20 de fevereiro de 2020

UMA VIAGEM (PRA LÁ DE) EMPOLGANTE

Quarto álbum do grupo transporta ouvinte aos campos de batalha tendo como fundo o metal tradicional

Por João Messias Jr.




O quarto álbum do Grey Wolf, projeto liderado pelo baixista/vocalista Fábio Paulinelli nos faz lembrar de algumas coisas que, conforme vamos ficando velhos, vamos deixando de lado. Seja pela correria do mundo moderno, ou por puro desleixo, a verdade é que muitas vezes acabamos nos esquecendo do nosso compromisso com a música que amamos. Pense: quantas vezes deixamos de expressar sobre o metal no almoço de família ou no próprio trabalho, pelo fato de não querermos desavenças e pela falta de compreensão dos outros...

... Falando por mim, soou mágico os acordes do disco, batendo quase que imediata aquela vontade de erguer os punhos e bangear infinitas vezes, tamanha a paixão e energia que transita pelo disquinho, que tem como base o metal tradicional, temperado por passagens folk e NWOBHM, esse último muito bem representado em The Last of the Empire e The Queen of the Black Coast, ambas com passagens pra lá de empolgantes, em especial as linhas de guitarra.

Vikings tem tudo para ser um dos novos hinos da banda, assim como  os instrumentais Marching On e Crossing the Hyborian Seas, que alternam peso, velocidade e melodias nos momentos apropriados.

O que chama a atenção é a abordagem dos vocais. Fugindo dos agudos intermináveis e afetados, temos uma linha mais rasgada, grave e que esbarra no gutural em alguns momentos, o que aqui foi uma decisão acertada. Outra característica do álbum que o torna única é o fato do baixo estar bem a frente na gravação, o que soou interessante e diferente do que muitas bandas fazem hoje.

Outro atrativo do CD físico fica por conta do acabamento luxuoso em slipcase e um livreto de quarenta páginas que conta a história do disquinho, o que torna a sua aquisição uma obrigação se for fã do estilo.

Portanto headbanger de 16 ou 66, nunca é tarde para replicar sua paixão e amor pelo estilo. Afinal, se os fãs de sofrência e futebol podem, porque nós não podemos?

Um gostinho do disco pode ser ouvido aqui:


13 de fevereiro de 2020

E SE...

Chilenos acrescentam melodias e passagens trabalhadas em meio a tempestade thrash

Por João Messias Jr.


É sabido que o metal é cheio de histórias, com algumas delas que aparecem aquela expressão "E se", que é o enredo da resenha de hoje, com a banda chilena Necrosis. Formada lá nos anos 80, foi uma das promessas do metal sul americano, inclusive tendo feito shows no território brasileiro promovendo o álbum The Search. Um excelente disco com grandes momentos, como a faixa título, Kingdom of Hate e o belíssimo instrumental Golden Valley. Um álbum quase perfeito, pois esbarrava numa gravação ruim, que não fazia jus ao material.

Nessa época, eles seriam a banda de abertura do Kreator em São Paulo, que teria tudo para alavancar a carreira dos chilenos. Teria porque, os germânicos não tocaram por aqui, numa conversa que gerou versões que a banda não queria tocar aqui, que foi um show fantasma. Enfim, depois disso o quarteto alemão veio aqui diversas vezes, se consolidando como um dos maiores nomes do thrash metal. Mas e o Necrosis?

Após a frustração, passaram por um longo hiato e desde 2009 retornaram, tendo como registro mais recente o álbum de 2015, chamado Age of Decadence.

Victor Contreras (guitarra), Sergio Aravena (guitarra), Jorge Luis Jones (vocal), Andy Nacrur (bateria) e Patricio Ahumada (baixo), mantiveram o pique thrash, mas explorando novas possibilidades, flertando com outros estilos, como o hardcore, presente nas linhas vocais de Insolence. Uma levada mais rock and roll ouvimos em Furia, que ainda apresenta um belo sincronismo de guitarras.

Só que não há de negar que as melhores são os petardos thrash como a irada The Ovalo Prison, dona de uma pegada Annihilator e a visceral Crush Like Rats.

Um álbum que com certeza agradará aos fãs do estilo, mas que embora transborde competência, ficará marcada por ter sido um dos grupos que estava presente no episódio do Kreator.

Será que com a vinda dos alemães, eles teriam impulsionado sua carreira?

4 de fevereiro de 2020

GENIAL E AMBICIOSO

Poloneses inovam mesclando canto gregoriano em meio ao black metal tradicional



Por João Messias Jr.

Entramos naquela velha questão: ouvir bandas tradicionais ou inovadoras? Como fã assumido de thrash e hard rock (ambos da escola americana), confesso que fico na zona de conforto nesse lance de buscar por novidades. Mas, o lance de colaborar na Revista Roadie Crew,  me fez sair da zona de  conforto e ampliar o conhecimento musical.

Não vou precisar a edição, mas ao ler uma entrevista com a banda polonesa Batushka, me fez querer conhecer mais o som dos caras. E para minha grata surpresa, mais uma vez minha intuição estava certa. A resenha de hoje, o álbum Litourgiya, é o retrato disso.

Lançado em 2015, o trabalho apresenta uma mescla interessante e até então impensável de black metal com referências da música sacra, com cantos gregorianos e muitas melodias. Mas apesar dessas características, não espere por nada celestial, pois o que temos é uma música agressiva, que é repleta de intensidade e que cativa, fazendo de Litourgiya, um álbum único, que merece ser ouvido por completo. Por diversas vezes. Os pontos altos ficam por conta de Ектения IV: Милость  Ектения V: Святый вход. 

Claro, que como uma espécie de "tradição" ao estilo, já foram impedidos de se apresentarem em alguns países como a Rússia, além das recentes mudanças de formação do grupo, que geraram polêmica e confusão aos fãs,

Assim como Nexus Polaris (Covenant), Puritanical Euphoric Misantropia (Dimmu Borgir) e The Satanist (Behemoth), o Batushka crava seu lugar no quesito black metal de vanguarda.

3 de fevereiro de 2020

GUERREIROS DA ESTRADA

Sonoridade do quarteto paulista remete a época de ouro do metal

Por João Messias Jr.



O que direi agora já foi dito em inúmeras publicações e até em alguns outros textos aqui, mas se mostra extremamente funcional:  muitas vezes vale ouvir(e ver) bandas que não apresentam nada de novo do que inovações chatas e egocêntricas. Sensação que temos quando temos na agulha os trabalhos da banda Selvageria.

Com quinze anos de estrada, o grupo já trilhou o caminho das demos e splits, tendo também dois álbuns que serão comentados nas próximas linhas, Começando pelo debut de 2009.

Bem produzido e com uma arte que bate com a proposta sonora e embalado no formato digipak, musicalmente Gustavo (vocal), César Capi (guitarra), Andrei (baixo) e Danilo (bateria) bebem no que era ouro na década de 1980: thrash e speed metal. Fusão que fará a alegria dos fãs dos estilos citados, em especial pelas vozes, que são agressivas e recheadas de agudos e ecos.

Dono de músicas uniformes entre si, os destaques ficam por conta de Águias Assassinas (ótimos riffs), a veloz Hino do Mal  e a trabalhadas Cinzas da Inquisição e Garra do Cão.





Em 2017, já com Tomas no baixo, a banda soltou o segundo álbum, que como o nome sugere, é um verdadeiro Ataque Selvagem. Com uma produção melhor, é possível sacar a evolução dos caras sem abrir mão das raízes, o que é de aplaudir. Impressão que temos logo de cara com a faixa que nomeia o grupo, daquelas de erguer os punhos durante a audição.

Mas não fica só nisso, Gladiador, Legião Invencível e Ataque Selvagem são outros destaques dessa banda que mesmo fazendo uma espécie de tributo aos anos 80, soa atual e mortífera.

Com estilos como o prog e death metal soando cada vez mais chatos e repetitivos, que tal conhecer uma banda feita para bangear?

PASSANDO A MENSAGEM

Com influências diversas, quarteto catarinense explora em suas letras a insatisfação contra o governo e corrupção Por João Messias Jr. As pr...