Quarteto canadense fez apresentação bombástica para seus fãs brasileiros
Texto
e fotos: João Messias Jr.
Necromancia João Messias Jr. |
O
dia 30 de abril pode entrar para a história do metal nacional, pois finalmente
os headbangers brasileiros tiveram a oportunidade de conferir ao vivo o som dos
canadenses do Voivod, que assim como seus conterrâneos do Kataklysm, tiveram
datas confirmadas anos atrás, que foram canceladas devido a imprevistos no
percurso.
Interessante
de tudo é que a banda formada por Snake, Piggy (falecido em 2005), Blacky e
Away nos anos 80, possui um som curioso, que mistura no mesmo caldeirão thrash,
punk, ficção científica, psicodelia, isso numa época que não havia referências
no metal para tanto, pois essa miscelânea passava longe do progressivo do Rush,
Queensryche e com a vantagem de agregar fãs de diversos segmentos sem abrir mão
da integridade musical, que gerou álbuns clássicos como War and Pain, Killing
Technology, Nothingface e até mesmo o contestado Angel Rat.
Necromancia João Messias Jr. |
Como
a apresentação foi marcada para uma véspera de feriadão, o trânsito estava um
caos, mas deu tempo de chegar no Hangar 110 às 20h30, bem na hora da apresentação
do Necromancia. Marcelo “Índio” D’Castro (guitarra e voz), Roberto Fornero
(baixo) e Kiko D’Castro (bateria e backing vocal) fizeram seu thrash classudo,
que agradou ao pessoal que já estava em ótimo número dentro da casa.
Privilegiando
o ótimo Back From the Dead de 2012, mandaram Under the Gun, Playing God e Death
Lust, esta última, uma regravação das antigas presente no mais recente
trabalho. Embora na maioria das apresentações as bandas de abertura sofram pela
ansiedade dos fãs em ver a atração principal, não foi isso que aconteceu nesta
noite. Dos trabalhos anteriores o trio mandou a trabalhada Cold Wish (com
passagens que nos remete ao grunge e ao stoner), The Blooding e a energética Greed Up to Kill. Sem mais palavras: uma baita apresentação, que soa até
injusta chamar de abertura.
Voivod João Messias Jr. |
Já
eram 21h50 quando o Voivod começou seu show. Logo nos primeiros acordes de
Kluskap o Kom, do mais recente disco, Target Earth, Snake (voz), Chewy
(guitarra), Blacky (baixo) e Away (bateria) viu a recepção calorosa do público.
Esse som é interessante, pois começa numa levada punk rock e depois ganha
contornos psicodélicos. Tribal Convictions, de Dimension Hatross é mais
hipnótica e mostrou músicos pra lá de empolgados, em especial Snake e Away, que
não tirava os olhos da plateia enquanto espancava a bateria. Como a noite
estava apenas começando, os caras mandaram Target Earth, faixa-título do mais
recente álbum de estúdio, que com seu ritmo robótico-atmosférico e refrão
grudento, soube prender o público, que lotava a casa nessa hora. O álbum
Dimension Hatross foi novamente visitado com a trabalhada Chaosmongers e a
caótica Psychic Vacuum.
Voivod João Messias Jr. |
O curioso é que por
mais variada que seja a música do grupo, o que chama a atenção são os vocais,
pois não são urrados, tampouco berrados,
mas sim “naturais” com um pé no punk, que ao vivo se aproximam de grupos como
Sex Pistols. A sorumbática Warchaic foi mais uma do novo disco e a nostalgia
veio novamente com The Unknown Knows de Nothingface, com levadas punk rock e
Forgotten in Space, de Killing Technology. A nova Mechanical Mind encerrou a
primeira parte do show. Alguns minutos depois o quarteto retornou com a
visceral Voivod, de War and Pain, que teve mosh atrás de mosh, que teve até
banger se enroscando no microfone de Snake, problema facilmente resolvido. Uma
menção ao antigo guitarrista Piggy, que teve o nome gritado pelo público foi a
deixa para a última da noite, Astronomy Domine, cover do Pink Floyd, presente
em Nothingface e que ficou conhecida dos brasileiros por sua exibição no
saudoso Fúria Metal.
Voivod João Messias Jr. |
Confesso
que não sabia como encerrar estas linhas desse show histórico, que agradou a
todos os presentes, que foi muito bem organizado, com som redondo até na hora
da primeira banda, casa cheia, enfim...adaptando algumas palavras do Índio do
Necromancia a verdade é que talvez a garotada de hoje não entenda a importância
do Voivod no metal, mas quem já chegou nos 30 ou 40 anos sabe a magnitude que
foi esses caras terem vindo para cá.
Sentimento evidenciado por diversos
músicos da nossa cena, que figuram ou figuraram em grupos como Genocídio,
Macchina, Skinlepsy, Acid Storm, Worst, Saturn entre outros que não me recordo
agora.
Um comentário:
D+!!!!!!
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