Nova edição do festival Ataque Extremo contou com as bandas Reffugo, Justabeli, Blackning e Chemical Disaster
Texto: João Messias Jr.
Fotos: Patricia Amorim Flavera
Muitos
chamam de sonhadores, outros de loucos e poucos de vagabundos, mas a verdade é
uma só, que nunca foi e nunca será fácil apoiar/montar um evento destinado ao
metal no Brasil, salvo algumas exceções.
Assim
podemos falar do “Ataque Extremo”, que há anos dedica um espaço para bandas
desse segmento aqui no ABC paulista e nessa atual edição, realizada no dia 3 de
outubro, trouxe aos presentes o melhor do submundo extremo, com as bandas
Reffugo, Justabeli, Blackning, Bloody Violence e os santistas do Chemical
Disaster.
Inicialmente
no Cidadão do Mundo, atualmente o evento acontece na Troppo, localizada no
centro de São Caetano do Sul, que apesar de bem diferente da primeira casa,
mantém o charme e as características para receber eventos do estilo.
Justabeli Patricia Amorim Flavera |
Por
motivos logísticos acabei perdendo o show do pessoal do Reffugo, uma pena. Já se passavam das 23h30 quando o Justabeli iniciou
seu set. Com uma nova formação, que além de War Feres (voz e baixo) hoje é
composto por Julio Blasphemer (guitarra) e Morbus Deimos (bateria) deram continuidade na
divulgação de seu novo trabalho, o álbum Cause the War Never Ends.
Os
destaques ficaram por conta de Die In the War, a técnica Infected By Radiation
e os ótimos solos de Divine Fall, numa ótima apresentação, que foi marcada pela
coesão, além de evidenciar que a atual formação vai muito bem obrigado.
Blackning Patricia Amorim Flavera |
Do
death/black rumamos ao thrash com o Blackning. E para quem ainda não conhece o
trio formado por Cleber Orsioli (guitarra e voz), Francisco Stanich Jr. (baixo
e voz) e Hellvis Santos (bateria) está perdendo tempo, ainda mais se for fã do
thrash brazuca praticado nos anos 90 (Sepultura, Overdose, Korzus).
Em um set
curtíssimo, mandaram músicas do debut, Order of Chaos, de 2014 que teve como
pontos altos The Will Be Done, Death Row e Unleash Your Hell. Vale citar que
além da pegada ‘brazilis’, o que chama a atenção é o groove inserido nas
canções, que as deixam especiais, além de diferenciar o grupo de outros do
mesmo estilo.
Já eram mais de 1h40 da madruga e o death
metal retornava com a gauchada do Bloody Violence. Voltando de um giro na Europa, o trio formado a época por
Israel Savaris (baixo e voz), Igor Dornelles (guitarra) e Eduardo Polidori
(bateria) vai na vertente mais técnica e brutal do estilo, com destaque para as
linhas de baixo e o uso da guitarra de oito cordas, cujas texturas são um
atrativo a mais nas canções, como pudemos ouvir em Mother of the Dying, Colares
UFO Clap e Born to Squirm. Ótima banda, cujo debut Divine Vermifuge merece um lugar na CDteca dos admiradores de música extrema!
Chemical Disaster Patricia Amorim Flavera |
Encerrando a noite tivemos os
veteranos santistas da Chemical Disaster. Luiz Carlos (voz, Vulcano), Fernando
Nonath (guitarra), Ricardo Lima (guitarra), Carlos Diaz (baixo) e Juca Lopes
(bateria) agradaram em cheio os presentes com seu death metaal old school.
Tudo
permeado por um clima de descontração, como se fosse um encontro entre amigos,
que respondiam batendo a cabeça em sons como When the Man Loses Fate, Soulsick,
Canibalistic Greed e numa visceral versão para Black Metal (Venom). Seco, letal e mortífero, como um show de death metal deve ser!
Nem tudo foram flores
Esse é o ponto chato desse texto.
Embora a noite tenha sido agradável, com ótimas apresentações de todos os
grupos, nem tudo foi 100% nessa noite. Apesar do som não estar as mil
maravilhas (o que gerou a insatisfação do pessoal do Bloody Violence), o que é
triste ver é o pouco público em eventos destinados ao metal no ABC.
O que faz vir a mente o seguinte
questionamento...pra que bolar iniciativas destinadas ao estilo já que as
pessoas preferem ficar em casa ou ouvindo as mesmas músicas que fizeram sucesso
há 30, 40 anos atrás?
Assim, não há sonho ou ideal que resista a tanta falta de interesse (ou burrice)?
Nenhum comentário:
Postar um comentário