De nada adianta ter um bom disco na mão se o grupo não se identifica com a obra. Esse não é o caso do quarteto paulista Kappa Crucis, que em seu segundo álbum, "Rocks" conecta o leitor em sua sonoridade, que possui contornos do classic rock e o mais importante: com um clima alto-astral e nos leva a refletir sobre muitas coisas, inclusive sobre o nosso papel na cena. Ponto para o grupo atualmente composto por Gérson Fischer (voz e guitarra), R. Tramontin (baixo), A. Stefanovitch (teclado) e Fábio Dória (bateria).
Na entrevista feita com Gérson e Fábio Dória, os músicos contam da sonoridade do trabalho, o fato de lançarem o trabalho de forma independente, shows, o momento do estilo e a arte do trabalho.
Por João Messias Jr.
Fotos e Imagens: Divulgação
Na entrevista feita com Gérson e Fábio Dória, os músicos contam da sonoridade do trabalho, o fato de lançarem o trabalho de forma independente, shows, o momento do estilo e a arte do trabalho.
Por João Messias Jr.
Fotos e Imagens: Divulgação
Rocks Divulgação |
NEW HORIZONS ZINE: Parabéns pelo
excelente trabalho desenvolvido em seu novo trabalho, o álbum “Rocks”, que
mergulha no classic rock,
numa sonoridade gostosa de ouvir, refletir, viajar e o mais importante :
abordando um conceito único, original. Qual o cuidado que a banda possui no
desenvolvimento da sonoridade, para que não soe parecido com isso ou aquilo e
com a “leveza” de suas canções, fazendo com que o disco seja ouvido de uma vez?
Gérson Fischer - A
principal característica que temos nesse sentido é de tentar soar da forma mais
natural possível, sem forçar a barra, respeitando os gostos
pessoais de todos na banda. Nunca tivemos a preocupação se vai soar parecido
com isso ou aquilo, a autenticidade fica a cargo dos ouvintes.
Fábio Dória –
Obrigado pelas palavras. Realmente não temos uma intenção inicial de como as
músicas devem soar nos momentos de compor, desenvolver e arranjar. Deixamos a
nossa natureza fluir.
NHZ: O que estão
achando das resenhas
e repercussão de fãs em relação ao novo álbum?
Gérson
Fischer - A
melhor possível. Agradecemos do fundo do coração os
elogios e críticas positivas, o que nos da mais força em prosseguir com a
banda.
Fábio
Dória – É gratificante ver que as resenhas têm sido extremamente
positivas, especialmente quando dizem que nosso trabalho é autêntico. Recebemos
isso com muita satisfação. Quanto aos fãs, suas palavras ou gestos que
demonstram seu envolvimento com nosso trabalho ajudam a alimentar a chama de
nossos sentimentos e de nossa dedicação ao rock. Como podemos nos sentir em
fazer o que gostamos e ainda agradar pessoas com isso?
NHZ: A banda optou por
lançar o trabalho de maneira independente. Porque lançarem dessa forma? Houve o
interesse de gravadoras daqui e do exterior?
Fábio Dória – Desde
o início do projeto optamos por fazer de maneira independente. Não procuramos ninguém,
mas claro que estamos sempre abertos a conversas. Hoje em dia quem tem a
mínima noção de como funciona o
mercado do heavy
rock, sabe que existem cada vez mais lançamentos oficiais de
forma independente. A confecção do produto até sua finalização, independente ou
com gravadora, passa por todo um processo idêntico que não se resume só a
música em si. As
diferenças basicamente se resumem na distribuição e divulgação.
NHZ: Falando em
exterior, como anda o nome Kappa Crucis na América do Norte e Europa ?
Gérson Fischer - Hoje com os diversos meios de comunicação com certeza
vários lugares nesses continentes já ouviram falar da banda. Não sabemos até
que nível nosso nome está repercutindo.
Fábio Dória – Ainda
não temos um parâmetro para avaliação nesse sentido. Posso apenas afirmar que
já foram publicadas matérias sobre o Kappa Crucis em alguns países. O disco
anterior está a venda há algum tempo na Europa e pretendemos fazer “Rocks”
seguir o mesmo caminho.
Kappa Crucis Divulgação |
NHZ: Antes de falarmos
do conjunto da obra, algo que chama a atenção há algum tempo é o fato de muitos
jovens estarem resgatando o som praticado nos anos 50, 60 e 70. Inclusive temos
muitos grupos surgindo como o Scorpion Child, além do interesse de gravadoras
como Nuclear Blast e
Century Media nesses novos grupos. O que pensam sobre isso?
Fábio Dória – Desde
que isso seja feito com envolvimento, paixão e compromisso, se torna algo com
valor. Se for algo feito numa onda sem sentido, apenas com interesses comerciais,
não haverá força. É importante haver uma conscientização de qual é a raiz do rock.
Gérson Fischer - É bom
saber que a galera mais jovem está abrindo a cabeça , pois o heavy metal não começou
nos anos 80. Ele vem de muito antes. É preciso conhecer e respeitar as origens
bem como não querer ser o dono da razão.
NHZ: Falando nas
gravadoras, o que acham que falta para elas investirem em grupos brasileiros
que fazem esse tipo de som, como exemplos Alba Savage, Dusty Old Fingers,
Saturn e o próprio Kappa Crucis?
Gérson Fischer - É
complicado, pois a impressão que se dá é que só quem toca som extremo ou heavy metal power
melódico com solos a velocidade da luz e dois bumbos é que chamam a atenção, e as
gravadoras vão nessa onda pois elas querem divulgar o que está em evidencia. No dia em
que mais e mais
pessoas começarem a curtir bandas com sonoridade mais antiga ,
talvez as gravadoras abram os olhos e mude seus conceitos.
Fábio Dória – Creio
que em meio a queda vertiginosa de venda de CD’s, as gravadoras tem se contido
mais em investir e arriscar. Acredito que seja necessária uma combinação muito
bem pensada de planejamento com uma boa dose de arrojo. Afinal, estamos em um
meio onde a moda não diz muito, correto?
NHZ: A capa é muito
bonita também. Feita por Robson
Ferreira, ela apresenta constelações rochosas em tons escuros.
Quase que predominante às cores cinza e preto, que combinam perfeitamente com o
conceito musical do disco. Para chegar nesse resultado rolaram aquelas trocas
intermináveis de
arquivos e idéias ou foi como nos anos 70, no primeiro take?
Gérson
Fischer - Já tínhamos uma idéia pré-concebida, vamos dizer assim.
Logicamente alguns detalhes foram surgindo conforme fomos montando a capa, mas
sem distanciar do conceito original do que queríamos. Foi feita de forma bem
rápida, mas não em um take somente.
Fábio
Dória – Eu e o
Gérson fomos umas quatro vezes a
casa do Róbson. Passamos a idéia inicial e sempre que íamos lá desenvolvíamos
mais um pouco. Entre uma ida e outra, Róbson lapidava nossas idéias com seu
grande talento e imensa boa vontade com a banda. Isso tudo até chegar ao
resultado final.
NHZ: Infelizmente o
artista faleceu e não teve tempo de ver a capa estampada no disco. Qual o
sentimento do grupo em relação a essa perda?
Fábio Dória – Os
sentimentos de Róbson pela sua arte estão registrados em “Rocks” e em “Jewel
Box”. Sentimos muito sua perda, cerca de cinco dias após nos entregar o trabalho pronto. Somos
gratos por toda sua dedicação. Um grande artista e uma pessoa muito sensível!
Gérson Fischer – Uma
perda muito dolorida para todos nós. Ficam nossos eternos agradecimentos a essa
pessoa fantástica por todos esses anos. Sua arte ficará estampada para sempre
em nossos corações.
NHZ: O timbre vocal de G. Fischer é muito
interessante, pois é limpo e além de fugir dos urros e berros, nos permite
entender cada linha que é cantada. Junto com os riffs, cozinha e teclas, qual o
papel da voz na música da banda?
Gérson
Fischer - O lance do vocal não difere no que diz respeito ao som da
banda, ou seja, natural e sem se preocupar se vai soar com isso ou aquilo, mas
buscando captar essencialmente o sentimento da música.
NHZ: Falando um
pouquinho nas canções, algumas que me marcaram ao ouvir o disco foram
Mecatronic, Invisible Man e o encerramento do trabalho com The Braves and the Fools,
que apesar de irem em direções diferentes, chamam a atenção pelo clima de alto
astral, que gera ao ouvinte a sensação de prazer, algo até contraditório com a
mística do rock. Queria a opinião de vocês sobre isso.
Gérson Fischer -
Ouvimos todos os tipos de comentários sobre o álbum, mas no geral achamos muito
legal em saber que nossas músicas despertam vários tipos de sentimentos. Isso
mostra a versatilidade de nossas composições o que nos deixa realizados como
artistas.
Fábio Dória – É interessante
saber que nossas músicas transmitem esse tipo de emoção. Já ouvimos depoimentos
de outras sensações também. De qualquer forma, é muito gratificante saber que
nossas músicas despertam emoções nas pessoas.
NHZ: Com um belo disco
debaixo do braço, o lance é se apresentar para promovê-lo. E uma bela
oportunidade que os fãs de classic rock tiveram de ver a banda foi no
fetival Roça n Roll que aconteceu nos dias 16 e 17 de maio, em Varginha. Como
pintou o convite e o que acharam os mineiros acharam da apresentação do grupo?
Fábio Dória – Desde
o lançamento de “Jewel Box”, nosso álbum anterior, temos procurado divulgar
bastante nosso trabalho. Já tínhamos um contato com os organizadores e após o
lançamento de “Rocks” fomos convidados para tocar no Roça n Roll. Entendo isso
como uma recompensa e um reconhecimento de um trabalho com muita dedicação,
comprometimento e envolvimento como fazemos. Claro que foi uma alegria muito
grande o convite. Participar de um evento que é uma referência no heavy rock é uma realização
e tanto. Gostamos muito da receptividade que tivemos de nosso show,
considerando que foi a primeira vez que muita gente pode conferir nosso
trabalho.
Gérson Fischer - Agradecemos
todas as pessoas da organização do festival pela atenção e por depositarem suas
fichas em nós, uma vez que o Roça N'
Roll é um dos maiores festivais de rock pesado do país. Quanto a apresentação, achamos
muito positiva. Foi mais um degrau que subimos em nossa carreira.
Kappa Crucis Divulgação |
NHZ: Para encerrar,
vivemos um momento de certa forma confusa na cena nacional. São várias bandas
bradando que apóiam o rock,
metal e reclamam que as pessoas não vão aos shows, não
compram o merchandising dos grupos e tal. Mas, analisando friamente, vemos que
a maioria dessas bandas não sabe a sua missão na cena, seja se divertir ou
levar um trabalho sério, com perspectivas a médio e longo prazo. O que pensa
sobre isso e, aproveitando, como vê o papel da Kappa Crucis na cena ?
Gérson Fischer - O
prazer de tocar numa banda é a chave de tudo, o resto é conseqüência. Quanto o
papel do Kappa Crucis na
cena , achamos que viemos para somar para as pessoas que
realmente gostam de
celebrar o rock n' roll
e não só por vaidade.
NHZ: Muito obrigado
pela entrevista. Deixem uma mensagem aos leitores desta publicação?
Gérson Fischer - Obrigado
pelo espaço. Desejo aos leitores muita paz, consciência e muito rock n'
roll.
Fábio Dória – Nós é
que agradecemos pelo espaço concedido. Grande abraço a todos !
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