“Oitava edição de retorno mantém variedade de vertentes rockeiras com
shows das bandas Sol de Papel, FDR, Instinto, Necromesis e Salário Mínimo”
Texto: João Messias Jr.
Fotos: Anderson Pedro
Sol de Papel Foto: Anderson Pedro |
O último domingo de agosto (25) foi
mais uma data marcada pelas diversas apresentações pelo ABC e São Paulo
(Soufly, Angra, Saturn, entre outros) e depois do público frustrante dos shows
de metal no Aniversário de São Bernardo, confesso que as minhas expectativas
não eram nada boas com relação á oitava edição do Rock in Rua.
O evento, realizado em frente ao
Vol. 4 Rock Bar, conhecido como Bar do Carlão contou com uma boa estrutura e
apresentações dos grupos Sol de Papel, FDR, Instinto, Necromesis e Salário
Mínimo.
As apresentações começaram às
14h20 com a banda Sol de Papel. O quinteto formado por Pedro Rubiani (voz),
Rodrigo Galvão e Luiz Camata (guitarras), Bruno Pessoti (baixo) e Gustavo Pupo
(bateria) faz um rock and roll variado, que carrega influências dos anos 60,
com destaque para as melodias limpas e sofisticadas da dupla das seis cordas.
Algumas músicas que chamaram a atenção foram Talvez e Um Pouco de Alma. Um
grupo que merece ser conhecido.
FDR Foto: Anderson Pedro |
A segunda banda do dia foi o FDR
(Fênix Dreamer). O quarteto chama a atenção pelo nível elevado dos músicos,
principalmente o do guitarrista/vocalista Diego Schubert e do baterista/vocalista Felipe
Schubert, que possuem um nível musical privilegiado. A banda mandou músicas
próprias como Força de Uma Nação, Provas e Batalhas e Reação de Risco, além de
covers competentes para Jump (Van Halen)
e Kashmir (Led Zeppelin).
Mas foram nas versões que a banda deu algumas escorregadas, comoem
Enter Sandman (Metallica) e Man In The Box (Alice In Chains). Por serem tão bons, poderiam ter feito um show com mais sons
próprios.
Mas foram nas versões que a banda deu algumas escorregadas, como
Instinto Foto: Anderson Pedro |
Já com um bom público, às 16h30,
o quinteto Instinto subiu ao palco. Com um visual que nos remete aos grupos
grunge e stoner, Thiago Consani (voz), Pedro Marcon e Nobru Bueno (guitarras),
Bruno Martins (baixo) e Julio Carvalhal (bateria), apresentou sons de seus dois
trabalhos: o álbum Máquina de Pecados e o EP Origem.
A faixa título do CD é empolgante
e tem tudo para agradar fãs de grupos como Kiara Rocks, assim como Manipulação
e a swingada Mal Necessário. Assim como o pessoal do FDR, poderiam ter
investido mais em canções autorais, embora tivessem mandado versões competentes para Sweet Home Alabama (Lynyrd Skynyrd) e Highway to Hell (AC/DC).
A hora do metal
Necromesis Foto: Anderson Pedro |
Depois de passear por estilos
mais “calmos”, era a hora do metal. E quem deu boas vindas ao estilo foi o
quarteto Necromesis. Mayara Puertas (voz), Daniel Curtolo (guitarra/voz),
Gustavo Marabiza (baixo) e Gil Oliveira (bateria) enterraram de vez as
desconfianças quanto ao seu futuro. Podemos dizer que a banda hoje está “MUITO
BEM, OBRIGADO”.
Com uma performance inspirada da linha de frente, comandados
pelos berros e urros de Mayara, a banda desfilou o material dos seus dois
trabalhos, o EP Evolving to an Underworld e a demo The Dark Works of Art, com
destaque para The Dark Works of Art, Unlives As Undeads e Demonic Source, que
encerrou o show. Para quem conhecia a banda de outros tempos, vale lembrar que
o technical death metal com doses thrash está lá, mas com contornos mais
brutais (voz) e progressivos (baixo).
Salário Mínimo Foto: Anderson Pedro |
O encerramento da noite ficou por
conta do Salário Mínimo. Já se passavam das 19h quando China Lee (voz), Daniel
Beretta e Junior Muzilli (guitarras), Diego Lessa (baixo) e Marcelo Campos
(bateria, Trayce) mostraram o porquê de serem reverenciados como um dos grandes
nomes do hard/heavy nacional, o que foi evidenciado logo nas primeiras notas de
Eu Não Quero Querer Mais, composição do segundo trabalho, Simplesmente Rock, de
2009, principalmente pelas guitarras grudentas e seu refrão, que lembram os
hinos das torcidas de futebol.
Mas o público, que já estava em
ótimo número, queria ouvir sons dos anos 80. E eles foram premiados com Beijo
Fatal e Dama da Noite do debut, Beijo Fatal, de 1987. Só essa trinca valeu a
apresentação, pois a banda é muito forte ao vivo, principalmente China Lee, que
mesmo aos 30 anos de carreira, não está enganando nos agudos (viu Bruce
Dickinson).
Salário, Carlão e bandeira da Lusa Foto: Anderson Pedro |
Em Sofrer, China estendeu a
bandeira da Portuguesa, clube paulista que disputa a primeira divisão nacional.
E o cantor aproveitou o gancho para comparar a Lusa e o rock, que possuem
poucos, mas fiéis seguidores.
Só que o público queria rock. Daí,
mandaram uma versão para Sociedade
Alternativa (Raul Seixas), que ficou com a cara da banda, Delírio Estelar, de 1984, da coletânea
SP Metal, regravada em
Simplesmente Rock. Essa canção foi dedicada
a Beto Peninha, locutor do saudoso programa Sessão Rocambole, da 97FM. Infelizmente o show estava no fim
e a banda mandou Doce Vingança, Jogos de Guerra e Cabeça Metal. Uma ótima
apresentação e mais um sonho realizado.
Parabéns para todos os
organizadores, que dessa forma, transmitem cultura à população por meio desse tal
de rock and roll, que mesmo sendo um senhor com mais de 60 anos, continua
arrastando multidões e multidões de camisas pretas.