicialmente como um projeto do guitarrista/vocalista Adriano Perfetto, ganhou corpo de banda, que hoje é formada com Ricardo Baptista (guitarra, ex-Laudany e Pastore), Cesar Lopes (baixo) e Edill Alexandrino (bateria), cuja junção de forças gerou o EP que carrega o nome da banda.
Diferente do thrash de antigamente, o trabalho bebe nas fontes setentistas (alguém disse Black Sabbath?), com momentos pesados, densos e melancólicos.
Nesta entrevista, Adriano e Ricardo falam dos estágios do grupo até chegar no EP, da interessante arte da capa e claro, da homenagem que o Bywar recebeu do Woslom em seu novo registro.
Por João Messias Jr.
NEW HORIZONS ZINE: Uma
notícia que pegou muitos de surpresa foi o fim das atividades do Bywar. O que
aconteceu para que a banda terminasse e como surgiu a inspiração para um novo
projeto?
E o encerramento das atividades proporcionou o aparecimento de novos projetos de seus integrantes, como a Timor Trail. Formada em 2014, inicialmente como um projeto do guitarrista/vocalista Adriano Perfetto, ganhou corpo de banda, que hoje é formada com Ricardo Baptista (guitarra, ex-Laudany e Pastore), Cesar Lopes (baixo) e Edill Alexandrino (bateria), cuja junção de forças gerou o EP que carrega o nome da banda.
Diferente do thrash de antigamente, o trabalho bebe nas fontes setentistas (alguém disse Black Sabbath?), com momentos pesados, densos e melancólicos.
Nesta entrevista, Adriano e Ricardo falam dos estágios do grupo até chegar no EP, da interessante arte da capa e claro, da homenagem que o Bywar recebeu do Woslom em seu novo registro.
Por João Messias Jr.
Timor Trail Ana Marilin |
Adriano Perfetto: Uma
banda é um relacionamento muito similar a um casamento, onde temos momentos
bons e ruins, coisas boas que aconteceram que guardaremos para sempre com
saudade, e também algumas diferenças que acabam sendo incompatíveis para seguir
adiante com um trabalho. Os caras do Bywar são para mim mais que músicos com
quem toquei durante 17 anos - são como irmãos, e levarei esse sentimento comigo
para sempre. Quando o Bywar estava fazendo shows para a divulgação de Abduction
eu já tinha novas ideias de composição, coisas que não iriam se adequar ao
estilo Thrash Metal do Bywar. Foi nessa ocasião que senti a necessidade de
criar um projeto onde eu pudesse ter um campo muito maior para desenvolver
minha criatividade musical.
NHZ: Num primeiro momento, a
Timor Trail seria apenas um projeto solo. Quando deu aquele estalo de montar
uma banda de verdade? Como chegou na formação que a banda tem hoje?
Adriano: A ideia de transformar o
Timor Trail em uma banda de verdade surgiu quando o Bywar se reuniu para
sacramentar que não continuaríamos mais tocando juntos. Nesse momento foi
quando dei um tempo para reciclar minhas ideias e entrar de cabeça em uma nova
atmosfera de composição. Os integrantes do Timor, eu já os conhecia de longa
data: Edil Alexandrino e Cesar Lopes (meu primo) já haviam tocado comigo em
outras bandas da região. Fiz o convite explicando a proposta e eles aceitaram,
mas ainda faltava outra guitarra para que a sonoridade chegasse aonde eu
queria. Foi aí que fiz o convite para o Ricardo Baptista (Laudany e Pastore),
um excelente guitarrista, também muito experiente e que veio a somar para a
construção sonora de nossa banda.
NHZ:
Diferente do seu passado thrash inspirado nos anos 80, a Timor Trail bebe nas
raízes setentistas do estilo. Algumas referências como Black Sabbath,
Candlemass e Pentagram podem ser sentidas nas músicas de vocês. Adriano, você
teve alguma dificuldade em tocar e cantar
músicas nessa linha musical?
Adriano: A
bandas que você citou são grandes fontes de inspiração para o Timor Trail,
principalmente o Black Sabbath, que sempre considerei como os criadores do Doom
Metal em álbuns como “Masters of Reality” e “Vol 4”. Mesmo na minha fase
thrasher, essas bandas e muitas outras que não tinham absolutamente nada a ver
com o Thrash Metal foram influências para minhas composições. Eu sempre fui um
músico aberto para novas ideias e para outros estilos musicais; nunca me prendi
apenas ao Thrash. Acredito que outros músicos também são assim e isso só
enriquece a música num modo geral. Quanto ao fato de tocar e cantar não tive
nenhum problema, pois o fato de termos um andamento musical bem mais lento que
o do Speed e Thrash me facilitou bastante e me deu muito mais abertura para
criar mais melodias com a minha voz.
Timor Trail Ana Marilin |
Adriano: Esse
foi o grande barato de poder mudar e reciclar minhas ideias como compositor: a
partir do momento em que o músico muda a maneira de criar, ele se encontra
diante de um leque de variedades e opções harmônicas e melódicas, e não há
problema algum se isso não se parece com o estilo que você faz ou deve seguir.
NHZ:
Queria que contasse sobre a criação da canção When The Eyes Never Close, pois
ela é dona de um clima bem instigante.
Adriano: Eu
sempre fui um grande admirador de músicas com uma atmosfera triste e cativante.
Quando ouvimos uma música e sentimos um clima de mistério misturado com tudo
isso é muito legal. Essa música fala sobre alguns problemas que nós temos, na
condição de seres humanos, e que carregamos conosco. E num momento de reflexão
nos sentimos presos a culpas que são totalmente íntimas de cada um, e alguns
nesses instantes são momentos de tristeza e depressão.
Timor Trail Divulgação |
Ricardo Baptista: A foto da capa, eu a cliquei durante a última viagem que fiz, no ano passado. Até então, o EP nem havia começado a ser produzido ainda e sequer havíamos conversado sobre o conceito da capa. Trata-se de uma escadaria de metal, em meio a estruturas metálicas, em um amplo túnel urbano feito para travessia de pedestres, a mais de vinte metros abaixo do solo. Enquanto eu andava por ele, fui atraído pela atmosfera sombria e silenciosa que o local produzia, então resolvi registrar algumas fotos. Meses depois, quando a banda terminou de gravar o EP, iriámos definir o conceito da capa. Fiz uns protótipos de capa para apresentar aos outros caras da banda, com algumas fotos do meu arquivo pessoal. Dentre umas cinco fotos diferentes, a mais escolhida foi essa da escada. Provavelmente pelo sentido de suspense que ela carrega, pois não se sabe o que pode se encontrar ao subir os degraus, assim como em um filme de terror (risos). Os demais elementos que completam da capa são o logotipo da banda, criado pelo nosso amigo Rodrigo Helfenstein, e a foto da banda no verso, feita pela fotógrafa Ana Marilin.
NHZ: Apesar de lançado faz
pouco tempo, existem planos para um álbum completo?
Adriano: Sim, já estamos em fase de composição.
Já temos oito músicas em processo de finalização, e é bem provável que no
primeiro semestre de 2017 estaremos com nosso full length!
NHZ: Uma questão que está
deixando muitos com a pulga atrás da orelha é a nova regulamentação da
internet, que passará a valer em 2017. Quais os prejuízos que essa mudança pode
trazer a uma banda como a Timor Trail?
Ricardo Baptista: O que sabemos até então é que, de acordo com essa regulamentação, se aprovada, os usuários de banda larga sofreriam corte de sua internet após excederem um limite estipulado de transferência de dados. O maior meio de divulgação do trabalho da Timor Trail, assim como a maioria das bandas, é a internet. Nosso EP está disponível para download gratuito, e também há vídeos, e sempre haverá mais conteúdo nosso por vir. Essa restrição com certeza afetaria os hábitos de todos nós, enquanto artistas e fãs, consumidores de informação e principalmente de música. Isso porque hoje em dia somos muito acostumados a ter acesso a tudo, imediatamente e de forma ilimitada, através das plataformas de streaming de música e vídeo. Se o limite de download imposto for muito restritivo, como já pude ler em alguns lugares, isso seria sim mais um obstáculo para que o público conheça a Timor Trail. É claro que nosso EP digital tem um peso de download ínfimo se comparado ao streaming de um filme em HD, por exemplo, mas a partir do momento em que haja um limite para tudo o que se baixa na internet, acredito que o fã de rock mais esporádico poderá pensar duas vezes antes de baixar nosso EP ao invés de consumir conteúdo de outras bandas e outras formas de entretenimento. O melhor, nesse caso, é que o fã faça download do nosso material apenas uma única vez, para ouvir offline quantas vezes quiser.
Ricardo Baptista: O que sabemos até então é que, de acordo com essa regulamentação, se aprovada, os usuários de banda larga sofreriam corte de sua internet após excederem um limite estipulado de transferência de dados. O maior meio de divulgação do trabalho da Timor Trail, assim como a maioria das bandas, é a internet. Nosso EP está disponível para download gratuito, e também há vídeos, e sempre haverá mais conteúdo nosso por vir. Essa restrição com certeza afetaria os hábitos de todos nós, enquanto artistas e fãs, consumidores de informação e principalmente de música. Isso porque hoje em dia somos muito acostumados a ter acesso a tudo, imediatamente e de forma ilimitada, através das plataformas de streaming de música e vídeo. Se o limite de download imposto for muito restritivo, como já pude ler em alguns lugares, isso seria sim mais um obstáculo para que o público conheça a Timor Trail. É claro que nosso EP digital tem um peso de download ínfimo se comparado ao streaming de um filme em HD, por exemplo, mas a partir do momento em que haja um limite para tudo o que se baixa na internet, acredito que o fã de rock mais esporádico poderá pensar duas vezes antes de baixar nosso EP ao invés de consumir conteúdo de outras bandas e outras formas de entretenimento. O melhor, nesse caso, é que o fã faça download do nosso material apenas uma única vez, para ouvir offline quantas vezes quiser.
Timor Trail Ana Marilin |
Adriano: Os
caras da Woslom entraram em contato comigo perguntando se eles poderiam fazer
essa homenagem, e é claro que fiquei muito feliz, e disse que sim! É sempre bom
saber que aquilo que você fez um dia e há muito tempo atrás ainda está no
coração dos headbangers. Essa música, Thrasher’s Return, significa muito para
mim e para os outros ex-integrantes também, e a versão dos caras ficou sensacional
- um ótimo trabalho de grande qualidade, assim como é o Woslom e toda sua obra!
Aproveito aqui para mais uma vez agradecer pela homenagem!
NHZ:
O espaço é de vocês!
Adriano: Agradeço
de coração a todos aqueles que estão por trás dessa entrevista, e à galera do
New Horizons Zine pelo espaço cedido e também à nossa assessoria de imprensa
que nos deu essa grande oportunidade de estarmos aqui! Agradeço aos fãs do
Timor Trail e aos meus antigos fãs, e recomendo que busquem sempre coisas novas
para ouvir, pois o Heavy Metal é uma arte e é cultura, e precisamos nos unir
para que sempre estejamos fortes! Entrem e curtam nossa página do Facebook e
divulguem o Timor Trail para aqueles que ainda não conhecem!! Valeu e um grande
abraço para todos!
Ricardo: Obrigado a vocês do New
Horizons Zine pelo interesse em colocar em foco bandas emergentes como a Timor
Trail! E para os fãs de metal: há muito material de excelente qualidade sendo produzido
por bandas novas, em todo canto do mundo, e muitas vezes de forma independente,
então vamos usar o poder da internet para conhecê-las! E compareçam ao próximo
show da Timor Trail para nos ver ao vivo! Um abraço!
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