Um pouco de história
Ill Niño |
O New Metal é um dos estilos mais
odiados pela galera que ouve música pesada. Tendo como características as
guitarras dissonantes ou com “apitos”, vocais com várias incursões ao Rap/Hip
Hop, dreadlocks e um visual que fica mais próximo dos manos do Bronx
que da Califórnia, se é que me entendem.
Passados quase 20 anos de sua
chegada, ele possui algumas ramificações, tendo bandas que fizeram sucesso na
grande mídia (Linkin Park, Staind e Link Bizkit), que apesar de serem destaques do estilo, pouco (ou nada) possuem de metal na música. Do outro, temos
bandas que se destacaram pelas características citadas lá no primeiro
parágrafo, mas com muito peso e agressividade. Alguns exemplos são Slipknot,
Soulfly, Machine Head e o próprio Ill Niño.
Tendo como base a
multiculturalidade, ao começar dos seus integrantes, que se dividem entre brasileiros, peruanos e americanos fizeram muito
barulho no começo deste novo milênio com álbuns como Revolution, Revolucion. Outro fator de sucesso foi o bom trabalho da gravadora Roadrunner, que na época passou a investir em grupos nessa linha.
De lá
para cá, a banda passou por algumas mudanças de formação e mesmo sem o aparato da
poderosa gravadora, se manteve estável. Graças ao sistema de financiamento
coletivo por meio do canal Ativaaí, que já trouxe Soulfly e recentemente fechou
com o Eluveitie, foi possível trazer o sexteto para mais uma apresentação no
nosso país.
A casa
escolhida foi o Via Marquês, que só nesse ano acolheu artistas nacionais e
internacionais como Viper, Soulfly, Mark Farner, entre outros, que para minha
surpresa estava lotada de fãs sedentos para o show da banda. Surpresa, pois
nessa chuvosa noite de sábado (15) foram realizados dois grandes festivais.
As bandas de abertura
The Silence |
Antes
do Ill Niño houveram quatro bandas de abertura. A primeira foi o Skin Culture,
que é liderada pelo carismático Shucky Miranda, fez o público pular e cantar a
plenos pulmões as músicas da banda, que seguem uma linha meio Soulfly e Machine
Head, com músicos fantásticos. Grande abertura e aproveito para dizer que são
caras que merecem tocar em locais maiores.
A
segunda banda foi uma surpresa. O The Silence, apesar de ter em suas fileiras
músicos que figuram e figuraram em bandas como Paura, Treta e Dead Fish, e o som
possuir diversas passagens metal/hardcore, há texturas diferentes, vozes mais
agonizantes, que aliado ao uso de sintetizadores, dão uma cara
perturbadora ao som. Foge da mesmice.
O lado mais leve do estilo
EDC |
As
outras duas bandas já caminham na vertente mais comercial do estilo. O EDC, por
causa das camadas de vozes ( muito bem feitas por sinal), lembram a Nação Zumbi
com passagens mais pula-pula. O quinteto destilou sons de seus 10 anos de
carreira, com destaque para Pássaros, atual vídeo do grupo e Mais um Dia, que
foi cortada de forma abrupta.
O
C-Real estava fazendo seu show de despedida e o som praticado é parecido com o
da banda acima, mas possuem um tempero regional mais acentuado, tanto que
contam com um percussionista na formação (que também responde pelo teclado).
Pela qualidade apresentada, deveriam repensar sobre essa decisão, principalmente pela música Entre Vermelhos. Mas como
sabemos que viver de arte no Brasil é um sonho para poucos...
A hora mais aguardada
Ill Niño |
Só
que já era uma da matina e todos queriam Ill Niño e o sexteto formado
atualmente por Cristian Machado (voz), Ahrue Luster e Diego Verduzco (guitarras), Lazaro Pina, Dave Chavarri (bateria) e o brasileiro Daniel Couto (percussão) não deixou ninguém parado. Com uma performance energética,
músicas pesadas, que aliadas a uma pegada brutal e uma grande atuação do
frontman, a banda mostra que com o passar dos anos só fez bem a sua música,
pois estão mais pesados, variados e experimentais. Não tem como não se empolgar
com o dueto percussão e bateria e músicas como God Save Us, Unreal, What Comes Around, até o encerramento com a clássica Liar, de Revolution,
Revolucion, que recebeu o reforço de Shucky Miranda nos berros.
A banda
saiu ovacionada pelo público, principalmente por causa dos discursos do
vocalista sobre a maconha e quando o percussionista citou que o público
brasileiro era muito melhor que o da Argentina e provou que apesar do nome New
Metal causar urticária para muitos fãs de som pesado, bandas como o Ill
Niño merecem no mínimo o nosso respeito.
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