Um guitarrista diferenciado!
Assim podemos definir o músico gaúcho Marcos de Ros, que é dono de uma extensa carreira musical, que consiste em lançamentos solo, com as bandas De Ros e Akashic, e que em 2013 lançou o álbum "Sociedade das Aventuras Fantásticas", que recria histórias como "Pinóquio" e "Alice no País das Maravilhas", numa roupagem que busca a sensibilidade e a instrospecção.
Nessa entrevista com o músico, ele nos conta disso e muito mais.
Confiram a entrevista!
Por João Messias Jr.
Fotos: Divulgação
Marcos de Ros Divulgação |
NEW HORIZONS ZINE: “Sociedade
das Aventuras Fantásticas” (2013) podemos chamar de um trabalho ousado, pois
ele busca recriar musicalmente histórias como Pinóquio, Alice no País das
Maravilhas e Don Quixote de La Mancha. Como surgiu a inspiração para fazer esse
tipo de trabalho?
Marcos de Ros: A
ideia nasceu de quando eu me dei conta das diferenças da minha infância e
adolescência, recheada de heróis, valores e aventuras, com a da gurizada de
hoje, recheado de facebook, twitter, instagram e outras bobagens, fora os
péssimos programas de TV.
Pensei no que estaria ao meu alcance para difundir um
pouco a literatura e eis que surge a “SAF”.
NHZ: Quando as pessoas
ouvem que se trata de um disco de guitarrista, logo vem a mente que é um
trabalho direcionado aos fãs de shred, mas ouvindo o álbum percebe-se que é um
trabalho com unidade, ou seja, todos juntos em prol da boa música. Já enfrentou
críticas sem terem ouvido o disco, só por saberem que é o guitarrista que
carrega o nome da banda?
Marcos: Na
verdade não. Já ouvi elogios, pois a
galera imagina que vai ouvir malabarismos e encontra algo mais musical. Mas não
se engane, tem uns malabares em alguns trechos(risos)!
NHZ: Você se encarregou de
chamar músicos excelentes para o disco, como seu parceiro desde os tempos de
Akashic, Éder Bergozza, o baterista Thiago Caurio (Anaxes/Akashic) e o holandês
Marcel Van Der Zawn no baixo. Como foi chegar nos caras para montar o time do
disco?
Marcos: Na
verdade, são todos meus amigos, então foi fácil. Convidei os caras que eu achava que não
precisava dar muito direcionamento, pois iriam tocar aquilo que vinha de forma
natural, e foi bem isso o que aconteceu. Eu dava a minha visão do som e eles
faziam muito melhor do que eu tinha imaginado.
Marcos de Ros Divulgação |
NHZ: Outro músico
participante no trabalho é o seu também companheiro de Akashic, Rafael Gubert.
Mas aqui ele não mostra os dotes vocais, mas sim uma espécie de assovio em “Moby
Dick” e “Nauticus”. Como surgiu essa ideia?
Marcos: É
o assovio do Rafa mesmo, que, além de cantar ridiculamente bem, ainda assobia
afinadíssimo, com certeza um instrumento musical à parte. Primeiro, eu queria
usar o assobio, pois é um recurso excelente para trilhas sonoras, influência
direta do mestre Ennio Morricone. E depois pensei que nos temas “do mar” (Moby
Dick e Nautilus), a melodia assobiada daria uma sensação de solidão, típica dos
marinheiros.
Marcos de Ros Divulgação |
NHZ: “Pinóquio”, que também
possui um vídeo, chama a atenção pelo peso e pela sutileza de seus detalhes.
Essa canção deu trabalho para ser gravada até chegar no ponto que queria ou foi
gravada em poucos takes?
Marcos: Tanto
quando as outras! Na verdade, a parte da guitarra é bastante simples, então não
foi nada complicado. Legal tu falar dela – A “Pinóquio” é pesadona porque eu li
a história original, que não é bonitinha como a versão da Disney.
A história é
bem pesada, então imaginei um Pinóquio meio tosco, que anda meio capenga (por
isso o tema tem uns compassos em 5/4). E como Pinóquio, em italiano, é pinhão,
uma comida típica do RS, ela começa com uma gaita. (risos)
NHZ: Seu estilo chama a
atenção pela emoção e sensibilidade, como disse em Aladim e Canção Para Poliana
e em sons mais antigos como “Be the Hero” (Akashic). Como você foi
desenvolvendo sua musicalidade e que músicos o inspiraram para chegar no estilo
que possui hoje?
Marcos: Eu
ouço muita coisa, e muitos guitarristas! Acho que o lance é ir se aprimorando
com o tempo, e se livrar o quanto antes das amarras auto impostas, do tipo sou
fã do guitarrista “x”, quero soar igual a ele”, e procurar a tua própria voz. E
não desistir nunca, pois quem decide a tua vida é você mesmo!
NHZ: Você já excursionou
pela América do Sul e Europa. Quais as principais diferenças dos públicos
desses continentes e qual deles que mais gostou de fazer?
Marcos: Cara,
lugares com menos shows, como na Bolívia, por exemplo, tu tem gente muito mais
motivada para te assistir, portanto, fãs muito mais ávidos por sons e
novidades. Na Europa, é super organizado, mas tu não é exatamente algo novo e
imperdível.
Marcos de Ros Divulgação |
09. Para encerrar, vou
citar alguns trabalhos que gravou em sua carreira e queria sua opinião sobre
eles?
Marcos:
“Masterpieces”:
Foi um disco importante, me ajudou a amadurecer e a perceber a importância de
saber criar arranjos. Apesar da
sonoridade da guitarra ser bem fraquinha, eu curto muito.
“Peças de Bravura”:
Sem dúvida adoro as composições desse CD. Acho um material muito valioso,
porém, pela orquestração guitarra e piano, acho que não atingiu tanto publico
como poderia, mas pretendo trabalhar em algumas coisas que vão trazer esse
trabalho novamente à tona.
“Universe”:
Segundo CD da banda De Ros. Apesar da produção fraca, acho que tem excelentes
passagens nesse trabalho. Algumas composições me surpreendem até hoje, pois são
as ideias de três músicos que estavam completamente envolvidos no processo de
criação/arranjo.
“A Brand New Day”: A
melhor produção com a qual trabalhei até hoje, com recursos praticamente
ilimitados e com uma gravadora subsidiando os gastos, pudemos utilizar o que
havia de melhor para fazer esse CD, e isso fez muito diferença. Sem contar que
a banda estava na melhor forma possível! Adoro os CDs do Akashic!
NHZ: Obrigado pela
entrevista! Deixe uma mensagem aos leitores desta publicação.
Marcos: Agradeço
demais pelo espaço! Se quiserem conhecer mais o meu trabalho, acessem meus
canais nas redes.
Abração!
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