Evento que contou com as bandas Taurus, Centurias,
Metalmorphose, Salário Mínimo e Stress teve casa cheia e performances
apaixonadas
Texto e fotos: João
Messias Jr.
As origens
O projeto Peso
Brasil teve início em janeiro deste ano, idealizado por Ricardo Batalha e visa
mostrar ao público a qualidade das bandas autorais do underground. Desde então,
se apresentaram grupos como Necromancia, Goatlove, Genocídio e Dusty Old
Fingers.
No mês de novembro
o projeto ganhou uma edição especial, chamada Super Peso Brasil. Realizada no
último sábado (9), no Carioca Club e recebeu um cast que nos remete aos
primórdios do metal nacional com os grupos Taurus, Centúrias, Metalmorphose,
Salário Mínimo e Stress.
As apresentações
Cheguei no Carioca
por volta das 16h30 e o evento já havia iniciado com as
bênçãos dos pilares da
cena underground: Walcir Chalas (Woodstock Discos), Ricardo Batalha (Roadie
Crew) e Marcello Pompeu (Korzus), que apresentaram a primeira banda da noite:
Taurus, banda da qual sou um grande fã.
Taurus João Messias Jr. |
Às 16h50, o
quarteto formado hoje por Otávio Augusto (voz), Cláudio Bezz (guitarra), Felipe
Fuscaldo (baixo) e Sérgio Bezz (bateria) mandaram ao excelente público que já
estava na casa, seu thrash metal crú e trabalhado, que é bem original se
comparado ao que temos na praça hoje.
Após a intro, os
caras surpreenderam ao abrir com a faixa-título de seu mais recente trabalho,
Fissura, de 2010, que mostrou uma pegada parecida com a dos primeiros tempos da
banda. Só que o público queria ver os clássicos. Assim, o quarteto mandou
Batalha Final e a faixa-título do seu debut, Signo de Taurus. Era visível a
empolgação da banda, em especial do vocalista Otávio, que estava emocionado
pela recepção dos presentes e pela oportunidade de estarem num grande evento.
Mas tinha mais.
A banda anunciou o primeiro convidado especial da noite, Luiz
Carlos Louzada (Vulcano) e juntos mandaram Mundo em Alerta, que emocionou a
todos pela performance apaixonada (fato que se repetiu nas apresentações
seguintes). Da fase em que o vocalista era Jeziel, a banda mandou as Trapped in
Lies e Pornography. Só que a maior surpresa do set foi Dias de Cão, do último
disco, que apresenta passagens cadenciadas, mais peso e menos velocidade.
O curto set
terminou Damien e Massacre, que foram responsáveis pelas primeiras rodas da
festa. Após encerrarem a apresentação, saíram ovacionados pelo público, o que
foi algo muito bonito de se presenciar.
Em duas rodas
Centúrias João Messias Jr. |
Sobre a frase, "essa banda anda em duas rodas", Pompeu anunciou a segunda banda da noite, o Centúrias. Contando hoje com Nilton
“Cachorrão” Zanelli(voz), Roger Vilaplana (guitarra), Ricardo Ravache (baixo) e
Júlio Príncipe (bateria) mandaram de cara Guerra e Paz e Fortes Olhos, do álbum
Ninja. Musicalmente o quarteto passeia pelo hard/heavy e possui como referência
o Judas Priest da fase Screaming for Vengeance.
Essa formação lançou
recentemente o single Rompendo o Silêncio e deste trabalho mandaram as faixas
Sobreviver e Ruptura Necessária, que não apenas mantém o estilo que consagrou a
banda, como podem se transformar em futuros clássicos. O final com o medley de
Duas Rodas/Portas Negras contou com a participação de André Gois
(Vodu/Desaster) dividindo os vocais com Cachorrão, mantendo o nível do festival
em alta.
O ultimato
Metalmorphose João Messias Jr. |
A terceira banda da
noite foi a carioca Metalmorphose, conhecida por ter dividido o split Ultimatum
com a banda Dorsal Atlântica em 1985. Hoje contando com Tavinho Godoy (voz), PP
Cavalcanti (guitarra), Marcos Dantas (guitarra, Azul Limão), André Bighinizoli
(baixo) e André Delacroix (bateria) fizeram um set variado, que teve canções
desde seus primeiros dias (Cavaleiro Negro e Desejo Imortal) até o mais recente
trabalho, o excelente Máquina dos Sentidos, do qual executaram a faixa-título,
Jamais Desista e Máscara.
Com um ótimo entrosamento e uma dupla de
guitarristas, que assim como Cláudio Bezz (Taurus), merece ser vista por quem
aprecia o instrumento, os cariocas fizeram um dos melhores shows da noite. Só
que o melhor ficou para o fim. Lucky Luciano (X Rated) se juntou a banda e
mandaram Metalmania, de Robertinho do Recife. Vale lembrar que esse momento foi
mágico, pois creio que poucos esperavam ver essa música ao vivo um dia. Satã
Clama Metal (Azul Limão) e Minha Droga é o Metal encerraram esse show
maravilhoso. Mal posso esperar para assistí-los novamente.
Olha a Chuva
Salário Mínimo João Messias Jr. |
Sob chuva de papel
picado e ao som de Delírio Estelar, da coletânea SP Metal e regravada em seu
mais recente trabalho, Simplesmente Rock, China Lee (voz), Daniel Beretta e
Junior Muzzili (guitarras), Diego Lessa (baixo) e Marcelo Campos (bateria,
Trayce) são conhecidos por suas apresentações cheias de energia e empolgação e
nesta noite não foi diferente.
Dama da Noite, Noite de Rock, Anjos da Escuridão
extasiaram os presentes, que em muitos casos, sequer eram nascidos quando Beijo
Fatal foi lançado, mais uma evidência que esse tal de rock and roll transcende
gerações. China Lee, de forma bem descontraída chama para o palco Jack Santiago
(ex-Harppia) para executarem uma versão para Salém (A Cidade das Bruxas), na
qual o convidado cantou de forma apaixonada e empolgante. Mais uma apresentação
chegava ao fim e a banda o fez cheio estilo, com um medley das canções Cabeça
Metal e Jogos de Guerra, que assim como no começo, teve chuva de papel picado.
Gran finale
Sem desmerecer nenhum dos grupos acima, até porque
TODOS possuem
história de sobra, mas nada mais justo que dar ao Stress a honra
de fechar com chave de ouro este evento. E é simples de explicar, pois o trio
paraense formado por Roosevelt Bala (voz e baixo), Paulo Gui (guitarra) e André
Chamom (bateria) “apenas” lançou em 1982, o primeiro disco de heavy metal em
nosso país.
Stress João Messias Jr. |
Heavy Metal e Mate o Réu deram início ao show dos
caras e essas canções mostram uma faceta mais rock and roll, diferente de Flor Atômica,
faixa que dá nome ao segundo disco do trio, que é mais hard/heavy.
Sodoma e Gomorra contou com a participação de Vitor
Rodrigues (Voodoopriest), que foi mais um momento que causou êxtase aos
presentes. Sob as declarações de que para uma música não precisa de ter 532
notas para ser boa mandaram Coração de Metal. Infelizmente Heavy Metal é a Lei
e Brasil Heavy Metal (tema do documentário que terá como tema a primeira fase
do metal no país), que contou com quase todos os integrantes das bandas no
palco finalizaram essa grande festa.
Sem palavras
Foi um espetáculo perfeito em todos os aspectos,
desde o controle dos horários, organização, performance das bandas e o mais
importante: excelente público, que mais do que encher a casa, participou de
cada música executada, sem preferência por banda X ou Y e isso mostra que a
cena underground pode sim dar a volta por cima.
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