Evento que contou com
as bandas Seventh Seal, Tailgunners, Demolition Inc. e Vulgar Type evidenciou o
mesmo problema de shows de grupos que tocam músicas próprias: pouco público
Texto
e fotos: João Messias Jr.
Cartaz: Divulgação
Cartaz do evento Divulgação |
Foram
dias de indecisão e muitas reflexões e até a decisão de NÃO publicar esse
texto, pois uma hora o leitor ficará de saco cheio deste cabeludo de óculos
batendo sempre na mesma tecla, que o público não vai aos shows e tal.
Mas, como
as coisas não mudam (e não mudarão num curto prazo), vamos derrubando as pedras
e mostrando o que acontece na cena, como o domingo quente (que a noite ganhou uma chuva torrencial) do dia 19 de outubro,
que contou com as bandas Seventh Seal, Tailgunners, Demolition Inc. e Vulgar
Type, que também teria a Hevilan, que não se apresentou por problemas de força maior.
O
local escolhido, o Lords Rock Bar, em São Caetano do Sul, ABC paulista. Uma
casa que antes do atual nome foi reduto de apresentações de samba e pagode. Há
aproximadamente cinco meses, abriu as portas para o rock para todos os segmentos
do estilo. A casa tem uma decoração digna das melhores de São Paulo, com charme inglês, paredes pretas e o melhor: capacidade para mil pessoas.
Vulgar Type João Messias Jr. |
As
apresentações tiveram início às 16h30 com a banda Vulgar Type, que se mostrou
uma excelente surpresa. Do ABC paulista, o quarteto formado por Guzz’Cold (guitarra e voz), D. Tambveri
(guitarra), Hellder Witz (baixo) e Dionísio Pavan (bateria) são praticantes
daquele hard rock oitentista (se pensou em Motley, Winger e Ratt acertou) e
estão quase no ponto para se tornarem um dos grandes nomes do estilo aqui. Pois mostraram muita malícia e músicas grudentas, como as canções do EP “Loud for the Night”,
cujo destaque foi a "chicletíssima" “Midnight Little Girl”, cujo refrão fica na
mente por dias, acredite. Outros pontos altos foram a versão para “Whole Lotta
Rosie” (AC/DC) e “Shadows of the Wall”, que abriu a apresentação. Parabéns pela
inclusão do grupo no cast.
Demolition Inc. João Messias Jr. |
Saindo
das plumas e paetês e indo para algo mais pesado, às 17h40, tivemos o show da
Demolition Inc. Sem invencionices e tampouco maluquices, o quinteto que conta
hoje com Ricardo Peres (voz), Diego Reis (guitarra), Cleber Beraldo (guitarra),
Valter Martins (baixo) e André Alves (bateria) funde as escolas do metal
tradicional e thrash.
Essa fusão resulta numa bela combinação entre peso e melodia,
com destaque para “Revolution Now” e “Set Word On Fire”,que farão parte do
primeiro álbum do grupo que sai nos próximos meses.
Tailgunners João Messias Jr. |
Hora do metal tradicional, estilo que o Tailgunners pratica com maestria. De
inspiração maideniana, Daniel Rock (voz), Lely Biscasse (guitarra), Raphael
Gazal (guitarra), Lennon Biscasse (baixo) e Gustavo Franceschet (bateria)
executaram as canções de forma apaixonada, cativando os poucos presentes,
mostrando-se uma banda com uma performance melhor do que as dos grupos que os
influenciaram.
Com base no terceiro álbum, “The Gloomy Night”, o set teve como destaque“Gloomy Night,”In My Eyes” e “One of Them”, sem esquecerem das antigas como “Abolition of Slaves”, do debut “Battlefield”, lançado em
1998.
Uma
apresentação que merecia ter sido vista por mais pessoas.
Seventh Seal João Messias Jr. |
Encerrando
a noite às 20h50 o Seventh Seal colhe os frutos da ótima repercussão do terceiro
trabalho, “Mechanical Souls”, que une de forma balanceada elementos do hard
rock ao death metal, tudo temperado com um toque progressivo. Contando com os
melhores músicos do país em suas fileiras, o grupo que conta hoje comLeandro Caçoilo (voz), Thiago
Oliveira (guitarra), Tiago Claro (guitarra), Victor Próspero (baixo) e Marcus
Dotta (bateria) fez um set diferente das apresentações anteriores,
começando com”Dark Chant”, uma das músicas mais fortes do grupo e que funcionou muito bem como abertura. O show continuou com a grudenta “Virtual Ego”, passando por “Highway
to Hell”(AC/DC) até o encerramento com “Beyond the Sun”, numa noite, que além
do público pequeno, ficou marcada pelo som ruim em todas as apresentações. Como
a casa começou seus trabalhos recentemente, a expectativa é que as coisas melhorem com o
tempo e por isso merecem um voto de confiança.
Seventh Seal João Messias Jr. |
Como
disse nas primeiras linhas, algo precisa ser feito para que os
eventos tragam mais pessoas. Vou me repetir, mas é necessário: bandas, donos de
casas de shows, produtores, imprensa e público deveriam conversar e discutir soluções e
até novas formas de espetáculo para que o mesmo não fique relegado a meia dúzia de gatos pingados. A intenção não é que milhões de pessoas lotem as casas, mas que pelo
menos as bandas tenham um público justo para vê-las. E o diálogo seria um ótimo
começo para melhorar isso.
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