Após um longo inverno, grupo curitibano de black metal retorna com novo trabalho que pode ser considerado seu melhor disco até hoje
Por João Messias Jr.
For Evil I Spill My Blood Divulgação |
Os fãs de black metal e música extrema tiveram muito o que comemorar em 2013. Além da vinda de grupos renomados dessas vertentes, o retorno da banda brasileira Murder Rape. Após doze anos sem gravar material inédito e se apresentando de forma esporádica, de forma silenciosa lançaram no fim do ano passado seu novo álbum, For Evil I Spill My Blood.
O trabalho chama a atenção logo de cara pelo formato. Um belo slipcase preto com acabamento em verniz que agrada até quem não aprecia o estilo, além da capa, feita por Joe Petagno (Krisiun, Motorhead) que usa bem os tons de azul, vermelho e dourado, mostrando o universo das trevas de forma intensa e ao mesmo tempo poética, além do material do encarte ser um papel de primeira linha.
Acho que vocês querem saber das músicas né...pois bem, Agathodemon (baixo e backing vocals), Ipissimus (guitarra), Maleventum (guitarra), Warhate Sower (bateria) e Nargonthrond (voz) mostraram que os mais de 20 anos de estrada só fizeram bem ao grupo. Unindo melodias sofisticadas em meio a brutalidade os caras fizeram um trabalho interessante, instigante e que merece ser ouvido por inteiro diversas vezes.
O álbum abre com Evil Shall Burn Inside Me Forever, que tem uma intro melódica, gritos de corvos, que depois fica mais cadenciada e com vocais desesperados, que dão até um "UH" (alguém lembrou do Tom Warrior?). A desgraceira fica por conta de Blood Red Dreams in Whitechapel, que é dona de um refrão épico e conta com interessantes alternâncias de vozes.
Para recuperar o fõlego, um interlúdio tétrico aparece em Antichristi Adventum, mas a seguinte, Ancestral Power of Your Blood é brutal, com riffs que nos remetem aos prímórdios do estilo. Climas mórbidos assolam Through the Flame of the Fiery Light, que mostram , que apesar do clima de caos, os caras mostram que para ser "evil", não precisa ser tosco ou malfeito. Nesta canção rolam passagens orientais e andamentos mais trabalhados.
O disco chega ao fim com The Empty Words of Weakness e Wings of Raven. Essa é dona de passagens variadas, melodias que flertam com o metal tradicional e contraponto com os vocais desesperados e encerra com uma conexão com a faixa inicial, inclusive com os coros de corvos.
Um belo trabalho que soa melhor e mais poderoso do que muitos discos do estilo lançados por grupos consagrados do exterior. Seria interessante os fãs brasileiros privilegiarem mais as bandas daqui e deixarem de pagar madeira para o que vem dos outros países.
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