Na segunda parte da
entrevista, os integrantes do Confronto comentam sobre a escolha da Urubuz
Records para lançarem Imortal, a vida de uma banda na estrada e a escolha dos
parceiros Sob Controle e The Ultimate Music na consolidação do trabalho.
Fotos: Paulo Barros e
Maurício Santana
João Messias e Confronto Paulo Barros |
NHZ: Imortal foi
lançado pela Urubuz Records, responsável por trazer ao Brasil os lançamentos de
selos gringos como Metal Blade e AFM. O que os motivaram a assinar com eles e o
que estão achando da parceria, apesar do pouco tempo que o disco foi lançado?
Eduardo Moratori: Na
verdade não teve uma motivação. A gente estava fazendo o disco e o rapaz é
amigo nosso de longa data e a conversa fluiu.
Felipe Ribeiro: Quando
a gente estava gravando o disco, a gente fez com muita calma e a gente não
estava assinado com um selo, uma gravadora. Porque a gente queria estar livre
para fazer o que bem entendesse e com calma. Durante o processo de gravação, a
Urubuz Records entrou em contato com a
gente e eles começaram a conversar, pois tinham um interesse muito grande de
lançar a gente. Na verdade, teve interesse nos discos anteriores, o que acabou
não rolando.
Felipe Chehuam: E
dentro de outras possibilidades, que a gente teve de outras gravadoras,
escolhemos a Urubuz por isso, porque achamos que o trabalho deles é muito bom,
por esse vínculo com os lançamentos lá de fora que eles tem feito aqui, a
distribuição é muito boa e o disco chega nas lojas do norte e nordeste, além de
vendas no exterior. Esse foi um dos motivos que fechamos com ele. Conseguimos
chegar numa sintonia de ideias. Foi muito bom para ele e foi muito bom pra nós.
Não tenho nada do que reclamar.
Felipe Ribeiro:
Não só em questão de negócio, mas dele curtir a banda e gostar do som e
vice-versa.
Felipe Chehuam: E
pela primeira vez lançamos nosso disco por uma gravadora do nosso estado. Todas
as outras vezes foram selos de São Paulo e de outros lugares. E por esse
contato que a gente tinha com ele lá, víamos de fato, os lançamentos dele
circulando nas lojas e de fato ficamos interessados em conversar com ele numa
boa.
Felipe Ribeiro: Acho
que a prova do sucesso é que o disco está esgotado. Resta um mínimo de cópias.
Felipe Chehuam: Numa
era em que quase não se vende disco. Hoje o que move uma banda a vender discos
são os shows.
NHZ: Tem de fazer show
pra caramba.
Felipe Chehuam: Tem
de fazer show. Porque você motiva o moleque, uma menina que talvez não tivessem
essa motivação pela internet. Pela internet é muito fácil, você vai lá no bandcamp,
no Youtube, escuta ou baixa o disco. Mas você fazendo um bom show na cidade do
interior, no Nordeste, Norte ou Sul, e você está lá na cidade do cara, eles se
sentem motivados a comprarem o disco. Acho que o que movimenta a venda de CDs é
isso.
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Confronto Maurício Santana |
NHZ: A banda já fez
shows por alguns estados brasileiros e no exterior. Como vêem a diferença de um
lugar para o outro. São Paulo e Rio são grandes centros e o público destas
cidades tem mais facilidade para adquirir o material dos grupos. Como enxergam
essa questão em locais mais afastados dos grandes centros, as pessoas possuem
maior interesse?
Felipe Ribeiro: Geralmente
em lugares mais afastados as pessoas têm de querer adquirir o material físico.
Lugares como São Paulo tem muita coisa acontecendo. Se ele não compra nesse
show, mas ele sabe que vai ter outro e vai poder comprar ou baixar o disco. No
interior não, às vezes é uma vez por ano que a banda toca ali, não tem loja ou
local para aquisição de material e aí eles tem uma gana maior de adquirir o material.
Felipe Chehuam: É
fácil dele conseguir porque se ele não comprar ali ele compra depois. Na cidade
do interior não, o cara quer aproveitar e comprar. E rola também um calor
humano muito grande enquanto mais afastado da cidade e dos centros.
NHZ: O pessoal é mais
carente.
Felipe Ribeiro: Exatamente.
Felipe Chehuam: Ás
vezes a estrutura nem é tão boa que nem a da cidade, mas o calor humano
compensa. Porque você está vendo quanto é difícil pra galera se organizar pra
fazer aquele show. Mas eles fazem e todo mundo fica feliz e se realiza com o
evento. Tu vê no olho das pessoas essa felicidade, e na nossa também. Você
viaja horas e horas dentro de um carro ou numa van é bem recebido. Isso não tem
preço.
NHZ: Vocês contam com o
suporte da Agência Sobrecontrole e da The Ultimate Music. Qual a importância
destes veículos para a propagação do nome Confronto?
Sem essas parcerias as
bandas conseguem essa consolidação?
Felipe Ribeiro: Conseguir
até consegue, o problema é que nem sempre você tem como fazer tudo. Gravar,
tocar, fazer turnê, atender centenas de e-mails e entrevistas, correndo atrás
de shows. Para a banda funcionar, tem muita coisa por trás que você sozinho não
consegue.
Felipe Chehuam: No
nosso caso está funcionando muito bem. Mas eu tenho certeza que existem casos
com outras bandas que também funcionam só com a internet. Eu acho louvável,
admiro, bato palmas para esses grupos que ficam online 24 horas resolvendo tudo entre eles. A gente deve muito
á Ultimate e a Sob Controle, pois alcançamos outros patamares.
Felipe Ribeiro: Para
você ter uma ideia, se não fosse por ele (Assessoria da Ultimate Music) hoje a
gente não conseguiria responder o e-mail pra responder a entrevista. Enquanto
estávamos indo para o programa (Estúdio Showlivre), ele já resolveu isso com
você. Só passou a hora pra gente. Agora que chegamos e estamos respondendo
você.
Felipe Chehuam:
Isso facilita a nossa vida. A amizade com a Sob Controle é de história. O nosso
primeiro show em São Paulo foi feito com o responsável da produtora quando ela
nem existia. Ele fez por amizade porque gostou da banda, achou interessante.
Felipe Ribeiro:
Assim como acompanhamos a história da Sob Controle, assim como ele acompanha a
história do Confronto. Rola uma vibe muito legal.
Felipe Chehuam:
Em 2007, em nossa terceira tour europeia, ele foi conosco, na amizade. Lá ele
aprendeu muita coisa. Desde que a banda existe estamos juntos.
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Confronto Mauricio Santana |
NHZ: O Confronto possui
15 anos de existência. Normalmente os grupos celebram com dez, quinze anos
celebram algo. Embora Imortal tenha saído há pouco tempo, pensam em fazer algo
para celebrar esses anos?
Felipe Chehuam: Com
dez anos fizemos um DVD chamado 10 Anos de Guerra. Estamos praticamente
fechados para fazer um novo DVD esse ano.
Felipe Ribeiro: Provavelmente
vai acontecer.
NHZ: Não sei se vocês podem
falar se vai acontecer no Rio de Janeiro ou em São Paulo.
Felipe Ribeiro: Não
sabemos ainda.
Felipe Chehuam: Há
propostas para fazer em terras jamais tocadas (risos). Vamos analisar todas as
possibilidades. Acredito que sendo ou não o show principal em nossa cidade,
haverá bônus com imagens do Rio de Janeiro.
NHZ: Para encerrar, passem
uma mensagem para as pessoas que estão na luta, pensam em montar uma banda,
querem fazer shows e desbravar territórios. Ou mesmo pra quem batalha na cena, pra
quem vai no show, escreve.
Eduardo Moratori: Faça
porque gosta. Esse é o principal, pois se você gosta de música, corre atrás que
uma hora você consegue.
Felipe Chehuam: O
principal é você estar bem e feliz com o que está fazendo. Se a banda tem
pretensões de alcançar grandes vôos, busque, trabalhe por isso. Também admiro
aqueles que querem montar banda pra se divertir, acho que é válido. Tudo
depende do que quer, e pessoa quer.
Maximiliano:
E gostar.
Felipe Chehuam:
A gente está fazendo o que gosta. Ás vezes tem essas dificuldades de
contratempo, de horário, de perder noite de sono, mas tudo isso estamos fazendo
porque temos vontade mesmo, pois não é fácil. Para fazer o negócio bem feito,
você tem de se sacrificar e se dedicar, pois aqui no Brasil é mais complicado.
Temos problemas sociais, o país está em turbolência, uma série de coisas. Hoje
vivemos uma época em que há bandas gringas tocam aqui aos montes, isso é muito
bom, pois se pode ver o grupo que você quiser.
Felipe Ribeiro:
Coisa que não se via há dez anos.
Felipe Chehuam: Só
que isso não é tão bom pra quem não tem banda. Porque esse grupo está tomando a
oportunidade do promotor de fazer um show fazer um evento com bandas nacionais.
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Confronto Mauricio Santnan |
NHZ: Até porque elas
não estão tocando em lugares grandes, estão se apresentando em locais pequenos
e médios.
Felipe Ribeiro:
O problema não é só esse. Você paga cerca de 100 reais para ver uma banda
gringa. É caro, a maioria das pessoas não tem grana e acabam escolhendo e
preferem ver o grupo do exterior, pois terão outras oportunidades de ver a
banda daqui.
Felipe Chehuam: E
isso prejudica. Não só pra gente, mas todo mundo (bandas nacionais) falam
disso.
Felipe Ribeiro:
Eu vou em show de banda gringa também. Acontece.
Felipe Chehuam: O
incentivo que eu deixo pra galera é fazer o que quer, o que gostam. Que não
desistam na primeira briga e conflito, pois banda é convívio.
Maximiliano:
É um casamento.
Felipe Chehuam:
Você passa por diversas fases e épocas, e você vai crescendo. Estamos há 15
anos com a mesma formação. Já passamos por diversas fases e momentos de
alegria, tristeza, de problemas. Tem gente que não consegue administrar isso,
já vi muita banda acabar na primeira turnê. Pois dava tudo certo enquanto eles
se encontravam no final de semana.
Felipe Ribeiro:
Passou um mês juntos...
Felipe Chehuam: Passou
um mês juntos na van, a banda volta de turnê e acaba. Porque ali é um momento
que está convivendo com os caras. Está dormindo, acordando, passando perrengue,
frio e fome ás vezes. Ali é um momento que você fala: “Será que é isso que eu
quero, será vale a pena?”.
NHZ: As pessoas só
olham o lado bom da coisa.
Felipe Ribeiro: A
maioria das pessoas só olha quando você está em cima do palco feliz, se
divertindo.
Felipe Chehuam: Ás
vezes você viaja 20 horas pra tocar 30 minutos, depois mais 20 horas pra
voltar. Incluindo um monte de coisas, aeroporto, atraso, problemas, pois tudo
isso acontece. Aí é questão de principalmente gostar do que faz.
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