Texto: João Messias Jr.
Fotos: Vivi Carvalho
Pedro Nascimento - Suprema Foto: Vivi Carvalho |
O dia 26 de maio tem tudo para
ficar marcado na história do heavy nacional. Com a iniciativa do portal
Wikimetal, as bandas Shadowside e Suprema mostraram ao público paulista um show
que todos os fãs de som pesado merecem: casa com estrutura, equipamentos de
primeira, produção de palco e o mais importante: músicas de qualidade.
Antes das apresentações, as
bandas deram uma coletiva para a imprensa, onde os pontos mais importantes
foram:
Shadowside: A carismática vocalista Dani Nolden comentou da emoção
de estarem tocando na capital paulista após seis anos. Um assunto bastante
comentado foi a tour que fizeram com o Helloween e Gamma Ray, em que a
vocalista conta que foi na base de tanto mandar e-mails para o manager das
bandas que esses shows foram possíveis.
Suprema: Assim como a Shadowside, havia muito tempo que a banda não
se apresentava para os paulistanos. A maioria das perguntas foi respondida pelo
guitarrista Douglas Jen, ele comentou sobre o lançamento oficial do álbum
Traumatic Scenes no Brasil e Europa pela Power Prog. Outro ponto de destaque
foi mostrar aos presentes a nova formação, que hoje conta com o baterista Fernando
Castanha, o baixista Fábio Carito (também Shadowside), o já citado Douglas e o
vocalista Pedro Nascimento .
Um assunto que Dani e Douglas
comentaram também foi sobre o que falta para que o Brasil seja tenha uma cena
consolidada como na Europa.
A vocalista comentou sobre a
falta de respeito dos organizadores com as bandas, disponibilizando pouca
estrutura e o guitarrista citou a “união” do metal nacional. Em que na hora H
cada um pensa em si e esquecem do coletivo.
As Apresentações
Douglas Jen - Suprema Foto: Vivi Carvalho |
Ás 19h40, o quarteto Suprema deu
início a sua apresentação. Com direito a cenário com pano de fundo e um
relógio, mandaram ver com Marks of Time e Dark Journey. Essa última, um dos
pontos altos do repertório da banda, com contornos hard e bons jogos de vozes
entre Pedro e Douglas.
O grupo possui muita qualidade e
músicos excelentes, mas ainda falta algo que os façam uma referência do estilo.
Talvez um pouco mais de ousadia, pois pela bagagem que todos os membros
possuem, podem produzir algo que nos deixe boquiabertos, como foi feito nas
faixas Burning My Soul e Fury and Rage, donas de riffs pesados e densos, que
apontam um potencial a ser explorado. Essa última contou com a participação do
produtor Heitor Rangel, dividindo as seis cordas com Douglas.
Penso que poderiam ter levado
mais sons próprios ao invés das versões para Overture 1928 e Strange Deja Vu
(Dream Theater), mas as canções fizeram a alegria dos presentes, que cantavam a plenos pulmões.
Nightmare encerrou a apresentação
do quarteto, que fez um set de pouco mais de uma hora.
O grande momento
Já com o cenário trocado, às
21h30 sobem ao palco Fábio Buitvidas (bateria), Fábio Carito(baixo), Raphael Mattos (guitarra) e Dani Nolden (voz) e em suas posições, deram início
ao massacre. Após a intro, executaram de forma surpreendente I’m Your Mind e
A.D.D., em que confesso que não esperava a abertura com essas canções, que
mostraram músicos cheios de tesão e entrega.
Mas a Via Marquês pegou fogo a
partir de Highlight, do debut Theatre of Shadows, que teve como destaque os
vocais de Dani Nolden, que não devem em NADA aos vocalistas do exterior, além
da performance de palco emocionada. Observando essas canções, é de impressionar
a evolução no estilo da banda, que começou como metal tradicional e hoje mescla
elementos mais pesados, modernos e uma dose bem vinda de hard rock.
Sai o jornalista, entra o fã
Dani Nolden - Shadowside Foto: Vivi Carvalho |
Agora, vou confessar uma coisa:
após My Disrupted Reality em muitos momentos o jornalista saiu de cena e ficou
o fã. A execução de sons como Hideaway, Gag Order e In the Name of Love fizeram
este que escreve essas linhas cair em lágrimas e ficar boquiaberto com a
performance da banda, pois eles se entregavam a cada nota e era perceptível a
emoção do quarteto a cada música executada.
Inner Monster Out foi outro
momento destes, pois essa canção em sua versão de estúdio, conta com a
participação de membros dos grupos Dark Tranquility, Soilwork, entre outros nos
vocais. Aqui, as vozes foram executadas de forma primorosa por Dani, Rapahel e
Fábio Carito.
Apesar de todos serem muito
competentes em suas funções, o guitarrista Raphael Mattos merece uma menção
especial. Dono de um estilo que possui raízes no hard rock, o músico enche as
canções de licks, riffs ganchudos e
solos pirotécnicos, que fazem a alegria dos fãs do estilo, além de se
movimentar por todos os lados do palco. Essa referência ficou ainda mais
reforçada pelo músico estar usando uma camisa do Gotthard.
Outros destaques foram Baby in
the Dark, um medley de canções do debut, em que foram executadas Vampire
Hunter, Illusions e We Want a Miracle , Angel With Horns e Waste of Life, em
que assim como em todas as canções, receberam respostas extasiadas dos
presentes.
Gran Finale
Após essa música, subiram ao
palco os músicos do Suprema para uma jam. Com todos no palco, a exceção dos
bateristas, que revezaram, tocando um som cada um, levaram versões para Aces
High (Iron Maiden) e Ace of Spades (Motorhead), que às 22h50, deu um ponto
final ao espetáculo, que foi quase perfeito.
Faltou gente
Raphael Mattos - Shadowside Foto: Vivi Carvalho |
Sim, quase perfeito. Não pelas
bandas ou pela organização, mas pelo público. Mais uma vez vou bater na mesma
tecla: há momentos em que tenho vergonha de ver os ditos “headbangers”, dizerem
apoiarem o metal nacional, mas que não tem coragem de ver um show das bandas do
seu próprio país.
Não há desculpas para uma casa
que cabe mais de mil pessoas ter pouco mais de 300. Pois aqui tudo foi feito de
forma eficiente: muito bem divulgado, preços convidativos, bandas de primeira,
som e equipamento dignos de bandas gringas. O que acontece?
Aí eu penso: e a hora que essa
geração que batalha, quebra pedras e faz das tripas coração para uma cena
melhor se focar em outras coisas, a cena acabará?
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