Metal baseado no princípio oitentista é a principal referência do trio
Por João Messias Jr.
Se você for fã de modernidades e acha interessante apenas o que foi produzido a partir da década de 1990, pule esta resenha e aguarde o que teremos na sequência. Em contrapartida, se você se entusiasma com os lançamentos da década de 1980, leia as próximas linhas, pois o que temos é um verdadeiro tributo a esse período de ouro do metal mundial.
E os responsáveis por esse "resgate" é a banda carioca Hemorrage. Baal (guitarra/vocal), Astaroth (baixo) e Ssaboth (bateria) fazem um som que possui a aura maléfica dos anos 80 (Sarcófago, Vulcano ) com passagens doom. Esse último elemento deixa a coisa ainda mais crua e intensa, como podemos escutar em Satan Sign Incantation. Satanismo inicia mais visceral, mas ganha contornos mais "ritualísticos", enquanto a faixa que nomeia o EP, The Sinister Path (Formulas to Negative Communication) é mais death metal, enquanto Pazuzu é um tributo ao estilo que o Venom iniciou.
Outro destaque fica para os vocais que dentro de sua crueza, alterna momentos berrados, grunhidos e limpos, esse buscando um tom voltado a música sacra, que soa como uma evocação do mal, algo bem bolado, não sei se foi algo pensado ou não.
A verdade é que se sobressai nesses cinquenta anos de metal, não importa se a sonoridade é moderna ou retrô, o que realmente importa é o sentimento que se é lançado nas canções, e nesse quesito, o Hemorrage acertou em cheio. Fato que a galera ligada no lado mais ocultista do metal vai pirar no som.