21 de janeiro de 2008

INTERVIEW - MX

Lembro há mais de quinze anos atrás, quando comecei a ouvir METAL, uma banda que era muito comentada em fanzines era a MX, seja pela qualidade de seus discos, ou suas performances bombásticas, e um amigo acabou apresentando o álbum MENTAL SLAVERY, e aí o negócio foi correr atrás do SIMONIACAL...

NEW HORIZONS ZINE: Há cerca de vinte anos foi lançado o LP HEADTHRASHERS LIVE, que além do MX, tinham as bandas COVA, BLASPHEMER e NECROMANCIA, qual foi à divulgação na época e como vêem hoje esse lançamento?
MORTO:
Esse foi o começo do fim, como brincava meus familiares na época... rs, foi ai que entramos na cena nacional , até então éramos fortemente conhecidos aqui no ABC , mas depois do Headthrashers a repercussão foi outra, era Brasil todo.
Esse material significa muito mesmo pro MX, foi o primeiro registro de Thrash Metal em LP da região, fez e faz parte da história do metal nacional, isso ninguém mais apaga.


NHZ: Qual a verdadeira origem do nome MX? Muitos diziam ser o nome de um míssil e outros o nome de uma deusa da magia negra, algumas dessas suposições têm algo a ver com o nome de fato?
Morto:
Inicialmente o nome foi sugerido pelo primeiro vocalista da banda Beraldo (R.I.P.), nessa época a banda estava realmente começando e adotamos o nome, se tratava de um míssil nuclear muito potente.
Após algum tempo com a posição assumida pela banda em suas letras de protesto e críticas a algumas atitudes envolvendo o nome da Igreja e outras religiões acabamos por descobrir que Madre Xamã ou mãe da magia negra seria um nome legal pro estilo da banda, mas isso tudo não levávamos ao pé da letra não, simplesmente acceitávamos quando nos chamávamos de Madre Xamã, ou só MX , mas a idéia inicial era do míssil .

NHZ: Depois lançaram os álbuns SIMONIACAL e MENTAL SLAVERY que teve grande divulgação em zines e fizeram vários shows, mas após MENTAL SLAVERY, o guitarrista Décio e o baixista Chico Comelli deixaram a banda, e tempos depois encerrou as atividades, o que ocorreu?
Morto:
A banda tinha várias propostas interessantes para lançar e divulgar o material no exterior, em determinado momento o Décio achou que era o momento de se dedicar por completo a sua carreira profissional e estudos , etc. Neste momento ele teria que optar por isso ou teríamos que sair fora do país para dar seqüência, pois aqui dentro já tínhamos alcançado o topo , não tinha mais como crescer sem sair fora , ele sentiu essa pressão e todos nós éramos muito novos e faltou maturidade e condições para sairmos do país, éramos dependentes financeiramente de nossa família e sabíamos das dificuldades. Quando o Décio saiu , achamos que era normal sei lá eu particularmente acreditava que voltaríamos a qualquer momento,não me preocupei .... mas em seguida Chico Commeli ficou muito abalado com a saída do Décio e possível fim da banda e sumiu também.

NHZ: Anos depois a banda se reuniu com outra formação e lançou o álbum AGAIN, que reunia antigas composições não gravadas, o álbum MENTAL SLAVERY e a clássica Dirty Bitch do SIMONIACAL, por que lançarem um álbum com nesse formato ao invés de um disco de inéditas?
MORTO:
As 8 músicas do Again eram inéditas , apenas uma delas tinha alguns Riffs feitos na época do Décio e do Chico, o que fizemos foi incluir as músicas do Mental Slavery com a gravação original ( pois o Álbum teve sua divulgação foi muito prejudicado na época , pois foi nessa época que Décio saiu) e Dirty Bitch era uma espécie de hino para os fans.

NHZ: Com o álbum AGAIN vocês chegaram até a abrir para o EXODUS em Manaus (Amazonas), onde a banda tinha bastante público, como foi esse show?
Morto:
Na realidade tocamos em Manaus duas vezes, a primeira foi em 1989, tocamos em um ginásio lotado, show só do MX, fomos escolhidos para tocar lá através de uma enquête realizada em rádios, revistas, etc As duas bandas escolhidas foram MX e Sepultura, foram shows separados em datas diferentes,, porém no mesmo local.
Já na época do Again tocamos em outro local em Manaus.
Com relação a abertura de shows abrimos o show do Testament em 1988 ( esse acho que foi o primeiro ou um dos primeiros shows no Brasil de bandas estrangeiras com gde nome ) , foi no Projeto SP , lotadinho , magnífico , !
Depois fomos chamados para a abertura do Kreator no projeto SP em 1989, esse os gringos não vieram , tinha mais de 10.000 pessoas nesse show, o público detonou no nosso show, esse foi o momento que realmente se firmamos perante a cena da época e que sentimos que tínhamos mesmo o público todo do nosso lado, fizemos 01h30min de show com o público cantando nossa músicas, foi demais...
Abrimos também para o Paul Diánno em Sorocaba, foi muito bom também.
Com o Exodus foram 3 shows, 2 em São Paulo na Broadway ( casa lotada e dois shows fudidos ) e um em Santos também excelente.

NHZ: Quando parecia que as coisas estavam se ajeitando para a banda vocês lançaram o álbum The Last File, que trouxe algumas mudanças de som e que algumas pessoas acabaram não gostando, vocês se arrependem de tê-lo lançado?
MORTO:
Esse material pra mim é disparado o melhor da banda ao lado do Mental Slavery, o material é técnico, rápido, agressivo ao extremo, difícil de tocar e em minha opinião FODA pra ouvir, ele tem tudo, pra mim o melhor. Esse álbum não teve quase divulgação, pra ser sincero não chegou até nós à opinião das pessoas que não gostaram do material.
Não me arrependo de nenhum material lançado pelo MX, pelo contrário tenho orgulho de todos, todos eles tinham um valor pra época, até aquelas demo de garagem que gravávamos eu gosto até hoje.

NHZ: E aí a banda encerrou as atividades novamente, mas para a surpresa de muita gente, vocês retornaram mais uma vez, agora como um power-trio e com a base vencedora dos anos 80, quem de vocês articulou esse novo retorno e o que podemos esperar desse “novo” MX?
Morto:
Vou ser bem sincero, eu sempre considerei que o MX “antigo” aquele que queria trilhar o caminho de carreira profissional, viver de música, etc tinha acabado logo depois do Mental Slavery, pois assimilei que o momento era aquele e não saímos por opção nossa, então deixamos passar... Essas coisas quando acontecem não podem ser negligenciadas, se quiser tem que a agarrar a oportunidade, não fizemos. Mas mesmo sabendo disso eu sempre tive muita vontade de continuar gravando e fazendo músicas, etc pra mim o velho MX underground, podrão, sempre continuou vivo , pra mim nunca acabou , apesar do tempo fora da cena eu nunca assumi que acabou , que nunca mais ia tocar / gravar, etc.
Eu e o Dumbo (guitarrista fase AGAIN e LAST FILE) éramos incrivelmente direcionados e tínhamos uma facilidade muito grande em compor juntos, etc nessa época fomos os grandes responsáveis pelos materiais lançados ), atualmente eu e o Morto que começamos a encabeçar este projeto , posteriormente o Décio,
O MX vai lançar seu novo CD, podem esperar por um som pesado rápido e cheio de riffs que nos remetem as raízes do Thrash Metal.

NHZ: Comparando os anos 80 e o novo milênio, quais as diferenças de hoje possuir uma banda?
Morto:
Naquela época tocávamos sem responsabilidade de porra nenhuma, era só tocar e tocar, a cena era infinitamente superior em termos de público, etc
Atualmente tocamos por Hobbie, não temos mais tanto tempo quanto antes disponível para a banda, mas o tempo que temos está sendo usado para fazer o melhor possível.

NHZ: Nessa pergunta, citarei algumas casas de shows clássicas dos anos 80/90 e queria sua opinião sobre elas: MOVE’S BAR, BRITÂNIA e AEROANTA.
MORTO:
Moves Bar tocávamos pelo menos 2 vezes por mês...rs, era como ensaio cheio de bangers , muito legal, AEROANTA fizemos 2 shows lá eu acho , excelente casa de shows, lá tive a felicidade de conhecer o grande produtor e amigaço Geraldo Dárbilly ( produtor Again e Last File ). O Britânia não lembro ter tocado lá.

NHZ: Muito obrigado pela matéria, queria que deixassem uma mensagem para os leitores do zine e para os bangers que não conhecem a banda.
MORTO:
Primeiro agradecer pela entrevista e dizer aos bangers que continuem levando o movimento à frente, THRASH METAL!
Para quem não conhece a banda ou quer + informações acessem o site, participe de nossas comunidades no Orkut (pra quem gosta desta bagaça)!





MX – SIMONIACAL
FUCKER – NAC



Enquanto o novo trabalho de estúdio não chega, segue a resenha deste, que sem dúvida é um dos melhores discos do THRASH nacional, que mostrava uma banda jovem que mostrava uma garra impressionante, tanto que forma chamados na época de “NOVO SEPULTURA”.
Lançado há praticamente 20 anos atrás, onde o THRASH era a bola da vez, o quarteto mandava um THRASH cru repleto de criatividade e garra,cujos destaques são os sons Inquisition e Jason, com destaque para os riffs crus da dupla Décio e Morto, além do clima insano que rodava por todo o play.
E antes que as pessoas perguntem a arte de Simoniacal faz uma referência a todos os líderes religiosos que usam o dinheiro para benefício próprio, como vemos, o tema continua super atual.
Altamente recomendado a galera que curte som pesado e vale lembrar que a gravadora Marquee Records relançou em CD Simoniacal e o segundo álbum Mental Slavery, e isso é mais do que um motivo para você correr atrás desses excelentes trabalhos.

www.bandamx.com.br


ENTREVISTA E RESENHA: JOÃO MESSIAS

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