Edição comemorativa de retorno
do festival contou com as bandas Nervosa, Bioface, Capadocia, Multifário e Mad
Rider
Texto e fotos: João Messias Jr.
Mad Rider João Messias Jr. |
Quem viveu os anos 90 no ABC, sabe o valor que festivais como o Rock
in Rua possuem para os fãs de música pesada. Após um período inativo, o evento
comemorou no último domingo (26), um ano de retorno, apresentando ao público
bandas autorais e de covers de forma gratuita.
Essa edição foi um marco, pois quem comemorava não era apenas o
evento, mas um de seus organizadores, Carlos Frei, conhecido como Carlão, é um
dos caras que fizeram o festival retornar, ao lado da Prefeitura de Santo
André. E felizmente o Rock in Rua continua com a mesma proposta e com seu
animador, o tradicional Doutor Rock.
Essa edição contou com as bandas Mad Rider, Multifário, Capadocia,
Bioface e como atração principal, as thrashers da Nervosa. Devido às chuvas que
castigou o ABC, o evento foi transferido para a Craisa, local que recebeu
grandes shows de artistas como Raimundos, Inocentes, O Rappa, entre muitos outros.
Multifário João Messias Jr. |
Acabei chegando atrasado, por volta das 14h30, no meio do set da Mad
Rider. Para quem não sabe, é a antiga banda Salén, que hoje apresenta a
seguinte formação Alejandra Gutierrez (voz), Joe Pessoa (guitarra), Gustavo
Fassina (guitarra), André Estrada (baixo) e o baterista Marcel (Epaminondas),
que tocou nessa ocasião devido ao fato do titular Wanderley Gonzales estar
contundido.
O quinteto levou um set com
covers variados, que foram desde Cranberries, Black Sabbath e Deep Purple, cuja
versão para Mistreated encerrou o show. Uma banda que deveria pensar em gravar
material autoral.
Às 15h30, , o Multifário, cujo significado gira em torno de um som sem
rótulos, iniciou sua apresentação. Com um som moderno e com referências de
artistas como O Rappa, Planet Hemp, entre outros, o quinteto formado por Caio
Silva (bateria), Mailson Lean (baixo), Gabriel Rodrigues (guitarra), Eduardo
Viana (guitarra) e Rafael Rocha (voz) mesclou músicas próprias como Julgo,
Liberdade, Sorte Natural com versões para clássicos do pop nacional como Marvin
(Titãs), Pontes Indestrutíveis (Charlie Brown Jr.) e Homem Amarelo (O Rappa),
que encerrou o set. Repito o mesmo que fora dito para o primeiro grupo: devem
investir apenas em material autoral, pois musicalmente são competentes e
prontos para tal empreitada.
Capadocia João Messias Jr. |
A terceira banda da evento, o Capadocia fazia sua estreia nos palcos.
Surgido do antigo Retturn, o grupo conta com Baffo Neto (voz e guitarra), Marcio
Garcia (guitarra, ex-Postwar), Gustavo Tognetti (baixo, ex-Skin Culture) e
Palmer de Maria (bateria). Juntos fazem uma mistura explosiva do metal moderno
e old school, que agradará fãs de grupos como Ill Niño, Gojira, Lamb of God e
Sepultura. A apresentação teve como pontos altos a visceral Survival Instinct,
a grooveada Leaders in the Fog e o encerramento com Regret, uma das músicas
mais conhecidas do Retturn.
O talento individual dos integrantes é digno de nota. Desde os vocais,
que não são agressivos em demasia, riffs e solos que beiram o virtuosismo e a
condução de bateria, muito técnica. Uma banda pronta que quando lançarem seu
primeiro álbum o CD, arrebatarão muitos fãs com toda a certeza.
Bioface João Messias Jr. |
Já eram quase 19h, quando o Bioface subiu ao palco. Caminhando para 11
anos de estrada, o quarteto formado por Maikon Queiroz (bateria), Marco Aurélio
(baixo), Marcelo Antônio (guitarra) e Régis Carbéx (voz) fazem uma mistura de
metal e hardcore, que chama a atenção por focar mais no peso e na cadência, sem
pula-pula desnecessário. Com uma performance segura a banda mandou as
conhecidas Mente Alterada, Hierarquia e Aborto. Mas foi com Ninho de Cobra, que
graças aos riffs pesadíssimos que botou fogo no local. Antes de levarem a videoclíptica Corrosão, outro carro-chefe
dos caras, citaram a grande perda que o rock nacional teve, com a morte do
guitarrista Helcio Aguirra (Golpe de Estado). En Theos foi dedicada ao
aniversariante do dia e Reagir encerrou a apresentação que deu a impressão de
ter passado rapidamente.
Nervosa João Messias Jr. |
Com um rápido intervalo, às 19h50, a Nervosa iniciou seu set. Fernanda
Lira (baixo e voz), Prika Amaral (guitarra e backings) e Pitchú Ferraz
(bateria) mostraram o porquê de serem um dos grandes nomes do thrash nacional,
pois suas canções apresentam peso, rispidez e cadência, tudo com uma excelente
postura de palco de suas integrantes, o que foi comprovado logo nas primeiras
faixas Time of Death e Invisible Oppression.
Chama a atenção a condução da
baterista Pitchú Ferraz, pois massacra as peles da bateria e os vocais de Fernanda,
que soam como uma mescla de Mille Petrozza (Kreator) e a saudosa Wendy Williams
e a postura “solitária” de Prika, que lembra o também finado Jeff Hannemann
(Slayer), mas que destila riffs e solos em profusão, além de backing pontuais.
Embora Into Mosh Pit tenha chacoalhado muitas cabeças e Wake Up And
Fight mostrou ser dona de um groove animal, foi em Morbid Courage o ponto alto do show. A vocalista mandou o
público se dividir em duas pontas e assim teve início a degladiação, digna dos
shows do estilo. Urânio em Nós e Masked
Betrayer, conhecida por seu videoclipe e passagens crossover deu final a mais
uma edição do Rock in Rua. Um belo show,
que mostrou mais uma vez a competência da banda, que está prestes a lançar seu
primeiro álbum full, Victim of Yourself.
Mais uma bela noite com muito rock, casa cheia e esperamos que este
seja apenas o primeiro aniversário da retomada do projeto, pois os headbangers e quem trabalha pela cena do ABC merecem eventos como este.
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