23 de agosto de 2013

SÃO BERNARDO: 460 ANOS COM MUITO ROCK

“Aniversário da cidade contou com nove horas de muito rock e metal”

Texto e fotos: João Messias Jr.

Há três anos, no mês de seu aniversário, a cidade de São Bernardo do Campo proporciona uma grande festa para todas as tribos, dedicando um dia para cada estilo musical. Nessa mistura de ritmos, o último sábado teve sua edição metal, que contou com as bandas Eyes of Beholder, Necromesis, Guillotine, Souldier, Woslom, Bioface, Depressed, Negative Control, Seven7h Seal, Forka, Panzer, Necromancia e Ação Direta.

Local e estrutura

Dias antes, houve a notícia da mudança de local, deixando de ser realizado no Paço Municipal, passando para uma área na Av. Kennedy, também no centro da cidade. Um local maior e que possibilitaria abrigar mais pessoas, além de uma melhor visualização das apresentações por todos os cantos. Na véspera do evento, já era possível por meio das redes sociais o tamanho do palco, que não deveu em nada para os de eventos mainstream.

Tudo no horário

Eyes of Beholder
João Messias Jr.
Além da estrutura, São Bernardo tem como tradição o horário cronometrado, ou seja, tudo obedeceu a um cronograma rígido de horários, o que no fim possibilitou que todos voltassem para casa sem correrias e atropelos.

Toda essa organização teve início às 12h em ponto com as tradicionais bênçãos do Dr. Rock (personagem conhecido da nação roqueira do ABC) com a banda Eyes of Beholder. 

Com sete anos de estrada, o quarteto, formado por Erick Lentini (guitarra), Bruce (baixo), Bruno (bateria) e Claudio Marques (voz), mostrou seu competente heavy/thrash com nuances hard para quase ninguém, uma pena. O set curto teve como destaques I don’t want to change e uma versão correta para Walk (Pantera). 

A banda lança no mês de setembro seu primeiro álbum pela qualidade apresentada,  merecem ser ouvidos por mais pessoas.

Necromesis
João Messias Jr.
Às 12h45 a segunda banda do evento, o Necromesis começou seu set. Confesso que é muito difícil escrever sobre bandas das quais é fã (e isso ocorreu várias vezes neste dia), mas pelo que vi, o time que hoje conta por Mayara Puertas Alecrim (voz), Daniel Curtolo (guitarra e voz), Gustavo Marabiza (baixo) e Gil Oliveira (bateria) tem um futuro promissor. 

Mesmo com a sensível mudança de som, que está mais brutal (vocais) e complexo (baixo), a proposta musical continua lá, como pudemos ouvir em Dark Works of  Art e Unlives As Undeads, que fechou o show. Fico imaginando o que sairá desta fusão de estilos. É uma banda que torço muito!

Guillotine
João Messias Jr.
O Guillotine subiu ao palco com uma novidade. Para esta apresentação, a banda formada por Renê Simionato (voz e guitarra), Luis Pizano (guitarra) e Renan Carrenho (baixo) contou com Amilcar Christófaro (Torture Squad) nas baquetas. 

De todos os shows que vi da quarteto, esse foi o mais agressivo (e melhor), com destaque para a versão para Orgasmatron (Motorhead) e The Fallen Ones, faixa título de seu novo EP. 

Para quem não conhece, a banda pratica uma mescla de speed/heavy/thrash que lembra as bandas que a Woodstock lançou aqui nos anos 80.

Público começava a chegar

Souldier
João Messias Jr.
Já eram quase 14h quando o Souldier começou seu set. 

Lançando seu primeiro CD, a banda formada por Eduardo Furlan (voz), Rodrigo Neves (guitarra), Jesley Augusto (baixo) e Eric Kosimenko (bateria) mostrou ao público (que começava a chegar) um heavy/thrash bem construído e competente. 

Os destaques foram a faixa The Soul of a Soldier, que além de lembrar um pouco o Metal Church (fase Mike Howe), é dona de ótimos solos. 

Outros grandes momentos foram In the Name of the War e uma versão para Symphony of Destruction (Megadeth).

Woslom
João Messias Jr.
Conhecidos pelo thrash trampadíssimo e performances insanas, o Woslom mais uma vez mostrou o porquê de tamanho reconhecimento. Silvano Aguilera (voz e guitarra), Rafael Iak (guitarra), Francisco Stanich Jr. (baixo) e Fernando Oster (bateria) surpreenderam com a abertura do set, com Haunted by the Past, do já clássico Evolustruction. 

A canção, que soa como um hino de protesto proporcionou a primeira roda do dia. Mas era apenas o começo. Soltos e à vontade no palco gigante, os thrashers mandaram sons como Souless (S.O.T.D.), Pray to Kill e a faixa título do segundo disco, cujo refrão foi gritado a plenos pulmões. 

Infelizmente o show chegou ao fim com Breathless (Justice’s Fall) e Time to Rise, faixa que dá nome ao debut. Se ficarem sabendo de um show dos caras na sua cidade, não titubeiem, vai que a diversão e satisfação são garantidas, principalmente pela postura insana do guitarrista Rafael Iak, que não para um minuto.

Bioface
João Messias Jr.
Saindo do thrash e caminhando para o metalcore era a hora do Bioface.  

A banda, que tem dez anos de estrada, pode se considerar na contramão do estilo, pois se concentram no peso e nos bons riffs de guitarra, o que geram canções fortes e intensas como Mente Alterada, Atos Impunes, Reagir (dona de riffs thrash), Corrosão e En Theos, que fará parte do próximo álbum da banda. 

Só tenho que parabenizar a trupe formada por Marco Aurélio (baixo), Marcelo Antônio (guitarra), Maikon Queiroz (bateria) e Régis Carbex (Vox) pelo puta show.

Depressed
João Messias Jr.
O evento passava da metade com a entrada do DepressedContando com o “temporário” Renê Simionato (Guillotine, que já fez parte do grupo) na bateria, Stella Ribeiro (baixo), Rodrigo Amorim e Rodrigo Jardim (guitarras) e Giovani Venttura (voz), mostraram um death metal forte, intenso e brutal.

Num daqueles casos inexplicáveis da história da música, o grupo (ainda) não possui um material lançado, mas a hora que canções como Afterlife in Darkness, Reborn in Hellfire e Stormblood ganharem essa oportunidade, fará a alegria de muitos fãs de música extrema.

A apresentação contou com uma bela versão para Impotent God (Hypocrisy). A banda fará parte do Zoombie Ritual, que acontece no fim do ano, em Santa Catarina, se tiver a oportunidade, não marque bobeira!

O dia só estava começando

Negative Control
João Messias Jr.
A oitava banda da festa foi o Negative Control. Com 18 anos de estrada e fiéis ao hardcore simples e direto, Cláudia (voz), Junior (baixo), Binho (guitarra) e Pingo (bateria), fizeram uma apresentação sem muitas cerimônias. 

Com uma performance segura, mandaram som atrás de som, como Mostre Sua Verdade, Pare e Pense, Faça Sua Parte, Lado a Lado (que contou com a participação da menina Sara), Rancor e Diversão Sádica (cuja letra é contra os rodeios, que incentivam a violência contra os animais). 

O show também serviu para apresentar as novas canções Guerreiro e Onde está a paz, que farão parte do terceiro CD da banda. Outro destaque foram às palmas pedidas pela banda a memória da vocalista Midi Gomes (Violéte), que infelizmente nos deixou há poucos dias.

Seven7h Seal
João Messias Jr.
Foi de impressionar a segurança do quinteto Seven7h Seal. Prestes a lançar seu terceiro album, Mechanical Souls, o quinteto formado por Leandro Caçoilo (voz), Tiago Claro e Thiago Oliveira (guitarras), Victor Próspero (baixo, ex-Necromesis) e Bob Moratti (bateria) mandaram ver com seu heavy tradicional que alterna momentos épicos, progressivos e agressivos. 

Como pode ser ouvido na faixa-título do novo trabalho. Outros destaques foram Time to Go, Seventh Seal e Pleasure of Sin, além da excelente performance de Caçoilo, que mais uma vez provou ser um dos melhores cantores do estilo. 

O show terminou com uma versão inspirada para Highway to Hell, do AC/DC, com o vocalista indo cantar junto ao público.

For
João Messias Jr.
Assistir a uma apresentação do Forka é como espantar os demônios. Ronaldo Coelho (voz), Samuel Dias e Alan Moura (guitarras), Ricardo Dickoff (baixo) e Caio Imperato (bateria) mandaram sons do seu terceiro e consagrado álbum, Black Ocean

O quinteto caminha para sua melhor fase com esse trabalho, que mostra um som mais brutal sem perder a essência dos trabalhos anteriores. 

Outros destaques foram Nation of Ashes, Last Confrontation, Feel Your Suicide, além da entrega da banda a cada canção executada, que é contagiante.Vale lembrar que em novembro, os europeus terão a oportunidade de sentir a fúria do quinteto.

Veteranos cheios de energia

Panzer
João Messias Jr.
O Panzer deu início à reta final do evento. Pioneiros na mescla de thrash e stoner, o quarteto hoje formado por Rafinha Moreira (voz), André Pars (guitarra), Rafael DM (baixo) e Edson Graseffi (bateria) insandeceram os presentes com muita energia que era emanada pelas faixas Burden of Proof e Red Days. 

A dupla de “Rafaéis” chamava a atenção pela correria e empolgação e assim, mandaram mais sons como Reject, Rising e NSA, que encerrou a apresentação. Em setembro a banda lança seu tão esperado terceiro álbum, que levará a banda para níveis mais altos. 

Em muitos momentos ao assistir ao show, ficava pensando no porque desses caras terem ficado uma década parados.

Necromancia
João Messias Jr.
Gente, falar o que do Necromancia... só digo que o primeiro show de metal da minha vida foi o dos caras, isso lá em 1992. 

Marcelo “Índio” D’Castro (voz e guitarra), Roberto Fornero (baixo) e Kiko D’Castro (bateria), que receberam o reforço de Murillo D’Castro (guitarra) em algumas músicas, fizeram sua melhor apresentação em anos. 

Cada música executada era recebida com gritos de exaltação ao grupo. Em um desses momentos, Índio não resistiu e ajoelhou agradecendo todo o carinho e respeito. 

Também com clássicos do calibre de Playing God, Under the Gun, No Way Out, Death Lust e Greed Up to Kill não havia como ficar quieto, a não ser que sua praia fosse outros estilos.

Ação Direta
João Messias Jr.
Com chave de ouro o Ação Direta encerrou essa bela noite metálica. Gepeto, Pancho (guitarra), Gallo (baixo) e contando com Edu Nicolini (Voodoopriest) na bateria esgotaram as últimas energias dos presentes com um repertório de toda a sua carreira. 

O set contou com sons dos primórdios como Face a Face, Dias de Luta até o mais recente trabalho, World Freak Show, com Forced Needs, Desconstrução e Useless Complex

Outros destaques foram Intervenção, Pesadelo e Zeitgeist.Interessante que hoje a banda soa mais metal do que hardcore e mesmo assim, não perdeu sua essência.

Só faltou mais gente

Uma baita estrutura, apresentações memoráveis de um evento quase impecável, que só não foi perfeito pois embora houvesse um bom número de bangers, foi abaixo do esperado. Não adianta dizer que estava frio ou que era longe, não há desculpas.

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