16 de dezembro de 2013

PANZER FEST: SINÔNIMO DE QUALIDADE E VARIEDADE

Evento, que contou com as bandas Vulcano, Panzer, Executer, Kamboja e Fire Strike ainda brindou os presentes com jams que tiveram a participação de músicos renomados da cena nacional

Texto e fotos: João Messias Jr.

A mudança de local

Flavia (HellArise) e Rafael DM(Panzer)
durante jam no Panzer Fest
João Messias Jr.
Inicialmente marcado para ser no Clash Club, a segunda edição do Panzer Fest manteve a data, mas num novo local: o reformado Blackmore Rock Bar. Para quem não conhece (eu era um deles), fica na região de Moema/Indianápolis e segundo os antigos frequentadores da casa, a reforma deixou a casa melhor e mais bonita, em que gerou mais espaço. 

Além da amplitude, o local agora conta com um telão lateral em que antes e no intervalos dos shows, teve como trilhas os clássicos do rock, com destaques para a exibição dos vídeos de grupos como Badlands e Black Sabbath (fase Glenn Hugues).

Abertura alto astral

Fire Strike
João Messias Jr.
Se quisesse ficar vendo vídeos, teria ficado em casa, então, vamos ao que interessa: os shows. Contando com o mestre de cerimônias, Vinicius Neves (Stay Heavy) e sob sua condução, ás 18h, subiu ao palco a primeira banda da noite, o Fire Strike. O som e o visual dos músicos é totalmente inspirado nos anos 80, que assim como a sua música, transita entre o true (menos) e o hard (mais).

Competente, a banda é um exemplo a ser seguido, pois os músicos tocam com muito tesão e isso refletiu no público, que acompanhou atentamente a apresentação da banda. Formada por Heinrique Schuindt (guitarra), Hellywild (guitarra), Edivan Diamond (baixo), Jean Praelli (bateria) e a bela Aline Nunes (voz) desfilaram canções de seu EP, Lion and Tiger,  com destaque para os vocais altos e agudos e a transição entre metal tradicional, true e hard, que teve como pontos altos as músicas Streets of Fire (mais hard rock), Lion and Tiger, com backings poderosos, além da competente versão para Screaming for Vengeance, do Judas Priest.
Uma apresentação para elevar o astral.

Bola Fora

O Kamboja era uma banda que eu estava ansioso para assistir. Às 18h50, o
Kamboja
João Messias Jr.
quarteto formado por Fábio Macarrão (voz), André Curci (guitarra, Threat e Statues of Fire), Frank Gasparotto (baixo) e Paulão Thomaz (bateria, Baranga) iniciou seu show, com um rock pesado e bem executado, com letras que alegrará os fãs de grupos como Baranga e Velhas A diferença é que possuem um instrumental mais encorpado, baixo gordo e um guitarrista diferenciado, como pudemos ver e ouvir em Acelerado, Dama da Madrugada e Mentira, essa num pique a lá AC/DC.

Só que infelizmente o show não ficou restrito ao som. Visivelmente alterado, o vocalista a cada música xingava a organização do evento, argumentando que ensaiaram um set, mas que mudou por causa da desorganização que estava tendo no evento. Até aí, tudo bem, mas o pior aconteceu quando Edu Lawless (Rock Express) foi ao palco anunciar o lançamento do calendário das Metal Girls, quando o já citado cantor não deixou o convidado falar, xingou as garotas, enfim, uma baixaria só. Uma apresentação que ficou marcada pela euforia das músicas poderosas e a decepção, pela atitude do músico.

Seguindo em Frente

Executer
João Messias Jr.
A impressão que tive é de que graças à infelicidade ocorrida na apresentação do Kamboja, as bandas tiveram uma única preocupação: detonar no palco. Assim podemos definir a apresentação do quarteto Executer, que teve início às 19h45.

Juca (voz), Elias (guitarra), Paulo Castro (baixo) e Béba (bateria) mostraram que apesar de serem adeptos do thrash oitentista, o som da banda não tem nada de datado ou cheiro de café requentado. A abertura com Inspiration for Crime, do seu terceiro trabalho, Welcome to Your Hell, de 2006, mostrou andamentos complexos e muito groove, mostrando o poder de fogo dos caras.

Mesmo com o som oscilando na guitarra, os caras não arredaram o pé e brindaram os fãs com sons como, And the Rottenness Goes On, Damn Speech além de uma versão inspirada para Power Thrashing Death (Whiplash). Infelizmente Rotten Authorities, faixa-título de seu primeiro disco, de 1991, encerrou a apresentação. Taí uma banda que não posso ficar mais uma década sem assistir.

Quem manda no palco

Assim como o Executer, o Panzer subiu ao palco cheio de gás, mandando sons
Panzer
João Messias Jr.
com muita energia. Last Man of Earth e Burden of Proof passaram o recado, com quatro caras com energia, dessa forma, passando aos presentes que o evento tinha muito que mostrar, no melhor do thrash/stoner.

A formação atual é uma das melhores da história da banda. Os remanescentes André Pars (guitarra) e Edson Graseffi (bateria) souberam escolher os integrantes. Rafinha Moreira (voz) e Rafael DM (baixo) continuaram o legado passando muita gana e vontade, algo fundamental para quem quer vencer, como podemos ouvir em seu terceiro CD, Honor, que pode ser considerado o melhor disco.

Ainda tinha mais. Savior contou com a participação de Silvano Aguilera (Woslom), com seu vocal Bay Area fez contrapontos interessantes com Rafinha. Rising e Red Days encerraram a apresentação da banda, que cumpriu sua missão.

A Lenda

Vulcano
João Messias Jr.
Encerrando a primeira parte do evento, às 21h30, tivemos o show do Vulcano. É incrível o som praticado por Luiz Carlos Louzada (voz), Zhema (guitarra), Ivan Pellicciotti (baixo) e Artur Von Barbarian (bateria), pois apesar da simplicidade, é poderoso, macabro e climático, que reúne como referências Black Sabbath, Motorhead e Venom. Clássicos como Witches Sabbath, Dominios of Death, Awash in Blood e Gates of Iron emocionaram muitos que estavam no recinto, assim como Tales From a Black Metal Book, que mostrou que não importa a época ou estilo que esteja em alta, o que vale é que a boa música atravessa décadas, deixando o legado.

Infelizmente, devido ao tempo, Total Destruição deu números finais a primeira parte do evento, em que a banda saiu ovacionada. Merecido, pois finalmente as pessoas estão valorizando a banda, que foi uma das primeiras a fazer metal em São Paulo.

Ainda tinha mais

A segunda parte do evento foi destinada as jams, que contaram com músicos
Edu Boccomino (Chaosfear)
durante jam no Panzer Fest
João Messias Jr.
de renomadas e novas como Vodoopriest, Anthares, Electric Age, Woslom, Exhort, Panzer entre outras.

Walk (Pantera), cantada por Rafinha Moreira, abriu as jams, que tiveram um clima descontraído, fugindo daquele esquema engessado, que embora não tenha erros, quebra a espontaneidade e que foi o diferencial nesse formato de apresentação.

Apesar da execução de clássicos como The Ripper (Judas Priest) e Neon Nights (Black Sabbath), os “lados B” foram os que chamaram a atenção, como I Wanna Be Somebody (WASP, cantado por Flávia do HellArise), Dig Up Her Bones (cantada por Diego do Anthares) e Mother (Danzig, que teve na voz, Roger Lombardi do Goatlove). Inusitadas e muito comemoradas por esse que escreve as linhas desta resenha.

Só que Raining Blood, cantada por Vitor Rodrigues e que teve Edu Boccomino (Chaosfear) nas guitarras Rafael Iak (Woslom) foi a mais ovacionada da noite, que contou com uma roda e um abraço emocionante de um fã ao vocalista no fim do som.

Infelizmente Orgasmatron (Motorhead), que contou com Vinicius Neves em uma das seis cordas, encerrou a festa, que contou com um bom púbico, mas longe do ideal, pois somando as bandas e os convidados das jams, tinham os melhores músicos do metal nacional e só isso era motivo para ter a casa cheia, visto que valor do ingresso estava num ótimo preço.

Assim como o Live Metal Fest, o Panzer Fest merece vida longa, mas lembrem-se que isso não é algo que dependa única e exclusivamente da organização. Headbangers (valorizem mais sua cena), imprensa (não se restrinjam aos grandes eventos) e bandas, vamos nos unir e fazer algo melhor, pois se por um lado, estamos numa situação difícil, competindo com muitos eventos no mesmo dia, ao mesmo tempo é fácil, pois está nas nossas mãos as ferramentas para virarmos esse jogo.

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