11 de junho de 2020

UM TAPA NA CARA DAS CARTILHAS METÁLICAS

Novo trabalho encabeçado por Rafael Augusto Lopes mantém a ousadia presente no debut Another Sleepless Night
Por João Messias Jr.
Sailing
Divulgação
Todas as vezes que ouço trabalhos de caráter  vanguardista, penso na seguinte frase que um professor disse na universidade, apontando o dedo na minha cara soltou a célebre frase: "mas o rock não é transgressor?". Confesso que fiquei um tempão sem entender a profecia. 
Só que hoje não apenas entendo o significado da frase, como "respiro" com intensidade seu significado. Pois o rock é um estilo musical muito rico, e prender-se em fórmulas seria se prender a algo, o que não combina em nada com a estética libertária do estilo.
Veja o Fanttasma, banda/projeto encabeçada por Rafael Augusto Lopes, guitarrista que tocou no Torture Squad, e em 2012 colocou o nome da banda no mapa do rock/metal com o álbum Another Sleepless Night, que embora tenha a base no gothic/doom metal, flertava com as mais variadas vertentes e com o inusitado. Afinal, quem não se lembra da Fernanda Lira (Crypta, ex-Nervosa) cantando no melhor estilo Janis Joplin em Life is War.
Pois bem, o tempo passou o nome Fanttasma volta ao jogo com um EP, chamado Sailing, que mais uma vez nos presenteia com a ousadia. Contando com vocalistas convidados. Ao mesmo tempo que abandona de vez a veia gothic/doom, mantém a conexão com o passado, graças aos climas, soando como trilha de filmes, o que aqui foi positivo.

A cereja do bolo foi que nas três músicas contamos com vocalistas convidados. Mars is Here, o primeiro single do trabalho, conta com May "Undead" Puertas (Torture Squad), num dos melhores registros da cantora, mostrando sua voz natural, evidenciando seu talento e o porque de ter tanto destaque na cena.

Major Overhaul conta com Victor Cutrale (Furia Inc.), que mostra uma composição que beira o pop, sem cair na pieguice, mais uma vez tendo a harmonia de voz/instrumental.

Sailing tem Daniel Wegan é a mais tétrica do disco, possivelmente aquele som que muitos conectarão com o debut, e ao mesmo tempo mantém a linearidade do EP, o que nos deixa querendo saber como será o segundo álbum dos caras.

Após a audição libertadora (sim, esses trabalhos vanguardistas proporcionam isso), me faz relembrar de que o rock é sim, transgressor e o Fanttasma é um belo exemplo de como se dá um tapa com luva de pelica nessas ditas cartilhas do metal, que convenhamos, é um troço chato pra caramba!
MARS IS HERE

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