Quarteto mostra que é
possível SIM resgatar a alma dos anos 70 e transportar este sentimento nas
músicas de seu novo trabalho, Rocks
Por
João Messias Jr.
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Rocks Divulgação |
Escutando
o segundo trabalho do Kappa Crucis, acabei refletindo sobre duas situações ocorridas
em períodos distintos, mas que são pertinentes nos dias de hoje: com a
profissionalização da música, para não serem preteridas, algumas bandas lançam
discos que sempre faltam algo, principalmente uma maior maturação nas canções. Nos anos 70, que para alguns foi o período mais produtivo do rock, as bandas
lançavam material todo o ano (algumas vezes dois registros), mas quase tudo era sinônimo de coisa boa, pois a música sai da alma e não do mercado. Creio que não é necessário citar o acervo de clássicos que foram lançados nesse período.
O quarteto de Apiaí formado por F. Dória (bateria e backing vocal), G. Fischer
(voz e guitarra),R. Tramontin (baixo) e A. Stefanovitch (teclados), se por um
lado não entrou na onda de ficar lançando discos a todos instante, por outro,
aprendeu a lição que os mestres ensinaram há mais de 40 anos, com um trabalho
que transborda feeling, introspecção e que atinge em cheio o ouvinte.
Com
uma capa que diz transmite a sensação descrita acima e uma boa gravação (que
curiosamente é limpa e clara) feita no Ger Som Stúdio e masterizado em Montreal
(Canadá), o disco possui canções lineares, o que permite uma audição por
completo do trabalho (mais setentista impossível). Cada canção possui
individualidades, como os climas fúnebres/sacros de What Comes Down. Já faixa
seguinte, Mecathronic tem o sentimento oposto e eleva o astral de todo homem de
bem. O classic rock aparece nas faixas School of Life e Flags and Lies,
inclusive com solos inspirados em caras como Keith Richards (Rolling Stones) e
Ace Frehley (ex-Kiss).
Invisible
Man é uma semi-balada que tem como base a melancolia e um interessante “diálogo”
entre baixo e guitarra. Nobody Knows é aquela canção que deve ser obrigatória
nos shows. Começa rápida e ganha uma parte mais lenta no meio e depois volta
pro rock com um ótimo trabalho de cordas e teclas e um coro épico no final.
Só que o melhor ficou
para a última faixa, The Braves and The Fools, que possui uma energia pra cima
e ótimas vocalizações, que fogem dos berros, urros e gritos e além de
transmitirem bem estar, se mostra o disco ideal para os momentos de reflexão,
principalmente se está para tomar importantes decisões.
Apesar dos
instrumentistas serem competentes, a grande sacada aqui está nos vocais de G.
Fischer, pois como disse acima, foge da pseudo-agressividade e aposta em cantar
de forma limpa e natural, o que garante originalidade e credibilidade, graças
ao seu timbre bonito de voz.
Então, se
quiser se “desintoxicar”(mesmo que por alguns instantes), desse maluco mundo
pós-moderno, que tal fazer isso ouvindo esse baita disco?
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