A frase acima,
dita pelo baterista da banda Hellish War, Daniel Person reflete bem não apenas
a banda na estrada, mas durante todo o período em que ela estiver no
underground. Inúmeros motivos como mudança de integrantes, calotes de
promotores, empresários, pressão da família são alguns fatores que podem
determinar a vida de um grupo, pois é sabido que o metal aqui no Brasil,
infelizmente não é algo rentável para a maioria das bandas.
Só que
contrariando essas estimativas, o quinteto vem conquistando gradativamente o
merecido sucesso. Retornando de mais uma bem sucedida tour pela Europa, Bil
Martins (voz), Vulcano e Daniel Job (guitarras), JR (baixo) e o já citado
Daniel Person (bateria) colhem a excelente repercussão que o recém lançado
álbum, Keep it Hellish vem obtendo entre bangers e crítica especializada.
O referido
trabalho, apesar de manter o estilo característico da banda, graças ao trabalho
de Bil, aponta novos caminhos para o quinteto.
Nesta entrevista
feita com Daniel Job, Daniel Person e Bil, eles nos contam do novo disco, da
estreia do cantor em estúdio e ao vivo, a vida de uma banda na estrada e muito
mais.
Confiram!
Por João Messias
Jr.
Keep it Hellish Divulgação |
NEW HORIZONS
ZINE: Á exceção do cantor, o grupo mantém a mesma formação há algum tempo. Como
foi a experiência de trazer uma nova pessoa ao grupo num ambiente que já estava
estabilizado?
Job: Do meu ponto de vista foi bem fácil e tranqüila a
integração do Bil na banda. Primeiro por ele já ser um músico experiente e talentoso e segundo
por ser um cara muito legal e fácil de lidar. Ficamos muito satisfeitos com
todo o empenho dele e com o resultado final do seu trabalho. Ele era o cara que
estávamos procurando e isso facilitou muito a sua integração na banda.
NHZ: Essa
questão eu queria que o próprio Bil nos respondesse: como foi entrar na banda
com um repertório fechado? Em
estúdio , você chegou a alterar algumas linhas vocais?
Bil Martins: Mesmo com tudo quase pronto foi difícil. Tive que
tirar as nove músicas que estavam prontas, alterei algumas partes e acrescentei
outras. Tive liberdade pra interpretar do meu jeito, desde que não
descaracterizasse a identidade da banda. A única linha vocal que criei sozinho
foi a de Phantom Ship, nessa eu também pude colaborar na letra junto com o JR.
Hellish War 2013 Divulgação |
NHZ: Os duetos de guitarras estão mais soltos e na música Scars (Underneath your Skin) as seis cordas apresentam solos fora do padrão do estilo. Houve alguma banda em especial que inspiraram essas passagens da canção?
Job: Não, acho que isso acontece naturalmente após quinze
anos tocando juntos (risos)!
NHZ: Outra
sacada foi em Darkness
Ride, que começa com um dedilhado a lá Blackmore’s Night e descamba para um
hard/heavy empolgante. Devida a variedade de estilos, podemos dizer que essa
canção “deu trabalho para ser criada?
Job: Essa música foi composta em um momento de inspiração e já
saiu praticamente pronta, mas devo dizer que devido a todos os seus detalhes o
processo de gravação foi bem trabalhoso.
NHZ: Os vocais de Bil além de combinarem
com o estilo da banda, trazem
algo novo, como toques hard, que nos remetem a
cantores consagrados como Jeff Scott Soto e Rob Rock ( Impelliteri). O
que acham da comparação e o que acham desses vocalistas?
Job: Acho que comparar o Bil com vocalistas desse porte seja um grande elogio. Gosto muito do Jeff Scott Soto e sou muito fã do seu trabalho com Yngwie Malmsteen.
Hellish War 2013 Divulgação |
Job: Acho que comparar o Bil com vocalistas desse porte seja um grande elogio. Gosto muito do Jeff Scott Soto e sou muito fã do seu trabalho com Yngwie Malmsteen.
Person: Gosto bastante dos vocalistas que você mencionou
também, especialmente por serem bastante versáteis e terem um “drive” na voz
que me agrada muito. Concordo com a sua comparação!
NHZ: A faixa que
dá nome ao disco soa matadora e deve ser perfeita para abrir os shows da banda.
Vocês iniciam as apresentações com ela?
Job: Fizemos isso algumas vezes, mas por ser uma música rápida osom tem que estar muito bem regulado para que soe
legal. Muitas vezes a primeira música acaba sendo usada para dar uma “ajustada”
geral no som e acaba
sendo prejudicada. Então resolvemos deixar essa música para um momento em que o
som já esteja “redondo”.
Job: Fizemos isso algumas vezes, mas por ser uma música rápida o
Person: A resposta do público a esse som durante os nossos shows tem sido muito
legal. “Keep it Hellish” tem um refrão muito forte e fácil de se assimilar, o
que faz com que seja uma música muito boa pra se tocar ao vivo. Considerando o
retorno que temos do público nos shows, provavelmente é um som que nunca mais
sairá do set list da banda.
Hellish War 2013 Divulgação |
Job: Não, acho que nosso estilo e identidade já estão
bem definidos.
Person: Também acho que não, mas concordo com a comparação aos Keepers. Não havíamos pensado nisso durante o processo de criação da capa, mas o importante é quea arte ficou exatamente da
forma como gostaríamos. Diferentemente de muitas artes que vemos hoje em dia , a capa de “Keep
it Hellish” é uma pintura feita à mão pelo artista Eduardo Burato, tendo sido
apenas finalizada digitalmente pelo Robson Piccin, outro artista extremamente talentoso.
Em minha opinião, é a capa mais bonita do Hellish War até hoje.
Person: Também acho que não, mas concordo com a comparação aos Keepers. Não havíamos pensado nisso durante o processo de criação da capa, mas o importante é que
NHZ: Neste mês de outubro a banda
partiu para alguns shows pela Europa. Como foram as apresentações e quais as
diferenças estruturais em relação ao último giro pelo velho mundo?
Person: Os shows nesta segunda tour pela Europa foram muito
bons, tudo correu conforme planejado, e tivemos a oportunidade de rever velhos amigos e agregar novos
fãs ao público do Hellish War por lá. Uma diferença entre a primeira e a
segunda tour foi que desta vez tocamos em países onde nunca havíamos estado
antes, como França, Holanda e
Polônia. E já estamos planejando nosso próximo giro por lá,
que acontecerá em 2015.
NHZ: Essa
questão eu sempre pergunto aos grupos que vão para o
exterior. Para os que
pensam que os músicos andam de limousine e recebem um milhão de toalhas brancas,
conte-nos como é a vida dos músicos de uma banda underground na
estrada em relação a transporte, alimentação e hospedagem?
Cartaz de show na França Divulgação |
Person: Você
tem razão , a época da limousine já passou (risos)! A vida de
uma banda na estrada não é fácil ;
é preciso ter muita resistência e os pés no chão. Pois em uma tour podem
acontecer diversos imprevistos, além de estar preparado para se adaptar a
situações que nos colocam fora da nossa zona de conforto. Felizmente, não
passamos por nenhuma situação muito complicada em nossa tour, e acho que o grande segredo para isso é
ter um planejamento muito bem feito, tendo tudo organizado com pelo menos 12
meses de antecedência.
NHZ: Vocês
pensam em fazer algo semelhante na América do Sul e Estados
Unidos?
Person: Em 2014 optaremos por focar nossos esforços na divulgação do Keep it Hellish no Brasil
e, se possível, na America do Sul como um todo também. Sabemos que temos um
público grande na Colômbia e Peru, pois frequentemente recebemos mensagens de
fãs destes países, em nossa página no Facebook. Diria que a probabilidade de
tocarmos pela America do Sul seja maior do que nos Estados Unidos, embora a
banda esteja definitivamente aberta a quaisquer convites.
NHZ: Mudando de
assunto, após lançarem o trabalho anterior, Heroes of Tomorrow de forma
independente, Keep It Hellish saiu pela Voice Music. O que os motivaram a
lançar o trabalho por eles e o que esperam em termos de divulgação?
Person: A
Voice Music é uma gravadora séria e com uma ótima
distribuição. Estes foram os principais pontos que nos levaram a trabalhar com eles. Hoje , nosso
novo álbum pode ser encontrado com facilidade em grandes megastores, como
Saraiva e Livraria Cultura. Assim, através da Voice, conseguimos levar nosso
álbum a um público ainda maior. Com relação à divulgação, trabalhamos com a assessoria Som
do Darma já há 5 anos, é uma parceria que deu certo e estamos muito satisfeitos
com os resultados que já estamos colhendo com este novo álbum.
Cartaz de show na Polônia Divulgação |
Person: A internet foi algo que definitivamente influenciou
na mudança do cenário musical como um todo. Hoje em dia , está muito
fácil conseguir qualquer tipo de informação. Talvez isto tenha contribuído para
a redução do circuito de shows, pois algumas pessoas de repente podem achar que
a experiência de se ver uma banda através de um vídeo no YouTube, por exemplo,
substitua a experiência de se ver um show ao vivo - o que com certeza não é
verdade.
Além disso, eventos mal organizados acabam afastando o público das casas de shows também – o fatídico Metal Open Air, por exemplo, com certeza traumatizou muita gente. Acho que neste ano tivemos também grandes eventos e que foram bem organizados, comoo Rock in Rio e o Monsters of Rock. Acho que
a presença mais freqüente dos grandes festivais pode ajudar a influenciar com
que o público headbanger cresça e se renove, o que automaticamente fará com que o cenário
underground se movimente cada vez mais também. Além disso, é importante que os
promotores de
shows no underground sempre busquem tratar seu público com
respeito também, para que os presentes curtam estar ali e continuem
prestigiando futuros eventos.
Além disso, eventos mal organizados acabam afastando o público das casas de shows também – o fatídico Metal Open Air, por exemplo, com certeza traumatizou muita gente. Acho que neste ano tivemos também grandes eventos e que foram bem organizados, como
NHZ: Obrigado pela entrevista. Deixem uma mensagem aos leitores desta publicação.
Person:
Muito obrigado pela oportunidade de conversar com vocês. Convidamos todos a
curtirem a página do Hellish War no Facebook. E espero
que todos vocês tenham a oportunidade de ouvir nosso novo álbum! Nos empenhamos
muito para fazer o melhor
álbum de nossa carreira. Para quem ainda não ouviu, disponibilizamos algumas
faixas em nosso soundcloud. Heavy Metal Forever - Keep It Hellish!
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