As palavras acima
definem perfeitamente o enredo do clip de Son of Light, faixa de abertura de
Art of Killing, segundo álbum do quarteto de death/thrash Chaos Synopsis.
Apesar de falarem de serial killers no novo disco, o quarteto formado por Jairo
Vaz (baixo e voz), JP (guitarra), Marloni (guitarra) e Friggi Mad Beats
(bateria, também Attomica) fizeram algo diferente: dedicaram uma faixa do disco
para cada personagem. Todas embaladas por um ritmo caótico, pesado, denso e
extremo, que vai fazer a alegria de fãs de death e thrash metal.
Nessa entrevista
feita com o Jairo Vaz, o músico nos conta da criação, concepção do disco e até
de uma lição de casa que os headbangers devem fazer.
Confiram:
Por João Messias Jr.
Chaos Synopsis Divulgação |
NEW HORIZONS ZINE: A banda lançou em 2013 seu mais recente trabalho, o
álbum “Art of Killing”. O que estão achando da sua aceitação perante público e
mídia.
Jairo Vaz: A recepção de “Art of Killing” tem sido muito massa, as resenhas e os fãs
tem curtido muito a música e levado essa empolgação toda aos shows.
NHZ: Apesar de não serem os primeiros a escreverem sobre o tema Serial
killers, vocês fizeram algo interessante no qual falarei nas próximas linhas. Como
surgiu a ideia de usar esse tipo de assunto?
Jairo: Na época escrevi uma letra baseada no seriado Dexter, a música “Bay
Harbor Butcher” e a partir dai surgiu a ideia de tratarmos de um assunto só no
CD, mas de uma maneira onde fosse um personagem para cada música.
NHZ: Durante essa pesquisa, houve algum momento em que pensaram em
desistir do projeto por causa das insanidades dos personagens?
Jairo: Nunca! Sempre curti muito essa parte mais sombria do ser humano, além
de toda a investigação policial que houve nos casos, são assuntos que me
interessam muito quando em livros, no cinema e musicalmente.
NHZ: Após a pesquisa, como foi musicar as canções do disco. Deve ter
sido diferente criar canções para um projeto que obedece a um conceito. Como
foi a experiência?
Jairo: Na composição acabamos fazendo o contrário, fizemos todas as músicas e
dai fomos sentindo o clima de cada uma e vendo qual encaixaria melhor nas
letras, embora algumas já terem sido pensadas especificamente para o serial
killer em questão.
NHZ: Vocês dedicaram uma música para cada personagem. Por que resolveram
fazer neste formato?
Jairo: Achei que ficaria legal focar em várias pessoas diferentes, de lugares
e culturas diferentes, desse jeito a única possibilidade seria cada música
falar sobre um serial killer. Assim pude colocar também algumas informações no
encarte para o pessoal ficar mais por dentro de cada maníaco de “Art of
Killing”.
Art of Killing Divulgação |
NHZ: A abertura do disco é com “Son of Light”, dedicada ao brasileiro
Febronio Índio do Brasil. Por que escolheram essa faixa para abrir o disco?
Jairo: Além de a música ser totalmente Chaos Synopsis, rápida e com uma pegada
forte, era uma escolha interessante, abrir uma música com um tema sobre um
brasileiro, com refrão em português. Tanto o pessoal daqui do Brasil quanto os
gringos pegam bem com essa coisa do português.
NHZ: Essa faixa também foi o primeiro vídeo do trabalho, que possui
algumas imagens fortes. Estou perguntando isso, pois infelizmente temos no funk
mulheres seminuas e a censura não breca, mas como se trata de uma banda de
metal e não está na grande mídia, pode gerar problemas. Chegaram a ter algum
tipo de retaliação por isso?
Jairo: Até o momento ainda não, o Vinicius da CS Music Videos tomou o cuidado
de editar de uma maneira que mostrasse a cena, mas não aparecesse muito além,
que pudesse de alguma maneira censurar o vídeo. O resultado final ficou
excelente e mostra realmente o desespero de uma vítima de um maníaco.
NHZ: A capa é muito bonita, com uma imagem chocante e o bom uso das
cores cinza e vermelho. Quando comprei o CD com vocês, vi que colocaram um
slipcase. Houve algum problema para a venda e disponibilização do álbum por
causa da arte?
Jairo: Não tivemos problema, a ideia do slipcase foi para trazer um algo a
mais para o trabalho, e acho que ele faz muito bem essa parte, com todo aquele
sangue e só o logo da banda, mas ao abrir o CD é que vem a verdadeira face. É o
mesmo lance dos serial killers, olha-se de fora uma imagem, mas a imagem
interna é muito mais brutal e não são todos que conseguem aceitar o que veem.
NHZ: O disco está sendo distribuído pela Lab6 no Brasil. O que estão
achando do trabalho do selo?
Jairo: Excelente. O CD já está em sua segunda prensagem brasileira e devemos partir
pra terceira ainda esse ano, com a ajuda espetacular do LAB6 e o mestre Fabio
Zperandio (War Inferno, ex-Ophiolatry). Não posso deixar de citar também nosso
selo europeu, a Psycho Records que fez uma distribuição muito boa no velho
continente, com resenhas excelentes de vários locais do globo.
NHZ: O baterista Friggi Mad Beats também faz parte do Attomica. Como
fazer para que as agendas não entrem em conflito?
Jairo: Mantemos contato diariamente e temos uma agenda conjunta dos shows das
duas bandas. Além disso, já contamos com a ajuda do batera Leonardo Mancilha da
banda de death metal Rectal Collapse, um monstro das baquetas e que, caso tenhamos
conflitos de datas, toca tranquilamente todo o set do Chaos.
Chaos Synopsis Divulgação |
NHZ: Para encerrar, recentemente a banda Nervochaos lançou o box 17 Years of Chaos, em que sintetizam os dezessete anos de vida da banda, falando
das dificuldades, mudanças de formação, roubadas, entre outras coisas mais. Na
opinião de vocês, é necessário que os novos headbangers assistam esse tipo de
documentário para saberem como é realmente a vida de uma banda de metal no
Brasil?
Jairo: Tenho que falar, que DVD espetacular. Acho interessante todos assistirem
porque aquilo é uma lição de como ser perseverante com aquilo que se ama, ter
banda de metal extremo é ter muito amor, porque o rock é uma lasqueira só, mas
vale todo o esforço, porque ROCK é que faz o coração bater mais forte, a cabeça
balançar e a boca ficar cheia de cerveja.
NHZ: Muito obrigado
pela entrevista! Deixe uma mensagem aos leitores desta publicação.
Jairo: Rockeiros e rockeiras, obrigado pelas excelentes rodas que tem nos
proporcionado em cada show, nos divertimos demais trocando essa energia toda na
hora do show. Chaos Synopsis é isso, rock e diversão. Esperamos vê-los todos
pela estrada.
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